Capítulo 18 - O Grifo

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Cavalgaram por toda a manhã, passaram por uma vila cheia de tocas subterrâneas e grandes campos gramados ao redor, onde viviam os centauros e mais à frente encontraram um vilarejo humano. Aos poucos, o frio foi se intensificando e, no final da tarde, deixavam a floresta e uma enorme montanha com o pico coberto de neve surgia à sua frente. Avançaram mais um pouco, mas começou a nevar e tiveram que parar e acampar por ali mesmo. Seria uma noite difícil, fazia muito frio e mesmo no território de Menes não poderiam acender fogo algum. Depois do encontro com Dunat, acharam melhor não provocar a ira de mais nenhuma delas. Montaram as barracas e vestiram as roupas de inverno que tinham. A falta de uma boa refeição quente também ajudava a piorar a situação. Sem luz e sem fogo, logo se recolheram para suas barracas para descansar. Não havia ânimo para muitas conversas. Nova e Si ficaram de guarda no primeiro turno e Carol e Héricles no segundo. Com o frio que fazia, precisavam que alguém com uma das tatuagens de fogo estivessem sempre nos turnos de guarda ou congelariam.

- Quem é esse rapaz, Si? – perguntou Nova à esposa, que estava aninhada em seus braços mantendo-se aquecida.

- É filho de uma das minhas Generais na primeira batalha. Filho de Luara.

- Por que decidiu trazê-lo conosco?

- Me desculpe. – disse ela – eu deveria ter consultado você antes, mas... eu me vi nos olhos dele, Nova.

- Tudo bem, confio no seu julgamento. – lhe deu um beijo no topo da cabeça e a abraçou com força.

- Por que você e o Héricles decidiram me ajudar depois do rapto? – questionou ela após alguns instantes. – Por que colaboraram comigo e me treinaram para que eu pudesse ir atrás de justiça para a morte do meu pai?

- Bem... – hesitou por um instante, surpreso com a pergunta. – Eu me coloquei em seu lugar. No início, achei que você ia desanimar depois de algumas semanas, então não dei tanta bola para isso, mas quando notei que você estava decicida a levar isso até a última consequência, percebi que tinha tomado a decisão certa.

- Como? Não ficou em dúvida?

- Claro que fiquei. Tive medo por você. Tive medo de te dar uma esperança falsa, de te dizer que você ia conseguir mesmo sabendo da possibilidade de falhar. Tive medo que Dimitri descobrisse os nossos planos e matasse você, Carol e Bruna. Por todo o tempo que estive no Estádio, temi que o pior acontecesse.

- Estou tendo essa mesma sensação agora. – admitiu ela.

- Você o trouxe para que ele pudesse buscar justiça pela morte de Luara?

- Sim. Mas eu não sei quem é o malfeitor a quem ele se refere. Somente ele e Cedro sabem. Cedro estava com medo, não queria que ele viesse conosco, mas... eu não podia negar isso. Não depois do que você e Héricles fizeram por mim, não depois de ter estado no lugar dele. Agora, de certa forma, me sinto responsável por ele.

- E de certa forma você é. – concordou Nova.

- Acha que fiz mal em deixá-lo vir?

- Só saberemos quando descobrirmos quem ele busca. Antes disso não temos como saber.

- Só espero ter tomado à decisão certa.

De manhã, os ânimos não estavam muito melhores. Havia uma camada alta de neve ao redor deles, o que iria dificultar a subida. Dois dos cavalos não resistiram ao frio e eles precisaram se reorganizar para poder manter o ritmo. Carol e Bruna dividiram a montaria, pois eram leves e não iriam cansar muito o cavalo e Priscilla e Mari fizeram o mesmo.

Seguiram subindo montanha acima, enfrentando ventos muito fortes e a neve que não parava de cair. Jiae ia à frente, sua montaria mais robusta (e mais peluda) parecia muito mais apta ao clima do local. E com as enormes patas, o Lobo abria caminho na neve com facilidade, deixando o caminho livre para os cavalos. Já estavam num ponto alto da montanha e não fosse pela neve que caia poderiam enxergar perfeitamente as terras de Tulek e de Dunat daquele lado.

As Espadas de Cristal - A Saga da Legião Branca - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora