Capitulo XXXX: Todo sistema está fadado a falhar

160 19 3
                                    


As passadas foram se aproximando da porta. Outras se afastando. A cada passada a adrenalina aumentava, a cada passada o espaço entre o que está para acontecer e o que está acontecendo ficava menor. A respiração foi acompanhando o ritmo. Ofegante. Assim como as pernas que cada vez mais se esforçava, uma querendo vencer a outra. As passadas foram ficando lenta com o aproximar daquela casa isolada. As passadas foram ficando mais rápidas e mais carregadas de emoção com o afastamento daquele lar. Um leve suspiro e a porta foi ao chão com uma pancada. Um suspiro e o ar puro penetrava o peito dizendo: corra.

— Mãos para o alto, todos! — Gritou o guarda após derrubar a porta e adentrar à casa.

Cinco guardas no total. Todos empunhando uma arma que vinha com uma lanterna. Cinco feixes de luz e armas agora estava apontada para Izabelle que estava sentada na cadeira de frente com a porta.

— Depressa! Vasculhem essa imundície e vê se tem algo mais lá fora e nos fundos, iremos achar esses merdinhas — Disse o guarda principal.

O guarda acendeu a luz e sentou a frente de Izabelle. Colocou sua arma na mesa assim como seu chapéu todo preto com o brasão da guarda no centro pintado de vermelho sangue. O guardo olhou bem fundo dos olhos de Izabelle que também retribuía aquele olhar de desafio. Não estava assustada a senhora. Era ainda aquela mesma garota destemida que sempre foi.

— Boa noite, senhorita Isabelle, desculpe a bagunça, mas é que meus rapazes e eu somos… sabe, meios desajeitados — Falou o guarda cruzando as pernas.

— Tudo bem, se eu soubesse que teria visita teria preparado um café e também deixaria a porta aberta, assim, vocês não precisariam derrubar, mas o que devo a sua presença? — Zombou Izabelle olhando firme o guarda.

O guarda aparentava ter pouco mais de 30 anos. Pele clara; desgastada, devido ao treino rigoroso que era submetido. Uma barba por fazer, também deixava sua aparência menos viva. Uma cicatriz em baixo do olho deixava o rapaz com uma feição assustadora, não para Izabelle.

— Acho eu que você sabe o porquê de estarmos aqui, estou certo, Izabelle?

— Deveria saber?

— Penso que na sua idade, as coisas fogem muito da memória, eu entendo, eu realmente entendo, então, deixa eu refresca-la — O guarda se levantou e começou andar pelo cômodo. Entrou na sala e logo voltou com um quadro onde tinha uma foto dos jovens e Izabelle — Isso te lembra algo? — Disse o guarda mostrando o quadro para Izabelle.

— Me lembra muita coisa, você nem imagina o quanto de memória tudo isso me traz, todas são memórias boas e inesquecíveis. Sente-se, talvez eu possa te contar algumas se você quiser — Zombava Isabelle. Sem medo.

— Você está com muita coragem e confiança para alguém que está na sua posição, ou isso será somente uma farsa, um fingimento para mostrar força? — Disse o guarda se sentando e colocando o quadro no centro da mesa. Com o lado da foto apontada para Izabelle.

— Não, eu nunca finjo nada, tudo que sou é o que sou — Uma tosse e mais outra — Está frio sem essa porta, você não acha? — Outra tosse e o encolher de braços — Mas não se engane, essa coragem é sim parte de mim, você sabe que sou assim, porém, a confiança é todas neles, grave bem esses rostos em sua mente psicopata — Disse virando o quadro apontando a foto para o guarda.

O guarda serrou o punho e bateu forte na mesa se inclinando próximo a Izabelle. Pegou o quadro e com toda sua força e ódio jogou na parede fazendo o vidro rachar.

— Essa sua confiança, esse seu deboche e a desses merdas que pensam que estão acima de RATIUS, tudo isso, me enoja! — Gritou o guarda inclinando o corpo próximo a senhora — Assim como meu pai fez, eu também eu irei acabar com eles assim como fizeram com você, olha para você vivendo aqui nesse fim de mundo, sozinha, esse é o futuro daqueles jovens, vou destruir eles, acabarei com sua Neta! — Berrou o guarda cuspindo salivas na mesa.

RATIUS (Completo)Where stories live. Discover now