Segundas-feiras.

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Segunda-feira. Para mim era só mais um dia normal, não havia nada que me desagradasse ou que fizesse especial. Mas confesso que às vezes as segundas-feiras eram um alívio para mim, poder fugir do drama dos meus pais.

Isso começou há mais ou menos uns seis meses, quando meu pai começou a chegar tarde em casa e então sumiam talões de cheques e ele parecia desinteressado na família, a minha mãe assumiu isso como traição e desde então a minha vida se tornou um inferno. Por que não pediam simplesmente o divórcio? Será que achavam que Sofia e eu não aceitaríamos?
 
Tudo o que eu sei é que seria muito mais simples do que aguentar toda aquela discussão e os sussurros de madrugada.

— Boa aula. — Meu pai sorriu estacionando em frente ao colégio.

Como se um sorriso pudesse apagar toda a briga de sábado.

— Obrigada! — Murmurei e desci do carro.

Entrei no colégio sentindo minha cabeça latejar, mas isso nem mesmo me incomodava. Eu havia fugido da casa de Lauren no sábado antes que ela acordasse. Não havia sido um problema me esgueirar pela casa para não encontrar com Clara, não. Ela sequer passou a noite em casa e com certeza aquela já era uma situação frequente para Lauren. Ela estava sempre sozinha, e eu não podia deixar de pensar se aquilo não a deixaria deprimida.

Bom, certamente poderia atrair o tanto de garota que quisesse com o melhor dos dois mundos. Eu havia pesquisado sobre a condição de Lauren inúmeras vezes desde que descobrira o que ela tinha no meio das pernas acidentalmente. Com certeza aquilo me deixara muito confusa e extremamente curiosa. Como ninguém sabia daquilo? Como ela conseguia esconder tão bem? Não devia ser fácil, e eu não contaria para ninguém. Eu, melhor do que ninguém sabia o quanto era ruim esconder um segredo com medo de que as pessoas descobrissem.

— Bom dia. — Jessica me parou no corredor com os cabelos loiros brilhantes e um sorriso vermelho.

Umedeci os lábios e sorri para ela virando-se para abrir o armário.

— Como foi o fim de semana?

Era um pouco irritante a alegria exagerada de Jessica e às vezes eu desconfiava de toda aquela coisa de melhor amiga. Algumas pessoas achavam que ela era a minha sombra, mesmo que eu não acreditasse naquilo.

— Arg! — Bufei pegando meu livro de matemática. — Em confinamento. Meus pais não me deixaram sair, fiquei de castigo.

Bati a porta do armário e caminhei em direção à sala do segundo andar.

  — Por causa de sexta-feira? — Jessica perguntou enquanto mexia no celular com um sorriso nos lábios.

Assenti mesmo sabendo que ela sequer prestava atenção. No final do corredor eu podia ver Lauren entrar na sala de física com Alexa abraçando a cintura dela enquanto tagarelava.

Ela era muito estúpida por não perceber o quanto Lauren era caída por ela. Foi então que algo fez "clic" na minha mente.

— Vamos entrar? — Jessica arqueou as sobrancelhas loiras.

Sorri e entrei na sala.

[...]

Eu odiava o modo como a senhorita Margarett falava, parecia que haviam fatiado a língua dela e o som saía soprando. Matemática não era o meu forte, ou qualquer outra ciência exata. Mais duas horas naquela sala e eu morreria.

Jessica estava com a cabeça encostada na mesa enquanto babava em seu sono pesado. Dinah estava sentada à minha frente com os olhos semicerrados, ela conseguia mesmo dormir com os olhos abertos.

Conqueror  G!POnde as histórias ganham vida. Descobre agora