Capítulo 9 - Desaparecido

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A mãe de Tomás abre a porta e se assusta ao ver Alex em sua casa tão cedo.

― Bom dia dona Luzia! Tomás ainda não acordou?

Ela esfrega os olhos com as mãos e sorri.

― Alex, meu filho, ainda está muito cedo. O que aconteceu?

― Ah! Me desculpe, eu acordei a senhora...

― Não tem problema ― interrompeu-o. ― Vá acordar seu amigo enquanto faço um café para vocês.

― Obrigado. Combinamos de estudar um pouco hoje de manhã antes da aula.

― Tudo bem. Mas você sabe como Tomás tem o sono pesado.

Alex olha para dona Luzia indo até a cozinha e depois segue até o quarto de Tomás. Abre a porta e vai direto até a escrivaninha, mas não vê o celular. Não pode demorar, então olha rapidamente por todo o quarto.

― Merda! ― Diz entredentes!

Abre uma gaveta da mesa do computador e vê uma foto de Tomás ao lado do Sr. Otávio. Sente vontade rasgá-la, mas sabe que não é hora para isso.

Alex chega perto de Luzia e diz naturalmente.

― Ele não está no quarto.

Ela se assusta.

― Tem certeza?

Não. Ele é tão minúsculo que pode se esconder até dentro do sapato. Claro que tenho certeza, sua velha tonta, eu o matei, ele pensa.

― Vai ver ele saiu.

Ela vai até o quarto dele e vê a cama desarrumada, depois volta e vai até onde ele guarda a bicicleta.

― Ele saiu mesmo. Será onde foi tão cedo? Talvez na sua casa.

― Deve ter ido comprar pão. Vou esperar mais um pouco.

Manoel, o pai de Tomás aparece na sala com os cabelos brancos arrepiados e de pijama.

― O que está acontecendo?

― Eu vim estudar com o Tomás, mas parece que ele saiu.

Manoel olha para sua esposa e depois diz:

― Liga pra ele.

Alex pega o celular no bolso e liga imediatamente. Tem esperança de ouvir o toque, mas o que ouve é uma mensagem dizendo que está fora de área ou desligado.

― Bem, eu vou pra casa. Assim que ele aparecer pede para ele me ligar e diz que comi o bolo que ele me deu.

Manoel não entendeu a piada.

― Que bolo?

― Acorda Manoel, Alex está fazendo piada porque Tomás marcou de estudarem juntos hoje de manhã e furou com ele.

Manoel dá de ombros e segue rumo ao banheiro.

Alex se despede deles e sai. Ao chegar no portão vê dois carros de polícias passando com as sirenes ligadas e logo atrás uma ambulância.

Ele pega a bicicleta e sai. Com certeza encontraram os corpos. Daqui a pouco a notícia se espalha como praga pela cidade.

Entra em casa e se depara com sua mãe descendo a escada.

― Onde você estava?

― Marquei de estudar hoje de manhã com Tomás, mas ele não estava em casa.

― Como assim? Pra onde ele foi?

― Não sei. Liguei pra ele, mas deu caixa de mensagem.

Nice olha para Alex e procura interpretar a expressão dele, quer ver além daqueles olhos e ir fundo na mente dele, mas não tem o dom da ciência para desvendar todos os mistérios que o cercam.

― Vou fazer o café pra você.

― Por que não faz um suco de laranja pra mim? Está um calor infernal esta manhã.

Ela hesita um pouco e depois segue para a cozinha. Pega umas laranjas na cesta de frutas e coloca sobre a pia. Depois abre uma gaveta do armário para pegar uma faca. Não encontra a que ela queria. Revira a gaveta toda e nada.

― Você pegou alguma faca aqui, Alex?

Ele chega até a cozinha e olha nos olhos dela.

― Peguei. Emprestei para o Tomás ontem.

Ela franze a testa. Não sabe se acredita nele.

― Faca não é coisa de emprestar, meu filho. É uma arma. Você sabe disso.

Ele dá uma gargalhada.

― Relaxa! Tomás não vai fazer nada de errado com sua preciosa faca. Ele é da paz.

= // =

A notícia se espalhou rapidamente pela cidade.

Mauro em sua caminhada matinal encontra no bosque o corpo de Gil com a faca cravada em seu peito e um corte na lateral de seu pescoço. Liga para a polícia imediatamente. Tão logo eles chegam isolam a área e começam a procurar pistas. Encontram o celular de Tomás em meio às folhas secas no chão.

As imagens do corpo do Gil se espalham pela internet com um vírus. Alguns deletam antes de abrir, outros ficam examinando atentamente e admirando as fotos.

― Odeio que me mandem este tipo de coisa ― protesta Sara. ― Acho um absurdo, uma falta de respeito com a vítima, com a família...

― Foi seu pai quem espalhou isto ― diz Mateus. ― Não sei por que está tão nervosa. Esse sujeito era estranho e bisbilhoteiro. Tomás fez a coisa certa.

― Como assim, Tomás fez a coisa certa? ― Indaga Alex com um certo desconforto. Ele sabe que foi Tomás mesmo, mas a iniciativa foi sua, portanto o mérito deve ser seu e não do amigo falecido, quer dizer, desaparecido.

― Você duvida que foi ele? Por que fugiu então?

― E quem disse que ele fugiu? Ele pode estar morto também ― intervém Rebeca. ― Acha que ele deixaria o celular na cena do crime?

Conto com você, papaiWhere stories live. Discover now