As Espadas de Cristal - A Saga da Legião Branca - Livro 2

Capítulo 32 - A Nova Imperatriz

O dia da coroação amanheceu perfeito. O sol brilhava, o tempo estava agradável, o palácio estava todo enfeitado e preparado para a festa e a cerimônia ritual de coroação da Imperatriz. Natália tinha sido preparada, tinha jejuado por dois dias e meditado, recitando os encantos que lhe foram passados. Cris a acompanhava o tempo inteiro, afinal, Natália, além de tudo, era sua sobrinha. A cerimônia aconteceria na primeira hora da noite, e no final da tarde a maior parte das feiticeiras do Plano já estava presente para assistir. Seria diferente dessa vez, apesar do clima festivo, o sentimento de todos os presentes era uma mistura de compaixão e medo. Natália era jovem demais para o cargo e nem todos confiavam que ela seria capaz de lidar com aquilo. Quando foi trazida para o centro do jardim onde aconteceria o ritual, ela já estava em transe. Apenas obedecia às instruções de sua tia, que a guiava para o centro do círculo de sacerdotisas. Usava um vestido muito leve, mas não tão simples. No pescoço havia um colar de ouro branco cravejado de diamantes e com uma linda pedra da luz esculpida no centro.

Ela foi colocada de joelhos e quando a primeira estrela brilhou no céu, começaram os cânticos e as danças. As sacerdotisas dançavam com véus brancos e azuis ao redor dela, ao som de tambores, instrumentos variados de cordas e pandeiros. Alguns homens e mulheres cantavam uma melodia ritmada e envolvente que parecia entrar na mente de todos. Era muito bonito de se ver. Quando a noite já avançava e o céu já não tinha o brilho do sol, a batida dos tambores se intensificou e os movimentos ficaram mais rápidos. Cada véu que subia ou descia no ar deixava atrás de si um rastro de estrelas enquanto as sacerdotisas dançavam. As duas outras meninas que pertenciam à linhagem das Imperatrizes adentraram a roda, usando túnicas pretas e coroas lisas com uma única pedra da luz em cada. Elas pareciam tão assustadas quanto Natália. Deviam ter a mesma idade que ela, uma delas era negra como Malika, e a outra era ruiva como Kaileen. Os olhos de ambas brilhavam num dourado poderoso enquanto elas observavam com cuidado os espectadores ao redor. Cris se lembrou quando ela mesma usou uma túnica preta durante a coroação de Malika. Aquilo era assustador. Saber que seus poderes seriam transferidos de seu corpo para o corpo da nova Imperatriz. As duas moças foram colocadas ajoelhadas na frente de Natália e Cris foi até lá para conforta-las e dizer que tudo daria certo. E quando a lua brilhou mais forte no céu, espalhando a Luz de Mena sobre todos, a música parou abruptamente e Natália abriu os olhos. A pedra em seu peito brilhou mais e ela sentiu uma calma estranha. As duas moças deram as mãos e deixaram seus poderes fluírem através das pedras nas coroas. O fluxo de magia era visível, como um veio dourado cortando o ar noturno. Durou poucos segundos apenas. E no final, as duas Conselheiras estavam exaustas e seus olhos já não tinham o mesmo brilho de antes. Agora eram castanhos. Já Natália tinha olhos de ouro, brilhantes e poderosos. Beto foi escolhido para levar a coroa de diamantes até ela, pois era o Cavaleiro de Mena. Ele caminhou lentamente até o centro do círculo enquanto Cris recitava um feitiço em Arkha. Ele não podia entender o que ela dizia, mas podia imaginar. Ela falava sobre o juramento das Imperatrizes, de defender a entrada de Alátria a todo e qualquer custo, de proteger seu povo e se dedicar à Mena e ao caminho da Luz e da Verdade. Quando ela terminou, um símbolo dourado brilhou no ar em frente ao rosto de Natália e então Beto a coroou. Vieram os gritos de “Salve” e logo começou a celebração. Apesar de toda a pompa e luxo do palácio, a festa foi comemorada no jardim, à luz das tochas, da lua e das estrelas, como os antigos rituais eram feitos. Natália e as outras duas meninas foram levadas para o interior do palácio acompanhadas por Cris e as sacerdotisas. Tinham que ser tiradas do transe e descansar. Não participariam da festa.

Zira estava se divertindo com Mari, Bruna e Carol. Elas tinham achado muito interessante toda a dança. Era um tanto misterioso, sensual... Enquanto elas se divertiam ensaiando alguns passos com a ajuda de Priscilla, que conhecia os rituais, os outros conversavam mais afastados.

- Queria mesmo falar com você, Héricles – disse Nova. – Como está se sentindo?

- Bem. E logo vou me encher de vocês me perguntando isso – zombou ele.