5 Jacob

1.6K 259 13
                                    

Quando deixamos aquela sala, estávamos completamente fora de órbita. Ver nosso pai ali, na nossa frente, dizendo o quão orgulhoso ele estava de nós, com seus olhos transbordando de uma emoção que não conseguiríamos esquecer tão cedo. Jace estava tão ou mais mortificado do que eu. Sentia a ponta de meus dedos formigarem, havia um nó na garganta, impedindo-me de falar qualquer coisa; sentia que a qualquer momento minha alma escorreria por meus olhos.



_venham! - o andarilho abriu uma porta em nossa frente, dando espaço para passarmos - precisam de um tempo para assimilar tudo o que aconteceu!



Assim que entramos, nos deparamos com uma cozinha, muito luxuosa, e a julgar pelos eletrodomésticos e o desing do recinto, a mesma pertencia ao nosso tempo. Ele pôs na mesa três copos, agua, vinho, uísque, alguns sanduiches frios e licor de fada, o cheiro se espalhou pela cozinha, nos deixando inebriados.



_fiquem a vontade, estou esperando Arthur, nesse momento, nós temos tempo! - falou por fim, tirando seu casaco, seu colete, e só então notei a variedade de facas e adagas, punhais, laminas e toda espécie de armas brancas, que ele carregava consigo.



_pra que tudo isso? - Jace perguntou, olhando-o malmente.



_para me prevenir! - explicou - há muitas coisas naqueles corredores, muitas ameaças, toda sorte de coisas místicas que consomem a alma dos viajantes, não é a toa que impedimos a todo custo, os avanços da ciência nos estudos sobre viagem no tempo!



_quanto mais você fala, mais eu me sinto ingênuo e leigo! - meu irmão murmurou servindo-se de vinho e bebendo sua taça de uma vez.



_isso é relativo... - nosso misterioso aliado falou, nos pegando de surpresa, ao tirar a mascara que cobria parcialmente seu rosto, revelando-o a nós.



Possuía cabelos negros curtos e repicados com um pequeno topete, olhos de gato platinados, uma barba rala e por fazer. Sua pele era branca como o leite, e sua estrutura muscular era surreal, suas veias apareciam parcialmente por quase toro seu corpo, o liquido que corria ali era negro, sem duvidas. Ele virou-se para a bancada colocando sua mascara ali, mostrando-nos sua costa, que carregava uma fênix, que cobria toda sua extensão com as asas abertas, parecia estar viva e queimando em chamas negras. Quando ele voltou-se para nós, sem as luvas, suas mãos possuíam um circulo de conjuro em cada palma da mão, um de troca equivalente o outro de invocação, em seu pulso esquerdo estava um uroboro, um dragão em forma de infinito mordendo a própria cauda, a própria representação da eternidade, simbolizando também o ciclo da evolução voltando para si mesmo.



_este símbolo é perigoso... - falei ganhando sua atenção - geralmente quem possui essa marca, costuma ser um servo do mal...



_não sou servo de ninguém! - rebateu prontamente, enquanto aproximava-se da mesa - preciso fazer uma invocação, peço que não deixem a casa, somente ela esta protegida!



_onde estamos? - perguntei olhando pela janela e não vendo nada.



_no limbo! - falou por fim, virando-se e partindo em seguida.



Ainda estava um pouco estagnado com tudo que tinha acontecido. As memorias da infância vinham simultaneamente e traziam consigo um turbilhão de emoções, nosso pai era atencioso, amoroso, sempre estava conosco em qualquer momento, não faltava em nenhuma reunião da escola, nos levava ao parque todos os finais de semana, ao circo, quando este vinha a cidade. Entupia-nos de pipoca, algodão doce, brinquedos e toda sorte de coisas que as outras crianças tinham na época; porém ele também era rígido, nos passava lições de alquimia e exigia de nós total empenho, 100% de comprometimento.

Irmãos Collins - Série IMORTAIS - Livro 4Where stories live. Discover now