Capítulo 15 - O sequestro de Ethan

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A luz fraca da manhã banhou o quarto, reluzindo sobre meus olhos, me despertando da proteção mental que era a inconsciência do sono. Tentei cobrir meus olhos com o edredom para voltar ao meu mundo de fantasia por mais um minuto, mas as memórias da noite passada acabaram voltando antes do sono.

Congelei no lugar.

Eu não estava no meu quarto, nem na minha cama... Meu traseiro latejava um pouco e minhas costas me matavam de dor. Essas coisas eram provas de que a noite anterior havia sido real e não um sonho.

Olhei em volta, o quarto masculino e rústico do Detetive me cercava. Agora minha mente começava a entender o que estava acontecendo.

Virei-me lentamente nas cobertas, temendo dar de cara com o homem ao qual passe a noite deitado atrás de mim, mas por sorte, eu estava sozinho na cama. Me concentrei um pouco e pude ouvir o som de panelas batendo, ele devia estava na cozinha.

Sentei-me com dificuldade no colchão e joguei meus pés para fora da cama, deixando meus dedos sentirem a frieza da madeira sobre eles. Minhas roupas seguiam no chão, o que significava que eu estava... nu. Enrolei-me como pude no edredom e parei para analisar a situação.

Meu corpo estava estranho, a sensação de ainda possuir algo em meu interior, me alargando, era incomoda e vergonhosa, mas não era algo que realmente me afetava.

Tentei ficar de pé para ir ao banheiro, mas meus quadris não colaboraram com isso. Então voltei a me jogar na cama com um gemido fraco.

Depois de me acostumar um pouco com as novas sensações em meu corpo, eu finalmente pude erguer-me para então juntar as roupas do chão e ir ao banheiro.

A criatura que surgiu no espelho quando eu parei diante da pia me assustou. Os cabelos loiros pareciam um ninho feito de palha. Os olhos avermelhados e até um pouco inchados podiam ser confundidos com os olhos de alguém que sofria de insônia, o que não era o meu caso.

Lavei meu rosto tentando disfarçar essa cara de choro e também limpei um pouco da ramela que se acumulava nos cantinhos dos meus olhos. Dava vergonha de imaginar que o Detetive Swan havia acordado e dado de cara com uma criatura asquerosa como eu... Acho que foi por isso que ele evaporou da cama.

Eu não possuía escova de dente ali, então usei um pouco de antisséptico bucal para ao menos refrescar meu hálito matinal.

Me vesti com aquele pijama emprestado, penteei meus cabelos com os dedos e pronto! Eu estava mais ou menos apresentável agora. Eu só precisava tomar coragem para encarar o Detetive Shaw novamente.

Afinal agora toda vez que eu fechava os meus olhos, a imagem da face rubra e concentrada dele, descendo e subindo, descendo e subindo ritmicamente sobre mim, voltava... Céus!

Deus... É exigir muito pedir para desaparecer agora? Bem que eu poderia ter o poder do Noturno dos X-men... Eu até aceitaria ter a pele azul nesse caso.

O barulho na cozinha seguia, sinal de que David estava lá, fazendo nosso café da manhã.

Eu não poderia me trancar no banheiro dele para sempre, certo? Eu tinha que ser corajoso e... enfrentar a vergonha. Sim, eu vou fazer isso!

Abrir a porta do banheiro e a lembrança dele entrando em mim voltou. Fechei a porta de novo.

Não dá... eu não vou conseguir sair... não tem como.

Não! Eu tenho que sair desse banheiro... eu tenho que enfrentar essa situação que nem homem.

Abrir novamente a porta do banheiro e praticamente corri para fora, desse jeito eu não podia dar pra trás de novo.

O segredo de ScottOnde as histórias ganham vida. Descobre agora