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Quando faço a curva na parte da caverna em que Sander costuma desaparecer, passo por um pequeno túnel e me surpreendo ao logo depois me deparar com

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Quando faço a curva na parte da caverna em que Sander costuma desaparecer, passo por um pequeno túnel e me surpreendo ao logo depois me deparar com... a floresta.

O canto dos pássaros, a luz do sol, o solo coberto de folhagem, as cores vibrantes das árvores. Estamos, de fato, na floresta de Tibbutz.

Doutor Salz não estava brincando quando disse que não era impossível sair.

Ouço o estalar de um graveto e localizo meu objetivo logo à frente.

— Sander — grito, de forma forçosamente amigável, enquanto já disparo numa corrida até ele. — Espera.

Ele olha para trás e, conforme me aproximo, revira os olhos.

— Ótimo, era só o que me faltava.

— Sabe essa sua nova personalidade negativa e resmungona? — pergunto, já caminhando ao seu lado. — Não combina. Acho que prefiro aquele Sander que sempre tinha um sorriso estúpido na cara.

Aquele Sander...— ele murmura entredentes. — Tinha um sentido na vida. Tinha um plano. Até que veio alguém e estragou tudo.

— Um belo de um plano — retruco, ironicamente. — Qual era o passo seguinte? Genocídio em massa? — provoco.

— Nós poderíamos tê-la salvado! — Sander explode, se voltando para mim e agarrando nos meus ombros, os olhos arregalados e cheios de desespero. — Se você tivesse apenas confiado em mim.

A ideia de confiar em alguém que quebra perna de garotinhas é tão surreal que, por um instante, nem sei o que responder. Apenas fecho ainda mais o semblante.

Eu poderia tê-la salvado — respondo rispidamente, me desvencilhando de seu toque. — E ainda vou salvá-la.

— Que o Destino não permita que algum dia eu dependa de você para salvar minha vida — revida, retomando a caminhada.

— Não mesmo, porque eu provavelmente não salvaria. — Dou uma risada falsa e depois silencio. Não teve a menor graça porque é a mais pura verdade.

Caminhamos mais alguns minutos em silêncio, até que percebo que o terreno está chegando ao fim, abrindo espaço para um declive abrupto, uma imensidão profunda e imensurável.

O que estamos fazendo aqui? Por que Sander me levaria para perto de um barranco?

Instintivamente, paraliso e dou dois passos para trás assim que avisto a beirada. Sander percebe minha hesitação e começa a me observar com um olhar estranho, os cantos da sua boca quase se erguendo com o antigo sorriso.

— Qual é o problema, docinho? — Ele se aproxima da encosta e chuta alguns pedregulhos para baixo. — Está com medo de quê?

De pessoas que não têm escrúpulos para empurrar outras do alto. Só disso.

HUMANO [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora