38° Capítulo

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Nanda

Eu nem sei de onde veio tanta coragem e determinação em mim, para beijar o Lucas. Apesar de ser sempre muito comunicativa com as pessoas, eu me torno a pessoa mais tímida do mundo quando o assunto é o Lucas. Se alguém me perguntasse quando tudo isso começou, essa paixão toda por um garoto que agora eu descobri não dar a mínima para mim, minha resposta simplesmente seria; não sei. Mas também, eu nunca imaginei que ele teria uma reação como a que ele estava tendo.

Eu vim morar na república à dois anos atrás. Até então eu morava no Brasil, meu país de origem e onde os meus avôs continuam morando. Mas talvez por jogadas do destino eu consegui uma bolsa para estudar na SHS, e depois de muitas brigas e discussões eu consegui convencer os meus avós que tanto amo, a me mudar para Londres. O que foi um baque claro, na época eu só tinha 14 anos. Para muitos pode parecer um absurdo, afinal eu era realmente muito nova, mas para mim, sempre foi a realização de um sonho.

Mas voltando ao assunto central, assim que eu entrei na república, logo que eu passei pela porta principal, eu pus meus olhos no Lucas. Assim, instantaneamente. Talvez tenha sido amor à primeira vista, ou não né. Mas o fato é que eu me tornei próxima a ele, muito rápido, sempre foi tudo muito rápido. Não demorou uma semana e eu já sabia que estava apaixonada. Loucura? Acho que não, não existe hora nem tempo para o amor.

Então depois de constatar de que eu estava apaixonada pela a primeira vez na vida, eu decidi que iria conquistá-lo. Depois de conhecer o Lucas eu já não lia mais os meus livros de romance por ler, eu lia para sonhar e suspirar, imaginando eu e ele ali no lugar do casal principal, atuando no lugar deles.

Porém com o passar dos dias, eu ia percebendo o quanto ele se esquivava, ou como ele me olhava, eu não queria que ele me tivesse como "A irmã que ele nunca teve." Eu queria ser "A garota que ele nunca teve." Eu queria ser alguém na vida dele, ser mais do que a melhor amiga, mas o Lucas parecia cada vez mais distante. Mas tudo isso mudou, no dia em que a Clarie se mudou para a República. E não mudou para melhor, de repente eu não era nem mais a melhor amiga. Era apenas a amiga.

-Deess...culpa.- gaguejei um pouco, com a cabeça baixa. Era muito mais fácil olhar para o chão, do que encarar o olhar severo do Lucas.

Sinto uma lágrima solitária escorrer pela minha bochecha. Acho que era o meu coração Se despedaçando. Mais uma vez, só para variar um pouco.

-Arggg, Fernanda. Quantas vezes terei que dizer que eu não quero nada com você? - ele pergunta se afastando de mim, e começando a caminhar de um lado para o outro pelo quarto.

-Eu não tenho culpa de gostar de um idiota feito você. A gente não manda no coração, você mais do que ninguém deveria saber disso. - respondo com uma voz afiada, atraindo o seu olhar para mim.

Ele vem até mim passando a mão descontroladamente pela sua cabeleira loira.

-Se você fala da Clarie, saiba que ela gosta de mim, tanto quanto eu gosto dela. - ele diz olhando furiosamente nos meus olhos. E eu solto uma risada irônica.

Coitado. O Lucas está mais louco do que eu pensei.

-Lucas, a Clarie não gosta de você. - falei com a respiração um pouco acelerada e ele me olhou de rabo de olho.

Se olhar matasse, com certeza eu já estaria mortinha agora.

-Quem diz isso? Você? - ele pergunta debochando de mim.

-Não Lucas, todo mundo vê. - Eu respondo na mesma altura. - Só você não percebeu que ela está caidinha pela Guto, apenas você.

-NÃO. - ele grita com a voz embargada. E de repente eu me pego pensando se é por conta da bebida ou se ele quer realmente chorar de verdade.

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