Capítulo 35 - Marcelo

72 2 0
                                    


No meio da noite eu vou até o quarto de Iolanda. Ela abre a porta e eu entro rapidamente.

― Agora me diga, pelo amor de Deus o que está acontecendo. Eu estou agoniada.

Eu a abraço e começo a chorar em seu ombro.

― Isabel está louca. ― Eu me afasto dela e enxugo as lágrimas. ― Ela alugou um carro e foi até sua casa. Eu a vi nas câmeras de segurança da rua perto do estacionamento. Não tenho dúvida de que ela matou Emily.

Iolanda me olha intrigada e eu continuo:

― Eu duvidei que ela fosse capaz, mas quando desenterrei o corpo de Emily eu não tive dúvida nenhuma mais. Tive vontade de sair correndo e matá-la, então você apareceu e me acertou com uma pá...

― Desculpe-me! Eu estava transtornada.

― Acha que eu seria capaz de matar minha própria sobrinha? Você quase matou seu irmão. E eu te dizendo que não era eu e você me cacetando com aquela maldita pá...

Iolanda vai até a porta e para. Encosta o ouvido na porta e depois volta até mim.

― Parece que ouvi passos.

― Ela está dormindo. Fique tranquila.

― Então o que pretende fazer agora? Porque a minha vontade é ir lá e matá-la enquanto ela está dormindo. Por que ela matou Emily?

Eu sento na cama e suspiro fundo.

― Matar Isabel é pouco. E iremos para a prisão. Você quer isso pra sua vida? Viu como a nossa mãe saiu de lá?

Ela me olha assustada.

― Como consegue agir com tanta frieza?

― Você também conseguiu durante o jantar. Comportou-se muito bem.

― Engano seu. Eu nem senti o gosto da comida. Estava aflita para sair dali...

― Mas não demonstrou...

Eu me levanto e a abraço pela cintura.

― Ela matou Emily porque achou que ela era minha filha. Ela pensava que você era minha amante. A culpa é toda minha por ter escondido a verdade dela.

― Pare de se culpar!

― Fale baixo!

Ela se afasta e dá uma olhada panorâmica pelo quarto. Depois me diz:

― Amanhã eu voltarei para minha casa. Não consigo conviver na mesma casa que esta mulher. E se você não entregá-la para a polícia eu mesma farei isto. Quero dar um enterro digno para minha filha.

― Por favor, Iolanda! Não faça nada. Deixe que eu vou resolver do meu jeito. Emily terá um sepultamento digno. Agora preciso voltar.

Eu a abraço forte e dou-lhe um beijo na testa.

Abro a porta devagar e olho para os lados antes de sair. Vou pisando devagar pra não fazer barulho até entrar em meu quarto.

Isabel está deitada na mesma posição. De barriga para baixo e com a cabeça virada para a parede. Meus punhos fecham-se involuntariamente, sinto vontade de estrangulá-la, mas contenho meus instintos e deito ao lado dela. Eu a abraço como sempre faço. Ela precisa se sentir segura ao meu lado. Eu sou o seu porto seguro, seu guardião.

* * *

Isabel chega da caminhada e senta-se à mesa para tomar o seu café.

― Você contou a novidade para Iolanda?

Mar de rosas e de espinhosWhere stories live. Discover now