Capítulo 14 - A Fênix

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Eles deixaram o casebre e caminharam pelo vilarejo. As marcas da grande Quebra eram visíveis por todo o lado. Notaram ao menos dez casas completamente destruídas pela fúria de Tulek. A vila tinha algum movimento, mas não era animada. Eles viam um, ou outro morador que ainda circulava apesar do horário, e muitos tocheiros espalhados garantiam a iluminação. Mesmo à noite, o clima ali era bem quente. Não demorou muito a alcançarem a pequena estrada que levava ao grande castelo de pedras claras. Subiram a trilha tortuosa e logo chegaram.

O lugar parecia quase deserto. Apenas a luz do fogo iluminava a grande porta de madeira da entrada e o silêncio era quase absoluto. A folha dupla era toda esculpida e entalhada em desenhos simétricos e era tão grande que impressionava. Ao centro, uma pequena porta menor (e mais prática de ser aberta) estava recortada na madeira pesada da grande porta. Nova caminhou com cautela até a portinhola e viu uma bela aldrava de metal escuro, com o formato de uma cabeça de leão. Ele bateu e esperou.

Um pequeno visor se abriu alguns minutos depois e um par de olhos vermelhos e inquisidores olharam quem ousava bater naquela porta. Por alguns momentos, os olhos encararam Nova e aos poucos a expressão ameaçadora foi dando lugar ao espanto. O visor fechou e ele ouviu os ferrolhos serem abertos. Havia uma pequena moça por trás da porta, frágil, magra e com cabelos ruivos muito cacheados. Seus olhos grandes e vermelhos estavam espantados ao ver Nova. Ela parecia em choque. Usava uma túnica preta com bordados em dourado e tinha a pele muito branca. Ela se aproximou devagar, como se visse uma assombração. Ele ficou imóvel enquanto ela o rodeava, olhando-o dos pés à cabeça, para ter certeza de que era ele mesmo. Quando concluiu que realmente não havia engano, seus olhos brilharam como fogo vivo e ela sorriu para ele.

- Você voltou – disse ela.

- Sim. É bom vê-la de novo, Faísca. – se lembrava dela, era sua criada quando vivia no castelo. Ele sorriu.

- Não achei que fosse vê-lo outra vez – ela o abraçou. Tinha o corpo quente, mais do que o normal.

- Nem eu achei que voltaria – disse ele, apertando o abraço. – Trouxe alguns amigos, pensei em passar a noite aqui.

- Vamos entrar – disse ela observando os outros. – Há quartos para todos. Vou ordenar aos criados que organizem tudo. Sejam bem-vindos!

Eles a seguiram para dentro do castelo. Estava escuro ali, mas ela logo soprou um dos tocheiros e uma faísca surgiu no ar acendendo-o e pulando para o próximo até que todos estivessem acesos. O castelo era rústico, mas muito bonito. A pedra clara das paredes era trabalhada e havia entalhes por todos os lados. Muitos tapetes e tecidos cobriam o chão e criavam divisórias nas paredes. Apesar do clima quente, o interior do castelo era frio, as paredes de pedra conservavam o lugar fresco. Ela os levou até uma grande sala central onde havia uma lareira redonda no centro. Aproximou-se e com um sopro acendeu a grande fogueira, deixando o ar do lugar mais quente e aconchegante. Havia almofadas coloridas por todo o chão e alguns livros numa estante de metal.

- Podem deixar suas coisas aqui – disse ela apontando um canto da grande sala. – Fiquem à vontade, vou providenciar bebidas. O seu retorno deve ser festejado! –estava radiante enquanto deixava o salão.

- Obrigado – agradeceu Nova.

- Então meu irmão é príncipe? – brincou Zira. – Isso me torna uma princesa?

- Uma princesa honorária, eu diria – comentou Beto.

- Muito bonito o castelo – comentou Mari.

- Vamos sentar um pouco, passamos o dia andando – disse Carol sentando entre as almofadas macias.

- E a noite descascando batatas – brincou Si.

- Eu corro o risco de dormir aqui mesmo – disse Bruna.

As Espadas de Cristal - A Saga da Legião Branca - Livro 2Where stories live. Discover now