Meu pai não era um bêbado violento e nem nada parecido, mas isso prejudicava demais seu trabalho e chegou uma hora que ele teve que escolher. Bem, minha mãe fez ele escolher, fez ele ver. Ela realmente o ajudou nisso, e tenho certeza que foi por nós que ele viu o quanto aquilo era ruim para ele e parou. Segundo minha mãe, foi um longo caminho até ele não por uma gota de álcool sequer, na boca. Demorado mas realizado. Meu pai não bebe nem nos finais de ano e tenho muito orgulho dele por isso. Sei que ele está ciente do quanto bem lhe fez parar com isso à tempo, e o orgulho só cresce em mim por isso.

Ainda olhando para o meu copo, dúvidas aparecem na minha cabeça e bagunçam meus pensamentos. Eu sei que tenho receio a bebidas alcoólicas, e é simplesmente porque tenho medo de virar uma pessoa dependente. Pode parecer ligeiramente idiota mas é provável.

Mas também não é como se eu fosse sair daqui bebendo todo os dias como uma maluca, dependente. Só é.... Receio. Eu acho.

- Vai lá, Bella. É só uma noite e você não vai virar uma viciada por isso. - Mary diz, como se pudesse ler meus pensamentos.

Respiro fundo, e olho para ela. Seus olhos estão mais escurecidos do que antes e o seu copo já está pela metade quando olho. Ela de qualquer forma, já deve ser mais acostumada com essas coisas.

- É errado, eu sei. Mas você precisa pelo menos experimentar, se não gostar da sensação, não tome mais. - ela propõe e suspiro, assentindo em concordância em seguida.

Meus dedos estão em volta do copo vermelho, onde o líquido incolor se encontra. O cheiro é forte quando levo para perto dos meus lábios, só para cheirar mais uma vez.

- Apenas vire - ela instrui e assinto antes do líquido ardente descer queimando minha garganta.

Fecho meus olhos por um momento até o líquido descer pela minha garganta e abano a cabeça repetidamente como se pudesse fazer passar a ardência. Mary ri e bebe sua bebida enquanto me olha, piscando um olho. Sorrio um pouco atordoada, e abano a cabeça antes de tomar mais um gole. A mesma ardência passa pela minha garganta mas já é melhor do que a primeira vez. Não é tão ruim assim, de alguma forma, isso me deixou mais relaxada. Em minutos entre tomar pequenos goles e observar as pessoas da festa, tomei o copo inteiro e me senti surpreendentemente animada com a sensação.

Posso sentir o calor no meu rosto, e o álcool em minhas veias. Não é tão ruim como eu pensava. Quando Mary vê meu copo vazio, me puxa pela mão, passando comigo pelo o meio das pessoas. Todas pareciam distraídas demais para perceber a nossa existência. Exceto alguns meninos no topo da escada que estavam rindo de tudo e de todos como idiotas. Mas Mary mandou o seu dedo do meio assim que eles começaram a assobiar quando passamos. Eles evidentemente já beberam demais, e isso obviamente aprofunda a necessidade deles em serem idiotas.

Mary parou outro menino desconhecido, agora loiro, com um topetinho e olhos escuros, pedindo provavelmente mais bebida. Cruzei os braços enquanto ela falava com ele. Mais à frente vi uma porta dupla aberta, vejo movimento de pessoas lá e me pergunto se está mais vazia do que aqui. Aquela pequena quantidade de álcool não mudou minha opinião sobre a festa ainda.

Tudo está instável. Ainda não acho o melhor lugar do mundo, mas também não o pior. Mary em segundos me deu outro copo vermelho e sorriu antes de avisar que iria dançar um pouco com o menino que lhe deu a bebida. Assenti, mesmo que a última coisa que quisesse nesse momento fosse ficar sozinha em uma festa.

Quando olhei em volta, não vi nenhum rosto conhecido e queria mesmo que a Ally e a Emma já estivessem aqui. Sem pensar, retirei meu celular da pequena bolsa que trouxe e tentei ligar para alguma delas. Estou começando a pensar que elas não vão vir. Antes que eu pudesse clicar no nome da Ally, alguém trombou em mim, e rapidamente meu copo foi ao chão mas felizmente não me molhou e acho que ninguém se importou com isso.

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