Capítulo 28 - O massacre na sala vermelha

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As enormes janelas de madeira explodiram em um turbilhão de cacos de vidro quando corpos pesados se chocaram contra elas, e uma enxurrada de dezenas de lobos multicoloridos invadiu o local. Os rosnados agressivos retumbaram audivelmente pela sala enquanto seus donos fixavam um olhar faminto sobre seus alvos ali encurralados.

Os lobos que se feriram ao usar seus corpos contras as janelas, quebrando os vidros e as molduras de madeira em seu caminho, pareciam não estar sentindo a dor de ter sua pele dilacerada pelo vidro quebrado, ou talvez eles não possuíssem mais a capacidade de se importar com seus próprios corpos. Tal como em um filme de terror gore, os lobos destroçados apenas se levantaram do chão, prontos para atacar e matar tudo que estava em sua frente, ignorando o sangue pulsante que vertia de seus corpos quentes.

Nossos aliados se desesperaram ao verem-se encurralados no centro da sala, onde um por um caia sobres as garras afiadas do inimigo. Berros, gemidos, ganidos e correria eram tudo o que eu podia captar do turbilhão de corpos amontoados naquele lugar.

O mundo ao meu redor ruía, no entanto tudo que meus olhos conseguiam captar naquele momento de horror era o rosto apavorado de Dylan, que tentava correr na minha direção como se não houvesse o amanhã.

A dor aguda em meu pescoço me fez espremer as pálpebras com força e, por um momento eu deixe de ver a carnificina que ocorria ao meu redor. Os dentes de Loker afundaram em minha carne sem resistência alguma, parecia que os dentes do meu captor possuíam um fio mais afiado e cortante do que uma lamina feita para atravessar uma armadura de metal.

Debati-me, tentando me livrar daquelas pequenas adagas em minha pele, mas isso só aprofundou o ferimento ainda mais, causando uma hemorragia que manchou minha camisa de vermelho vivo.

A única coisa que eu podia captar agora eram os gritos desesperados de Dylan, ele parecia estar sentindo a dor junto comigo, na verdade os gritos de pesar dele pareciam os de alguém que acabara de receber a notícia que o amor de sua vida se foi.

A dor que antes atingia apenas meus pescoço e ombro agora se espalhava pelo meu corpo todo, seguindo os caminhos tortuosos de minhas veias, envenenando e queimando meu corpo enquanto o que quer que esteja em meu organismo se alastrava.

Quando isso chegou aos meus nervos, senti como se estivessem expondo meus tendões, rasgando as fibras de meus músculos, destroçando cada pedacinho de mim.

Gritei em agonia quando a dor se tornou insuportável, meu corpo parecia estar se desmanchando, como se ácido o derretesse. Eu temia me tornar uma massa gosmenta e escorregadia a qualquer momento. O sangue já vertia de meu nariz e eu podia sentir o gosto metálico em minha boca.

A pressão dos dentes de Loker finalmente deixou o meu pescoço e, com um pouco de esforço, voltei a abrir meus olhos. A cena que se desdobrava à minha frente estava turva, borrada, diria até dupla, mas mesmo assim eu pude discernir o que estava acontecendo naquele instante.

O Alfa do Bando da floresta estava encurralado contra a parede junto com seis de seus companheiros. Ele enfrentava três lobos usando um mancebo para mantê-los afastados de si e de seus companheiros que ainda restavam.

O Alfa do Bando das montanhas tentava atrair a atenção do maior número de lobos possível para si, dando assim a oportunidade para que seus companheiros fugissem pelas janelas quebradas. Ele estava se sacrificando corajosamente por seus companheiros, como um Alfa honrado que era.

Alguns poucos tiveram a sorte de conseguir fugir, mas outros foram interceptados antes mesmo de conseguir chegar às janelas, sendo soterrados por lobos vorazes que não perderam tempo em destroça-los.

O segredo de ScottWhere stories live. Discover now