#12- Liberdade, doce liberdade.

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Na primeira vez que retornei a capital, encontrei uma senhora sentada no mesmo parque que meses antes tinha feito o piquenique com a Frida, ela estava com olhar triste, algumas lágrimas secas em seu rosto, ao seu lado uma pequena garota de seis anos. Não sou a pessoa mais piedosa do mundo, mas sei reconhecer quando alguém pode servir a um algo que me favoreça então me aproximei dela, e lhe perguntei porque estava daquela forma. E ela me contou sua história, que basicamente era que fora casada com um pequeno comerciante, que morreu em uma viagem, deixando muitas dívidas, e assim ela e a filha se viram na rua da amargura, sem ter onde morar, pois o banco tomou a casa que tinham, e ali estava ela. Eu lhe disse que Deus havia enviado ela até aquele parque, e que eu poderia ser seu anjo da guarda, em seguida a convidei para tomar um lanche comigo, no começa ela ficou reticente, por desconfiança, mas não tendo nada a perder, aceitou, era claro que ela e a filha estavam famintas. Eu a levei até o pequeno café, onde pouco antes eu tinha estado, e deixado um novo nome, e uma localização onde poderia ser encontrado. E também tinha feito uma proposta de compra do local, ao que o dono disse que teria que conversar com seu filho, e que eu voltasse algumas horas depois. A princípio eu iria me arriscar e deixar o local em meu nome, mas diante da providência de encontrar um ser desesperado no parque, eu já tinha a saída perfeita, e ela seria a dona do local. Quando entramos no local, o homem atrás do balcão abriu um sorriso, e eu soube que ele iria aceitar a generosa proposta que eu havia feito. Sentamos em uma das muitas mesas vazias, e ele veio nos atender, como cortesia ofereceu tudo que elas puderam aguentar comer. E depois expliquei para a mulher o que queria dela. Eu lhe daria aquele café, um presente que viria com algumas exigências. A primeira era que ela deixaria a lista continuar na primeira mesa, expliquei para ela do que se tratava, e ela pareceu um pouco chocada, mas suavizou quando lhe disse que não implicaria nada com ela, pois os antigos donos nunca tiveram qualquer problema com isso. A segunda exigência era que ela nunca poderia mencionar a ninguém que eu havia lhe dado o lugar, para todos os efeitos ela tinha comprado com um prêmio ganho na loteria. A terceira era que ela teria que cuidar bem do local, e essa vinha com um bônus, pois eu financiaria a reforma que ela desejasse, para tomar o lugar mais chamativo, e menos sombrio. Sem qualquer outra perspectiva de saída, ela aceitou a minha boa vontade. Era isso, ou continuar morando nas ruas com a filha pequena. A única ressalva que ela fez foi que não queria que as moças de vida fácil se reunissem ali para dividir os clientes, uma delas iria pegar a lista, e levaria para um lugar onde pudessem fazer tal tarefa. Fechamos o negócio com o homem, e depois de uma pequena reforma, o lugar ficou muito apresentável, novos clientes passaram a frequentar o charmoso café próximo ao parque, o que foi ótimo, e levantava menos suspeitas sobre os rapazes que entravam no lugar para fazer uso da lista. E foi assim que duas vezes a cada mês, eu retornava ali para colocar um nome na lista, e uma localização, antes de experimentar uma das receitas da Dona Conceição, e ouvir uma história de sua filha, sobre a escola e seus amiguinhos. Eu não sei se ela desconfiava que eu fizesse uso da lista, mas nunca chegou a me questionar sobre isso, mas é certo que ela achava que eu tinha uma ligação com isso.

Eu tinha encontrado o meio perfeito de encontrar pessoas que satisfizesse meus parâmetros para supostas vítimas, e ninguém poderia se interpor entre mim e elas. Um dia a coisa ia acabar, quando as prostitutas achassem que a lista havia se tornado um perigo, mas até lá meu investimento teria valido muito a pena.

Uma semana antes após nossa casa ficar pronta, novamente fui a capital, e passei pelo café, onde prontamente a pequena Bernadete, correu para mim, já trazendo a soda que era sempre meu único pedido ali. Ela havia adquirido o costume de me chamar de Floren, e apesar de no inicio eu estranhar, e até não gostar, acabei me acostumando com isso, assim como com o modo sempre alegre da criança. Eu quase nunca me apegava verdadeiramente a pessoas, mas me deixei aproximar da pequena garota, mesmo sem saber muito bem o porquê. Dona Teresa tinha mudado um pouco o sistema de localização da lista, de modo que os rapazes pudessem preenchê-la, sem que ela tomasse conhecimento disso. Agora ela ficava no vestíbulo, entre a porta de entrada, e a porta que dava acesso ao salão, assim segundo ela, a privacidade que em fazia uso daquilo ficava resguardada, e ela e seus clientes não tinham qualquer acesso. Acho que a apenas os rapazes que sabiam o significado da pasta dourada na pequena mesinha no vestíbulo davam alguma importância ela, para os outros passava totalmente despercebido, como se fosse um objeto de decoração largado ali. Eu não tinha ido até a cidade para tomar soda, e rever a pequena Bernadete, mas para colocar novamente um nome falso, e uma localização na lista. Desta vez usei o nome Henkel, e pedi para ser encontrado no mercado municipal, como observação eu coloquei que estaria um carro preto na terceira vaga do estacionamento público.

Histórias do Chalé - Relatos de Um Sádico [Completa]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora