Capitulo treze

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ME DESCULPEM PELA DEMORA E COMENTEM BASTANTE

Alguns dias depois estou deitada na grama do meu quintal um bloco de papel esta nas minhas mãos e tento ocupar minha cabeça com outra coisa que não seja aquela imagem nada variada que tenho nos últimos tempos. Tento me concentrar em Harry e em como ele parece feliz e como as coisas estão dando certo para ele agora.

Está virando rotina ele me beijar e não vou dizer que não gosto, bem, é estranho sentir tudo isso ao mesmo tempo. É uma mistura tão grande de sentimentos dentro de mim que fico perdida, eu tento controlar minhas emoções para alterna-las e não me perder nos meus próprios pensamentos, o que é quase impossível.

Canto alguma música que costumava escutar e minha mãe me chama para entrar, respiro fundo e limpo minha roupa. Minha casa não está bagunçada mas a falta de algo é percebível quando não vejo mais nosso microondas, minha mãe diz que ele tá no concerto mas sei que ela o vendeu para ter um dinheiro a mais. Porém toda vez que pergunto o porquê a resposta sempre é a mesma: esqueça isso, se preocupe com sua saúde e eu com o dinheiro. Queria lhe ajudar de alguma forma mas não consigo sair e arrumar um emprego como outros jovens, as únicas duas pessoas que eu falo se baseiam nela e Harry.

Sento no sofá e lhe olho, ela está fazendo crochê, diz que a acalma, ela está de folga hoje e já é fim de tarde, os dias estão passando tão rápido...

"Você poderia praticar alguns exercícios, li em uma revista que ajuda muito na saúde o que não é novidade nenhuma." Ela me olha por cima dos óculos.

Bufo. "Não tenho tanta disposição, mas quem sabe um dia desses aí não mudo de ideia."

"Quem sabe podia considerar em voltar na clínica." Ela está cutucando, esperando outra vez uma resposta que a agrade.

"Mãe." Aviso.

"Ah Evie, vai dizer que você não sente vontade?" Ela coloca o crochê com muita força no colo e me olha séria. "Eu sou sua mãe e não sei como lhe ajudar ou você acha que eu gosto de sair e deixar você aqui sozinha passando por tudo isso." Ela suspira e tira os óculos passando a mão no rosto. "Se você não vai por si mesma faz isso por mim, ou pelo Harry."

"Eu vou tentar mas não posso te prometer nada." Ligo a televisão e finjo que ela não está ali, tentando abafar meus pensamentos com a novela que está passando.

Ser normal, isso parece tão clichê, as pessoas dizem que não existe o 'ser normal' ou 'perfeito' mas se não é como elas você é um extraterrestre, sei que eu sou louca, não tem outra definição melhor para mim, para o quê eu sou.

Eu deveria tentar, deveria sair de casa pelo menos para ir na clínica e tentar ser uma pessoa com um psicológico bom porque eu sou completamente fodida e não tenho absolutamente nada. É tão ruim parar para pensar e puta merda, eu já vou fazer dezoito anos e não faço nada. Não saio de casa para me ajudar, não consigo me expressar comigo mesma, eu sou quase um vegetal.
A voz ao meu lado concorda e olho para a minha mãe para saber se ela também o está ouvindo, eu sei que não, mas é bom ter esperanças.

Já começa a escurecer, minha mãe guarda sua linha em uma caixa e coloca na estante, ela faz tudo com calma, respirando devagar e cantarolando, não se estressar! É o que ela me fala, a companhia toca e meu coração pula. É ele! Não me movo, continuo ali sentada prestando atenção na televisão. As vozes conhecidas me fazem levantar e olhá-las. Não é o Harry.

"Evie."

"Vovó?" Minha surpresa é tão grande que não consigo assimilar se é real ou se estou vendo coisas.

"Ande minha pequena, venha me abraçar." Respiro fundo e vou até ela, enquanto meus braços rodam o seu corpo olho para minha mãe que está com os olhos fechados e apertando os braços a sua volta. "É tão bom te ver, estavam com tanta saudades da minha netinha." Sorrio.

Mind | H.S.Where stories live. Discover now