Capítulo VI: Encontro em Família

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Famílias costumam se reunir para fazer coisas diferentes do que está prestes a acontecer.

Mas o que um porão completamente acabado estava para presenciar, era um encontro em família nada casual, com seus protagonistas: uma garota tentando fugir de sua prisão mental e da sociedade como um todo, e seu irmão, um guarda que foi ordenado seguido por um dispositivo que mede aptidão para que ninguém fugisse além das paredes que cercam o mundo atual.

Com esse cenário e esses personagens, você tem algum vislumbre do que está para acontecer? O que será mais importante, os laços familiares ou uma ordem dogmática ordenada por um dispositivo sem forma, sem vida, apenas algo.

Michaela então saiu detrás do armário no meio da penumbra e se revelou para seu irmão.

— Porque tinha que ser logo você, eu estava para te dar uma cacetada na sua cabeça com essa madeira aqui — Falava com profunda tristeza.

— Michaela? — Só conseguiu ouvir a voz, não era possível discernir a feição — Obrigado pela consideração em não me matar com isso, mas o que você está fazendo aqui menina? — O irmão falava isso enquanto sentava em uma velha cadeira no meio da sala.

— O que estou fazendo aqui? Isso parece meio lógico, você não acha? Agora tem como sair do meu caminho? — Michaela colocou a madeira no chão e sentou no degrau da escada.

O garoto se levantou e mexeu na lâmpada e fez ela acender, uma luz laranja e fraca que deixou aquele porão parecendo um filme de terror. Depois voltou a se sentar. Agora era possível ver os rostos.

— Penso que isso não será possível, você sabe muito bem o que tenho que fazer, o que eu preciso fazer.

— Dane-se isso, garoto, você vai considerar essa merda de obrigação que você tem!

-Isso não é uma merda, você sabe que eu fui escolhido baseado em minha lealdade com a causa, esse é…

— Causa isso, causa aquilo, eu estou pouco me lixando para tudo isso. Eu concordo que você foi escolhido, mas por um dispositivo de merda, um nada! — Michaela espremia certa raiva, metade pelo seu irmão e a outra ficava na conta do mundo.

— Merda!? É assim que você chama o nosso símbolo da paz, se não fosse por essa "merda" nós estaríamos matando uns aos outros — O soldado se levantou para encarar sua irmã.

— Tudo isso em troca da liberdade das pessoas, você não se comove ao saber que do outro lado do muro existem pessoas? — Falou Michaela se levantando brava.

— Tudo tem seus sacrifícios, é preciso mudar algo para torna o mundo melhor. E, outra, eles não são pessoas, são lixo que contamina todo o nosso bom mundo.

— Está vendo, você odeia eles mesmo antes de conhecê-los, é isso que essa merda de RATIUS quer!

— Eu não preciso conhecer eles pessoalmente, a história mostrou quem são eles, o que eles fizeram, o que eles fazem! — O irmão respirou fundo — E você acha que simplesmente vai chegar lá e eles vão te acolher, não, eles vão te matar na primeira oportunidade quando descobrir de onde você é! — Gritou o guarda com ódio.

— Eu sei o que pode acontecer comigo, mas estou disposta a correr esse risco — A garota parou e abaixou a cabeça — Eu só que quero… Viver além desse muro, de tudo isso — Falou a garota derramando lágrimas.

— Hey — o garoto colocou a mão no ombro tentando consolar a irmã caçula — Você precisa esquecer tudo isso, você tem que viver o mundo que nós vivemos, isso é o que é, e nada, e nem ninguém pode mudar, você apenas não se acostumou ainda com isso, você só precisa olhar as coisas de uma forma diferente, você me entende? Você pode fazer isso?

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