Capítulo 16 - O Unicórnio

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O dia amanheceu frio e chuvoso e seguiram sua jornada por muito tempo sob a chuva. No meio da tarde chegaram a um ponto da floresta onde as árvores eram mais espaçadas e altas. Héricles e Nova iam à frente, e com o canto do olho Héricles notou um movimento em uma das árvores à sua direita. Parou seu cavalo e olhou ao redor. Viu novamente algo passando de uma árvore a outra. Era pequeno e rápido. Fez um sinal e Nova parou também, tentando enxergar o que era. De repente, um pequeno ser alado saiu de uma árvore perto de Si. Ela estava olhando para o outro lado e não o viu inicialmente. Sentia que era observada e quando virou, viu a pequena fada da floresta montada na cabeça de seu cavalo. Era esverdeada e suas asas eram marrons para se mesclarem aos troncos das árvores. Ela estava apoiada nas pequenas mãozinhas, inclinada para frente enquanto observava Si com grandes olhos amarelos. Si ficou imóvel encarando a pequena criatura. A fada bateu suas asas e aproximou-se do rosto de Si, examinando-a com cuidado. Deu a volta em sua cabeça e Si sentiu os pequenos pezinhos pousando em seus cabelos quando a fada resolveu olhar o que havia por debaixo da sua capa de chuva. A fada voltou e dessa vez exibia os dentes pontudos num sorriso.

- Violeta! – disse ela com sua voz muito aguda

Todos olharam para Si, notando a presença da fada pela primeira vez.

- Violeta voltou! Ela voltou! – anunciou ela.

Na mesma hora centenas de outras fadas que estavam camufladas nas árvores ao redor deixaram seus esconderijos e voejaram até Si. Todas a chamavam de Violeta e a abraçavam. Algumas levantavam mechas de seu cabelo e mexiam nas suas roupas. Outras entravam em sua mochila, curiosas por saber o que havia lá. No começo, Si ficou apreensiva, mas depois achou graça. Os pequenos bracinhos e perninhas delas faziam cócegas enquanto ela era abraçada. Nova aproximou-se com cuidado. Ele viu que as criaturas não a machucavam.

- Que bom que voltou, Princesa! – disse a primeira fada. – Sentimos a sua falta!

- Fico feliz em ter voltado. – concordou Si com um sorriso. – Mas será que podemos ir a um lugar onde não chova? Meus amigos vão ficar doentes se continuarmos aqui.

- Vamos leva-los à Casa da Árvore! – a fada sorriu. – Siga-me!

Ela emitiu um brilho rosado e começou a voar na frente para que Si pudesse segui-la. Os cavalos conseguiam seguir facilmente a trilha que ela fazia e uma hora depois, chegaram a uma grande clareira de árvores muito antigas e de troncos largos. Mesmo debaixo da chuva que caía conseguiram ver um vilarejo no alto das árvores, com pontes de corda e casas feitas de galhos vivos entrelaçados. Havia escadas nos troncos para que eles pudessem alcançar as casas. As fadas voaram para o alto, avisando os moradores de que a Princesa Violeta havia retornado. Eles viram seres de pele branca e olhos amendoados e grandes aparecerem em quase todas as pequenas janelas. Um deles desceu, era um homem alto e magro com um longo capuz castanho para protegê-lo da chuva. Ele tinha grandes olhos verdes e parecia desconfiado ao aproximar-se deles. Ele tentou enxergar através da chuva, e quando olhou para Si ficou surpreso. Algumas das fadas voejavam ao redor dele e pediu que elas levassem os cavalos até a toca dos centauros, elas estavam ansiosas demais e aquilo o irritava um pouco. Em seguida, voltou a observar Si e se aproximou enquanto ela desmontava.

- É você mesma, Violeta? – perguntou ele com sua voz grave, ainda relutando em acreditar no que via.

- Na verdade, espero que você me responda isso – disse ela sinceramente. – Eu não me lembro de nada. Mas tenho isso. – tirou a espada da mochila e mostrou a ele.

Ele tocou a espada e finalmente pareceu convencido. Ele fechou os olhos por alguns segundos e, em seguida, sorriu para ela.

- Seja bem-vinda, Princesa. – reverenciou. – Não se recorda de mim?

As Espadas de Cristal - A Saga da Legião Branca - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora