Capítulo XLVII - MALU

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Três dias já tinham se passado e as nossas tentativas estavam cada vez mais frustradas. Estávamos a ponto de desistir de tudo e torcer que o médico maluco esquecesse da nossa existência. E é por isso que estávamos em uma reunião seríssima no nosso quarto.

- Eu não quero desistir – começou o Zeca, sentado ao meu lado na cama. – Mas é como se estivéssemos andando em círculos. Não vejo como podemos progredir.

- E o que você sugere? - indagou a Helô.

- Eu não sugiro nada! Só estou colocando para fora toda a minha frustração.

- O que você acha, Bruno? – perguntei.

- Eu acho que...

Ele não conseguiu terminar sua fala, pois fomos interrompidos por batidas na porta. No ato fomos tomados pelo desespero. Provavelmente a Dona Gorete tinha descoberto nossos visitantes.

Sem precisar avisar, o Zeca e Helô rolaram para baixo da cama e eu atendi a porta com o meu melhor sorriso inocente.

- Oi – disse, abrindo a porta.

E para o meu total espanto, não encontrei a Dona Gorete. Ao invés disso, lá estava a Nice, uma das pessoas que moravam na hospedaria.

Ela tinha tantos piercings e brincos, que quase chegava a ofuscar minha visão. Além disso, seu cabelo preto e raspado na lateral dava a ela um ar muito bad girl.

- Eu sei que você tem visita aí – disse ela, espiando por cima de mim, o que nem foi muito difícil já que ela era consideravelmente mais alta que eu.

- Do que você está...

- Qual é, Malu! - exclamou, me empurrando e entrando no quarto. – Eu já vi o cara do cotoco e a menina com cara de Furby ajudando vocês a sair daqui.

- Sai do nosso quarto - mandou o Bruno, com cara de poucos amigos.

- Calma, calma - cantarolou, erguendo as mãos. – Eu não vou dedurar vocês pra Dona Gorete. Eu só vim aqui ajudar.

- Você não pode nos ajudar – disse.

- Olha só. Eu tenho uma informação que deve ser muito importante pra vocês. - Ela sentou-se na minha cama, como se não tivesse ouvido o que eu disse. – Eu sei que vocês estão atrás de uma pessoa. E eu tenho informações sobre o paradeiro dela.

Encarei o Bruno, que também me encarava desconfiado. Como ela poderia saber algo sobre a nossa busca?

- Estamos todos no mesmo barco, Malu - prosseguiu. – Eu também estou atrás dela. Mas eu não tenho esses super poderes que vocês têm. E é por isso que eu preciso da ajuda de vocês.

Aos poucos a Helô e o Zeca saíram debaixo da cama e sentaram-se nas camas, interessados no assunto.

- Quem é você? - indagou o Zeca.

- Meu nome é Nice. E eu sou irmã da tal terceira criança.

- Como assim? - perguntou a Helô, perplexa.

- O nome dela é Flávia. Somos meio-irmãs, na verdade. Filhas da mesma mãe. E é aí que começa o meu problema. - Ela cruzou os braços, preocupada. – Ela nunca foi muito com a cara do meu pai e, assim que nossa mãe morreu, ela passou a infernizar a vida dele. Ela era só uma criança, mas já era bem geniosa. Então, quando ela fez quinze anos ela fugiu.

A Terceira Criança - Livro 2Where stories live. Discover now