Troca de Favores

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Eu devia ter nascido homem! Uma dama não podia se descontrolar assim. Todo o meu juízo devia estar em algum lugar na Califórnia, tirando férias e tomando um bronzeado. Não havia outra explicação.
Richard ficou tão surpreso quanto eu, quando firmei meus calcanhares e me arremessei em direção a ele, tal como uma rolha de champanhe.
Ele me segurou automaticamente. E dando mais uma investida eu segurei seu rosto e o beijei. Esperava que ele me afastasse e em seguida ficasse furioso, mas não.
Richard me apertou, como se a qualquer momento o mundo fosse desaparecer. O sofá parecia tão pequeno!
Ele me puxou e logo estava em cima de mim. Uma perna dobrada de cada lado da minha coxa. Seus beijos trilharam um caminho delicioso de meu rosto até meu pescoço. E então ele tirou o cabelo da minha testa e ficou me olhando. Senti como se eu fosse um quadro raro que ele, um artista extraordinário, procurava entender. Minhas bochechas deveriam corar de vergonha. Esperei por isso, mas não aconteceu.
Eu realmente sentia que estava quente, porém aquilo nada tinha a ver com constrangimento.
Por quê ele não parava de me olhar? Eu queria mais dele. Tão mais!
Puxei sua gravata e novamente nossas bocas se uniram. Sabe-se-lá como acabamos no carpete. Suas mãos estavam em todos os lugares em baixo da blusa do meu pijama. Ok, eu tinha limites.
Me afastei dele, muito, muito relutante. Eu ofegava descontroladamente. Sua perna enganchada em minha coxa.
- Um belo beijo ao som de Minions. Isso é tão pouco original - Ele não ria, mas seus olhos eram divertidos.
Tentei me levantar e minha cabeça acabou indo de encontro à mesinha de vidro. A dor latejante me deixou tonta.
- Aí!
- Você sempre estraga as coisas com essa sua falta de inteligência. - Bom... Lá estava ele sendo um babaca.
E lá estava ele me chamando de burra. De novo.
Esfreguei minha testa que ainda doía.
- Obrigada por se preocupar em perguntar se estou bem. - Falei ríspida.
- Você está acordada, está tagarelando e está sendo irritante. De acordo com meu diagnóstico está tudo perfeitamente bem. - Por quê ele estava sendo idiota novamente!? Santo Deus!
E depois ainda dizia que eu quem estragava as coisas!
- Você me chamou de burra! - Acusei ofendida.
- Isso já faz um tempão. Quanto rancor! - Falou ironicamente. Eu ia quebrar a cara dele.
- Faz dez segundos!
- Estava contando? - Ah não! - Olha, quem me beijou aqui foi você, e agora está toda bravinha comigo sem nenhum motivo justificável.
Eu estava brava? Elee que estava sendo um filho da mãe!
Joguei a cabeça pra trás. Eu pretendia rir secamente, mas... acabei, de novo, batendo na porcaria da mesa. Richard caiu na gargalhada.
- Desisto de tentar te salvar, Drayton.
Aaah! Ele se achava o príncipe no cavalo branco, não era? Eu o faria cair desse cavalinho ai.
- Eu juro que vou cometer um assassinato se você não parar de rir - Em 1,2,3... Respirei fundo.
Minha fúria só o motivou mais.
Me atirei sobre ele. Ele caiu de costas e transferi toda a minha raiva para seu peito, entre socos e mais socos. Bom... ele não tinha parado de rir.
-Você pode fazer melhor do que isso, Drayton - Ele NÃO estava ajudando a me acalmar.
- Idiota.- Um murro- Arrogante.- Outro murro- Filho.da.mãe! - Mais três. - Eu vou...
Suas mãos prenderam meus pulsos e ele conseguiu me colocar contra o chão.
- Se continuar gritando, igual uma doida, vai acordar sua mãe. E como vai explicar isso pra ela, hein? - Fiz cara feia.
- Me.Solta! - Falei entre dentes
Suas mãos se afrouxaram.
- Não estou machucando. Vou soltar quando tiver certeza que não corro perigo de ser atacado por seus dedinhos finos. Não costumo gostar de cócegas.
Ele ainda estava debochando de mim! Aposto que meus socos doeram mais do que demonstrava.
Seis segundos se passaram quando ele me soltou.
- Aprecie a liberdade, passarinho.
Eu ainda continuava no chão. humilhada e com raiva. A vergonha queimava em minha pele.
Eu tinha beijado aquele idiota. EU tinha beijado!
- Saia daqui. Antes que eu não me responsabilize pelos meus atos e acabe te dando um tiro.
Revirou os olhos.
- Boa sorte na tentativa.
Mas diferente do que pensei que faria, ele saiu. Me deixando sozinha com meus pensamentos e minha cabeça latejante. Maldita mesinha!

Inverno Em Saturno Where stories live. Discover now