— Desculpem-nos pelo atraso — pediu Oreki com ar concentrado. — Encontrei Kayla-san no caminho.

A postura de liderança que o vocalista assumiu ante o grupo a fez estudar sua expressão profissional, admirada por sua aparente maturidade. Com um gesto confiante, Oreki indicou-a dando-lhe a palavra. Ela sorriu com gentileza ao encarar os rostos curiosos dos outros membros do Sumire e pronunciar sincera:

— Agradeço a oportunidade de conhecê-los. — Após uma mesura respeitosa, sua atenção fixou-se no vocalista outra vez. — Oreki-san foi polido em desculpar-se, porque sou a responsável pelo seu atraso. — Kayla ignorou o pigarro reprovador de Soji e explicou com certa timidez: — Acabei me perdendo enquanto seguia meu empresário.

Um dos rapazes do Sumire sorriu amigável em resposta, e Kayla não pôde deixar de notar suas covinhas adoráveis. Ele tinha uma aparência interessante com os cabelos pretos compridos amarrados em um laço alto. Fios repicados caíam em desalinho sobre a face, que ostentava uma expressão grave apesar da gentileza de seu sorriso.

— Não se preocupe. — Seu tom educado pareceu preencher toda a sala, acalmando o coração descompassado dela. — O importante é que estamos todos aqui. Sou Kyohei, o baterista. Estes são Daisuke, o baixista, e Satoshi, nosso guitarrista solo. — Indicou os companheiros. — Aparentemente, você também conheceu o Jaoki. — Ela assentiu suavemente. — Aquele senhor é Tatsura-san, nosso advogado, e ao seu lado está Fukushima-san, nosso empresário na MacKen — comentou referindo-se aos demais presentes, em sequência.

Com estas palavras, após um cumprimento solene, acomodaram-se em seus devidos lugares. As mãos dela estavam trêmulas pela expectativa quando as negociações se iniciaram, por isso ela as escondeu em seu colo. Em curtos intervalos, Kayla encarava discretamente Oreki à espera do momento em que o ouviria revelar sua confissão.

O momento não vinha. E o advogado do Sumire, o senhor de aparência carrancuda, já dizia as condições para que ela fosse aceita àquela oportunidade. Seu coração oprimia-se em um desespero mudo, manifestando rebeldia por sua culpa em se omitir.

Não tardou para que compreendesse que, se Oreki não revelasse o que sabia, ela não seria capaz de seguir em frente. Não poderia aceitar uma chance tão importante construída sobre uma farsa!

— Vimos o currículo de Kayla-san e apreciamos seu perfil como modelo. — A ruiva suspirou, era impossível sentir-se lisonjeada naquele momento. — Ela parece capacitada para promover a nova linha feminina dos produtos Sumire, a ser lançada como celebração pela primeira década da banda.

Kayla, sentindo-se congelada, pôde vislumbrar a careca de Soji anuindo fervorosamente. Não conseguia sequer fingir concordar. Cerrou os punhos para conter o impulso de confessar sua fragilidade, de concretizar seu plano sobre sua verdadeira imagem pessoal, mas os pensamentos culpados a condenavam.

— Imagino que Kayla-san conheça devidamente a carreira e a história de Sumire. — A frase soou afirmativa, como se o advogado não tivesse dúvidas! Ele sequer questionava sua idoneidade.

Ela franziu o cenho, compreendendo que seu limite chegara ao fim.

— Está errado. — Sua voz melodiosa era convicta e sua expressão, determinada.

— O quê? — questionou o senhor Tatsura, aturdido.

Kayla pôde notar ter atraído o olhar atônito dos presentes. Sumire, uma das maiores bandas japonesas do momento, parecia não entender sua interrupção.

Oreki era o único com suas emoções sob controle.

— O que ela quer dizer é que não conhece toda a carreira do Sumire, devido à sua origem ocidental. — Soji reatou como seu empresário, lançando à ruiva um olhar ameaçador. — Não é, Kayla?

A Garota DelesWhere stories live. Discover now