Capítulo 8 - Adeus, meu amigo!

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Os relâmpagos iluminam a janela do quarto. Os trovões ribombam no céu, mas nada de chuva.

Alex se levanta e olha as horas: 01:30.

Tira o pijama e veste uma bermuda jeans e uma camiseta de manga. Abaixa e pega um par de tênis debaixo da cama e enfia nos pés sem meia.

Antes de descer a escada vai até o quarto dos pais e escuta atrás da porta. Não houve nenhum barulho estranho. Ele afasta devagar e apaga sem querer a luz do corredor. Desce a escada lentamente, vai até a cozinha e pega a faca mais afiada que encontra.

Segue de bicicleta rumo ao bosque. A rua está totalmente deserta. Os bares todos fechados.

Ele pedala agitado e assim que entra no bosque, pega o celular e liga para Tomás.

― Por favor, eu preciso de você agora. Estou no bosque.

― O que foi?

― Vem agora, cara! Agora!

E desliga o telefone.

Alex se encosta em uma árvore e fecha os olhos por um instante. Ouve passos sobre as folhas secas, mas com certeza não seria Tomás. Deve ser algum casal de namorados.

Ele se escode atrás da árvore e fica à espera. Um vulto se aproxima dele e fica olhando para os lados, até ver sua bicicleta encostada jogada no chão. De repente um relâmpago rasga o céu e ilumina tudo, então ele reconhece o vulto e não entende o que ele faz ali.

Alex pensa em surpreendê-lo, mas prefere se esconder. Daqui a pouco ele vai embora, Tomás chega e então ele poderá executar o serviço tranquilamente, mas Gil para diante da bicicleta e fica esperando. Abaixa e pega um pedaço de pau quando ouve um barulho.

Um tatu passa correndo perto dele e segue mata adentro. Ele dá um pulo para trás.

Alex observa tudo e permanece imóvel.

Minutos depois ele ouve o barulho da bicicleta de Tomás. Ele chega rápido. Gil se assusta e corre em direção a Alex. Este permanece atrás da árvore e grita:

― Ele está querendo me matar, Tomás. Socorro!

Tomás parte para cima de Gil e o derruba de cara no chão. Então Alex sai de trás da árvore com a faca na mão.

― Por que está querendo me matar? Quem é você?

― Eu não fiz nada. Só estava passando aqui.

Tomás permanece montado em cima dele. Olha assustado para Alex com aquela faca na mão.

― O que vai fazer Alex? Por que está com esta faca?

― Ele disse quer matar nós dois por causa da Priscila.

― É mentira!

― Cale a boca! ― diz Tomás apertando-o com força. Depois olha para Alex com a faca na mão e diz para ele se afastar.

Gil aproveita da distração dele e o derruba para o lado. Num sobressalto se levanta e parte para cima de Alex, imobilizando a mão que ele segura a faca. Os dois caem no chão e faca cai aos pés de Tomás.

Gil monta sobre o corpo de Alex e aperta a sua garganta com força.

― Mata ele, Tomás! Ele está me sufocando.

Tomás abaixa, pega a faca e avança sobre Gil cravando-a na lateral do seu pescoço. O sangue esguicha longe e ele cai lentamente de lado colocando a mão sobre a ferida tentando estancá-la.

Tomás se abaixa perto de Alex e o abraça quase chorando.

― Que loucura! Matamos um homem.

― Matamos não. Você matou.

Alex passa a mão pelo chão e encontra a faca.

― Às vezes a vida é muito ingrata, meu amigo.

― Não entendi.

Tomás se afasta um pouco e segura na mão de Alex para ajudá-lo a se levantar.

― Obrigado ― diz Alex colocando a mão sobre o ombro direito de Tomás. ― Agora você vai entender o que eu disse.

Alex puxa Tomás para junto de si e enfia a faca em suas costas, na altura dos rins.

― O que está fazendo, Alex?

Tomás coloca uma mão nas costas e sente o sangue jorrando. A dor é lancinante. Alex solta a mão dele e o vê cair lentamente.

― Eu até poderia dizer que sinto muito, mas seria mentira. Não sinto merda nenhuma. Você entendeu tudo errado, cara. Tudo errado. É o maior mal que as pessoas cometem.

― Somos amigos, cara. Por favor!

― Cale a boca Tomás!

Ele reúne as forças que ainda lhe restam e avança sobre Alex, mas este desvia e lhe dá mais um golpe. Desta vez na barriga.

― O que eu fiz com você?

― Nada. Você apenas quis ser o que não podia. Você quis ser eu.

Alex dá o último golpe e atinge sua garganta. Tomás silencia para sempre.

Sob relâmpagos e trovões Alex montou em sua bicicleta. A chuva começa a cair torrencialmente e ele agradece aos céus. Assim, todo o sangue seria lavado em questão de minutos. Ele para e olha para trás, deixa a bicicleta no chão e volta até o corpo de Tomás. Revira os bolsos dele à procura do celular, mas não o encontra. Teria deixado em casa? Não poderia ficar ali mais tempo, tinha que voltar para sua cama macia e cheirosa.

Ele pedala de volta e sente uma paz invadir seu corpo. Nenhuma ameaça mais, ele continua absoluto. Seu reino continua intacto. Ele tem vontade de gritar, mas isso chamaria a atenção nesta hora da madrugada.

Por um momento ele solta as mãos da bicicleta e abre os braços, sente um êxtase inexplicável e sorri como um louco de volta pra casa. Está excitado, precisa ligar o computador e visitar seus sites preferidos. Precisa correr pra cama do papai e sentir o corpo quente dele encostado no seu.

Entra sorrateiro em casa, vai para o seu quarto pisando levemente para não acordar os pais. Entra no chuveiro e toma um banho quente. Canta baixinho sentindo-se forte e poderoso. Tirar a vida de alguém lhe dá tanta força, tanta energia que ele não consegue explicar.

Depois de trocar de roupa, liga o computador e visita o site pornográfico de sempre e em seguida bate na porta do quarto dos pais. Entra e fica parado diante da cama. Sua mãe se vira e se assusta ao vê-lo.

― Quer me matar?

Até que não seria má ideia, ele pensa. Teria meu pai só para mim, mas posso esperar o curso da vida te levar.

― Desculpe-me. Cadê meu pai?

― Deve estar na cozinha.

A porta se abre e Robson chega com uma jarra de água na mão. Coloca sobre o criado ao lado da cama.

― Quer, meu amor?

― Não. Obrigada.

― Eu quero ― diz Alex pegando o copo.

― Perdeu o sono de novo? ― indaga Robson despejando a água no copo dele.

― Perdi. Tive outro pesadelo. Quando isso vai acabar, hein?

― Todo mundo tem pesadelos, Alex. Isso nunca vai acabar. O que precisa é aprender a lidar com eles ― diz sua mãe em um tom nada amigável.

Robson faz um sinal para ele não ligar para o que ela diz e logo depois se deita e abre espaço para ele se deitar ao seu lado.

Alex teve o melhor orgasmo de sua vida, depois voltou para seu quarto e dormiu como um anjo.

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