Capítulo 23 - Marcelo

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Logo que eu chego na imobiliária eu ligo para Iolanda.

― Você só pode estar louca, não é? Por que aceitou o convite de Isabel? Eu disse pra você não ir, não disse?

― Calma! Ela não desconfiou de nada. Desconfiou?

― Acho que não.

― Eu gostei muito dela. Não acho justo o que está fazendo. Ela não merece.

― Já conversamos sobre isso. Por que ficou me ligando ontem à noite?

― Não tive oportunidade de conversar com você durante a festa. Está lembrando do nosso compromisso de hoje?

― Claro. Ouça aqui, Iolanda! Eu não quero ver você com Isabel de novo. Se ela te convidar para qualquer coisa, você está proibida de aceitar. Entendeu?

Eu não espero pela resposta e desligo o celular. Depois vou até Silvano, que é o empregado mais antigo da imobiliária. Sento-me à sua frente e digo:

― Estou saindo de férias hoje. Quero que assuma o meu lugar por uns quinze dias. Mas na primeira semana você ou qualquer outra pessoa daqui está proibida de me ligar para falar sobre trabalho. Qualquer problema que tiver, resolva! Você tem autonomia para isso a partir de agora. Entendeu?

Ele se assusta e apenas balança a cabeça concordando. Eu aperto a sua mão e saio sem me despedir dos demais.

Paro diante do carro e Isabel me vem à cabeça. Eu a vejo em meus braços após a festa de ontem. Estava tão vulnerável...

Abro a porta do carro e entro. Agora não dá pra voltar atrás. Há mentiras que vão crescendo com o tempo e chega uma hora que elas parecem te sufocar, mas sei que se eu abrir o jogo com Isabel causarei um abalo sísmico em seu coração. Não quero abrir ainda mais sua ferida.

Eu sou um imbecil, agora eu sei e não há como consertar o meu erro sem causar danos.


Mar de rosas e de espinhosWhere stories live. Discover now