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Um blues tocava na rádio, Eunjin batendo uma das mãos na coxa ao ritmo contagiante. Gyunjin não parava de tagarelar, evitando o desconforto, ainda mais com a decisão peculiar e precipitada que tomara ao puxá-la estrada afora de encontro à nevasca.

Após mais alguns quilômetros, parou o carro numa lanchonete bastante frequentada por caminhoneiros e que, naquele momento, encontrava-se praticamente vazia, havendo apenas uma mulher e dois homens como clientela.

A lanchonete possuía um estilo próprio, com algumas esculturas engraçadas de madeira feito a mão, — Gyujin supôs — uma lareira ao longe, mesas forradas com panos vermelhos simples e um piano branco ao fundo, que chamara a atenção do garoto por ser brilhante, quase translúcido.

— Sabe de uma coisa — Eunjin iniciou quando Gyujin segurou a porta para que entrasse — não estou pensando em absolutamente nada.

— O que quer dizer?

— Que esqueci totalmente o fato de que meus pais vão me matar quando descobrirem que a filha cega saiu às altas aventuras com um desconhecido numa lavanderia.

— Está tudo bem — caminhavam até a última mesa próxima à janela — não corremos tantos quilômetros assim. Eu apenas quis ser legal. E, bom, aqui estamos. Em uma lanchonete. Posso pagar uma bebida pra você. E você pode reclamar mais um pouco até que a tristeza vá embora. Mesmo que parcialmente. Depois eu te levo de volta. Que tal?

Eunjin sorriu abertamente e alcançou a cadeira depois de tatear o local. Seus dedos estavam duros por conta do frio, por isso pegou as luvas que tinha no bolso. Sua mente estava longe, perguntando-se quando que tudo mudara. Isso em menos de um dia! —Ou, melhor, noite. — Lembrava-se de estar triste, com planos angustiantes na cabeça de jamais tirar os pés da lavanderia. Às vezes, parecia que tomava a dor para si e brincava com ela de propósito, o que não era verdade. Ela só sabia que muitas pessoas gostavam do Natal e não a compreenderiam.

Estranhamente, Gyujin, amante da celebração, entendera. E isso fez com que isso se tornasse uma esperança. Uma bela esperança que Eunjin custava não escapar dos dedos e que não fosse algo que se arrependeria depois só porque nem todos eram como Gyujin.

Depois de pedirem suas bebidas quentes, Gyujin apoiou a cabeça nas mãos, contemplando Eunjin. Seus lábios finos sempre se curvavam em um sorriso mínimo, mas ainda assim bonito. Seus olhos negros permaneciam perdidos, nunca o encarando, e isso não impedia de achá-los bonitos. Seu cabelos castanho claro era comprido e brilhante, fazendo com que aquela áurea deprimente simplesmente não combinasse. Certamente, Eunjin era uma garota linda aos olhos de Gyujin, um tanto peculiar. Isso o instigou a querer saber mais, cada vez mais.

As bebidas chegaram e Eunjin sorriu com o cheiro adocicado.

— Eunjin.

— Sim?

— O que pretende fazer de faculdade?

— Bem — riu. — Para falar a verdade, estou bem desanimada sobre isso. Não é como se fosse fácil. Eu já deveria ter começado a faculdade, mas parece que vou ficar parada mais um ano até realmente decidir. De qualquer forma, é provável que eu faça algo ligado à música.

— Você toca? — Gyujin animou-se.

— Sim — tomou mais um gole da bebida doce. Eunjin gostava de conversar sobre isso, porque música era sua paixão e uma das poucas coisas que a deixava animada. — Piano.

ㅡ love before the first sight. up10tion + dia ! a christmas gift.Where stories live. Discover now