Capítulo 22 - A Torre

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Pela manhã, todos se reuniram no mesmo salão, onde o café da manhã era servido. Novamente um clima estranho tinha se abatido sobre eles. Héricles não pregou os olhos a noite inteira, e todos podiam notar pelo ar abatido dele. A situação entre ele e Carol tinha gerado uma leve divisão no grupo. Todas as mulheres, obviamente, estavam do lado dela e ele era o crápula da situação. Ela sentou-se à mesa sem sequer olha-lo, parecia tão abatida quanto ele. Nova sentou ao lado do amigo.

- Pelo jeito a noite não foi nada boa – comentou Nova servindo-se.

- Nem um pouco – respondeu ele sem desviar os olhos dela.

- Si chegou no quarto revoltada com você. Ela me contou do seu mergulho noturno. Não sei se te invejo ou se me sinto feliz por não estar na sua pele.

- Sinta-se feliz.

- O que é isso no seu peito? – Nova reparou no arranhão através da regata escura que ele usava.

- Descobri qual o poder das herdeiras, ontem. – Ele olhou para Nova. – Carol se transformou numa pantera na minha frente. Como pode ver eu levei a pior.

- Tá brincando?

- Não brincaria com uma coisa dessas.

- Agradeço por não brigar com Si. Não gostaria de enfrentar um unicórnio irritado.

- Sorte sua.

- E como se sente?

- Péssimo.

- E Drea? Algum sinal?

- Nada ainda. Também não recebi a minha marca dourada.

- Estranho.

- Não vejo a hora disso tudo acabar.

Kai entrou no salão e Héricles sentiu que tudo pioraria mais ainda. Começou a se irritar enquanto ela desfilava entre todos e se sentava ao seu lado.

- Bom dia. – Disse ela, como se nada tivesse acontecido na noite anterior.

- Com licença. – Ele se retirou da mesa sem dizer nada. Estava a ponto de gritar com ela.

- Espere – pediu ela – não quer saber sobre a sua marca?

- O que sabe sobre isso?

- Por que está tão agressivo?

- Responda o que eu perguntei, Kai.

- O Dragão foi guardado no templo, no alto da cascata na próxima curva do rio. Posso leva-lo até lá.

- Não precisa, apenas aponte a direção e eu me viro.

- Precisa do meu sangue para abrir o templo. – Anunciou ela como quem não quer nada.

Héricles fechou os olhos e os punhos, contendo a raiva. Ele respirou fundo antes de tornar a falar com ela.

- Então se apresse – disse ele – vamos todos para lá em alguns minutos.

- Sim, meu Príncipe.

Ele deixou a sala e foi arrumar suas coisas. Kai o tirava do sério, principalmente por que ele sabia que ela estava fazendo de tudo para piorar a situação entre ele e Carol. Sereias podiam ser insuportáveis quando queriam e definitivamente não sabiam perder.

Kai os guiou pela margem do rio por algumas horas. E antes do meio dia eles chegaram à curva do rio. Assim que Héricles viu o templo, parou seu cavalo, assustado. Era a mesma torre dos seus sonhos: uma alta torre, com paredes de pedras cinzentas na beira da cachoeira e com apenas uma grande porta de madeira maciça. Mas ali não havia o símbolo dourado que ele via na porta dos seus sonhos. Aquilo o assustou e o cavalo pressentindo o medo dele, agitou-se. Todos notaram a mudança no comportamento dele. Priscilla também reconheceu o local e avançou até ele.

As Espadas de Cristal - A Saga da Legião Branca - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora