Capitulo dezoito

300 33 6
                                    

Quando eu saí dali não conseguia acreditar no que havia acontecido, uma parte de mim gritava internamente que eu estava livre, que aquele inferno tinha se acabado mas quando entrei no meu quarto sozinha e lá estava ele meu mundo desmoronou outra vez.

"Olha só... ela conseguiu, acabou com a minha vida e está tudo bem e ainda teve a coragem de tocar na minha filha." As lágrimas caíram tão depressa que eu não podia acreditar.

"Isso não é real." Dizia para mim mesma mas o que mudou?

Nada!

Exatamente, ele continuou ali, machucado e com raiva.

"Eu estou morto porra! Não vou ver minha filha crescer, não vou poder abraçar minha mulher novamente. Eu não posso fazer nada e você sai ilesa de tudo. Isso não é justo." Ele grita como se pudesse mudar algo.

"Então vai embora. Você continuar me perseguindo não vai mudar em nada, sua filha está crescendo e continuando a vida dela, com ou sem você e adivinha só, você não pode fazer nada, você não pode me machucar, você é fruto da minha cabeça e eu não vou deixar estragar a minha vida. Nunca mais!" Eu grito mais alto ainda enfrentando os meus problemas, fazendo o que deveria ter feito a muito tempo ao invés de deixar tudo isso acontecer, se eu tivesse sido forte eu não estaria como estou agora.

Eu me amaria e não estaria presa na situação que eu criei, choro, angustiada e com muita dor, eu não estaria horrível e completamente acabada, minha pele não estaria cheia de manchas e com cicatrizes, meu cabelo poderia estar bonito e eu teria um brilho no olhar. Não sentiria medo da luz e nem das pessoas ao meu redor mesmo tendo o dever de ter. Não teria acabado com o casamento dos meus pais e feito Harry passar por coisas que não deveria.

Eu não deveria ter deixado a depressão acabar comigo.

"Não foi culpa minha, a culpa foi sua! Você morreu por um erro seu! Eu não fiz isso com você, você o fez!"

Sinto os braços da minha mãe envolta de mim, ela me ancora, sussurra no meu ouvido que tudo vai ficar bem, e dessa vez eu boto fé nisso porque se eu não mudar ele vai atormentar a minha vida para sempre.

Em um momento da minha vida pensei que tudo estava perdido, que morreria daquele jeito e então Harry apareceu, ele não era o meu Romeu, ele não era um príncipe encantado, ele... bem, ele era um cara legal e de certa forma bastante assanhado. Foi uma pessoa essencial com toda a certeza, na verdade, ele foi tudo o que eu precisei mas chega em um momento em que nós só precisamos de nós mesmos e é isso o que eu sinto quando piso no aeroporto, estou de volta à minha nova-velha casa, agora é tudo ou nada e eu pretendo dar o máximo de mim para ser quem eu sou, longe de toda aquela merda. Naquele tribunal o que mais valeu foi ver aquela menina, me surpreendeu de certa forma, tudo foi mais calmo do que eu esperava se parar para repensar em todo o seu decorrer.

Não desfaço minhas malas, tiro as coisas do meu quarto com a ajuda de Harry e o pinto, um tom de beje cobre as paredes, coloco novamente a porta e mudo as coisas de lugar, quando desfaço minhas malas, arrumo peça por peça para me distrair um pouco, tiro o pó e deixo a janela aberta, sem cortinas; assim a luz do dia ilumina o tempo todo e quando o sol se põe o quarto não fica tão escuro mesmo estando de noite.

Me alimento na medida do possível, tenho o sono leve e acordo diariamente nas madrugadas por conta dos pesadelos que ainda me assombram. Vou trabalhar, agora que eu ainda tenho um emprego, não é dos melhores mas por enquanto serve, consigo tirar uma grana para ajudar com a casa e ainda consigo comprar umas coisas para mim.

"Eu já disse para você parar de pensar tanto, daqui a pouco essa carranca na sua testa explode." Sorrio para Harry que me cumprimenta com um beijo rápido.

Mind | H.S.Where stories live. Discover now