Capítulo 7 - W

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Nora coloca uma caneca de chá nas mãos de Ely. A sobrinha levanta a cabeça e agradece, sorrindo. Don e Harry estão sentados no chão, enquanto Nora se junta a Owen no outro sofá. Ely parece exausta e bebe um gole do chá, mesmo estando quente, com uma vontade e quem parecer não beber algo como um chá há muito tempo.

- Faz muito tempo, não é ? - pergunta Owen.

Ely levanta a cabeça, e Owen faz sinal para a xícara.

- Eu até tinha esquecido como é bom. - diz, sorrindo.

Nora também sorri.

- Assim como eu esqueci de muita coisa. - diz, olhando para Nora. - Houve um acidente, tia.

- Acidente ? - questiona, Nora.

- Sim. Estávamos descendo pelo litoral. Meu pai, eu e mamãe.

- Marie... - fala, Nora, já com os olhos cheios de água.

- Eu estava do lado do meu pai, que dirigia. Minha mãe atrás, dizendo que devíamos ir até Atlanta, tentar fazer contato com a senhora, tia. E papai dizendo que tínhamos que ficar perto do litoral, querendo ir para Flórida. Os dois pareciam discutir, mas papai sempre dizendo que estava pensando em nós. E mamãe calava. Por que ela só estava pensando em te reencontrar, tia. E ela estava certa. Passamos por um cruzamento... - ela, para.

- Ely, não precisa continuar... - diz, Nora.

- É Ely... - diz, Harry, levantando uma cutucada de Don, e respondendo com uma cara feia.

- Deixa eu continuar, por favor... Eu nunca falei disso com ninguém ! - diz, vendo Nora se sentar do lado e abraça-la. - Não vimos, meu pai sorria, e um caminhão imenso surgiu. Eu arregalei os olhos, mas quando ele olhou, o caminhão arrastou a gente por uns 100 metros. - diz, chorando mundo.

Nora a abraça, e Owen leva as mãos à cabeça. A xícara treme diante do olhar de Nora, e ela tira a xícara da mão de Ely, entregando para Harry, que a coloca em cima da mesa de centro, da maneira mais rápida que consegue. Uma mesinha de madeira maciça, rústica, apoiada sobre dois pés de vidro.

- Era sangue para todo lado... - continua.

- Ely, não precisa...

- Por favor... - também pede Owen.

- Eu só lembro de acordar sendo arrastada para fora do carro. Vi mamãe dentro dele. Desacordada, morta, não sei... - diz, chorando.

- E tio Felt ? - questiona, Don, choroso.

- Morto. - fala.

O silêncio rege cada segundo depois do que Ely contou. Harry coloca a mão no rosto para que ninguém o veja chorar, e Don passa o braço por cima do ombro do irmão, e o consola.

- Eu queria tanto vê-la. - diz, Nora. - Mas já que ela não pode mais estar aqui... Eu preciso de você, Ely.

Ely olha para a tia.

- Preciso de você. Da sua força. Você resistiu. Atravessou o estado. Sofreu. E conseguiu nos encontrar por algum motivo. Preciso... Ou melhor - diz, olhando para os outros - precisamos de você. - diz, encarando a sobrinha nos olhos.

Os Exilados de WoodburyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora