Capítulo 14 - Arrependimento

2.1K 211 187
                                    


O meu sangue estava nos aparelhos de tortura de uma seita de religiosos extremistas? Não, isso é impossível! Não tem como algo tão brutal e horrível assim ter acontecido comigo... eu me lembraria de algo assim, certo?

— Não... isso não é possível! — Neguei veemente e me afastei do Detetive.

— Ethan... se você sofreu algum tipo de abuso naquele lugar... você tem que contar pra alguém... Você sabe que pode confiar em mim, certo?... Eu quero te ajudar! — David não deixou eu me afastar dele. Ele andou junto comigo e tentou me segurar pelos ombros.

— Não, eu juro que... eu... eu não lembro... eu não sei... — Afastei as mãos dele de meus ombros em desespero. O que ele estava falando não podia ser verdade.

— Acredito que você tenha sido vítima do Padre Moris... Ethan me responda... você passou por algum tipo de ritual de exorcismo naquele lugar? — David ignorou as minhas tentativas falhas de me afastar dele, ele me segurou firme e tentou olhar em meus olhos, mas eu mantive minha cabeça abaixada e meu olhar fixo no chão.

— Não! — Respondi fitando intensamente os meus pés.

— Ethan... Você sabe que pode me contar tudo. Eu estou do seu lado. — Uma das mãos dele veio até meu queixo, erguendo assim o meu rosto. Desviei rapidamente o meu olhar para o lado, eu não queria fita-lo agora, eu tinha medo que meu olhar me traísse.

— Eu realmente não sei de nada... eu não lembro de nada... — Tentei falar firmemente, mas meu nervosismo em meio aquela situação me entregava.

David suspirou consternado e até um pouco chateado com a minha relutância. E então, sem nenhum aviso prévio e em um movimento rápido, a mão que antes estava em meu queixo, desceu direto para a bainha da minha camiseta, erguendo-a até a altura dos meus mamilos.

— O-o que está fazendo? Pare... — Segurei seu pulso e tentei baixar sua mão para cobrir meu tronco agora desnudo, entretanto ele era mais forte. Seus olhos se arregalaram para o meu peito.

— Essas marcas... elas batem perfeitamente com o tipo de dano que aquele chicote causa e... Essas queimaduras... acho que elas foram causadas por eletrochoques, que por falar nisso, foi uma das máquinas de tortura que apreendemos no local. — David ignorou os meus pedidos para que parasse com isso, ele seguiu fitando e examinando os ferimentos.

— Já disse que é impossível... eu nunca estive naquele subterrâneo. Eu não me lembro de nada... — O empurrei para longe e abaixei minha camiseta desajeitadamente, e então segurei a bainha da mesma firmemente para baixo, tentando evitar que ele a erguesse novamente.

— Você não está protegendo sua mãe, está? — Os olhos do Detetive se contraíram em desconfiança para mim.

— O quê? — O encarei incrédulo, como ele podia dizer algo assim?

— Se ela te expos a isso... Se ela pediu ao Padre Moris que te machucasse para, quem sabe, "curar" você de certos desejos impuros ou talvez... tirar de você um demônio chamado homossexualidade... Você entende onde eu quero chegar, certo? Se ela fez algo assim... você não deve protege-la. — David me encarou com pesar.

— Não... minha mãe nunca... ela nunca... faria isso comigo... — Me calei em choque. Sim, ela faria isso comigo, ela seria capaz de tal monstruosidade para tentar me curar.

— Ethan... eu quero te ajudar. Venha testemunhar sobre o que te aconteceu. Podemos desencorajar outros lugares que estão fazendo isso com pessoas como nós. — David voltou a se aproximar, mas dessa vez manteve uma linguagem corporal menos agressiva e mais compassiva.

O segredo de ScottOnde as histórias ganham vida. Descobre agora