Capítulo 14 - A Fênix

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- Eu me lembro daqui – disse Nova nostálgico. – Lembro-me de ter colocado fogo naquele tapete – virou a ponta do tapete e viu a marca das chamas. – E de me divertir muito com Faísca nas guerras de almofadas.

- Esse lugar deve trazer à tona as suas memórias – disse Priscilla.

Faísca chegou com mais algumas criadas e cada uma delas trazia uma bandeja com bebidas e petiscos. Eles sentaram nas almofadas e Nova conversou com Faísca por muito tempo. Ela era a sua criada particular, era uma Elemental do fogo e sua mãe a designara para cuidar dele quando pequeno. Faísca era muito mais velha do que aparentava, devia ter milhares de anos já. Ela contou sobre a briga de Tulek com as irmãs, Tulek tinha sido acusada pelas outras, mas Faísca nunca entendeu realmente qual foi a acusação e a Musa não era de expor seus problemas a qualquer um. Depois da grande Quebra, Tulek ficou muito triste e por muito tempo não houve calor na terra do fogo por conta disso. Ela não brilhava mais como antes, disse Faísca, não tinha mais vontade. Ela proibiu a fogueira central de ser acesa enquanto o Príncipe Sol não retornasse e agora era a primeira vez que o fogo do palácio voltava a brilhar. Faísca estava muito contente. Tulek certamente iria ficar radiante de ver o filho de volta ao castelo. Enquanto eles conversavam sobre o reino, Si observava o Oráculo. Depois daqueles dias de viagem passou a conhecer melhor a moça, e notou que a julgara mal. Apesar de ainda não estar segura em dizer que gostava dela. Priscilla estava sentada numa almofada com uma taça de vinho nas mãos observando o fogo. Decidiu puxar papo com a moça. Afinal, iriam conviver por um bom tempo ainda, era melhor manter um bom relacionamento.

- Se importa? – Perguntou Si.

- Fique à vontade – respondeu ela.

- E então, o que está achando da viagem? – Perguntou Si.

- Cansativa, por enquanto – brincou ela. – Mas muito interessante. Nunca imaginei que teria o prazer de conhecer o Domo sem Tempo.

- Imagino que não esteja habituada a incursões como essa – disse Si, e não conseguiu evitar que um ar desdenhoso permeasse suas palavras.

- Assim como você – retrucou Priscilla e a encarou com um sorriso. – Ou costuma participar de incursões em Gondorle?

- Não, mas ao menos eu tive um treinamento – disse Si, contendo sua insatisfação com a resposta da moça.

- Bem, eu também tive. Mas tenho certeza que não foi tão doloroso quanto o seu, não é mesmo? – sugeriu Priscilla, e Si notou uma nota de amargura em seu tom de voz, apesar dela manter o sorriso em seu rosto.

- Escute, acho que começamos errado. Acho que a julguei mal.

- Não se preocupe. Estou acostumada – Priscilla desviou os olhos dela.

- Você me perdoa? – insistiu Si.

- Faz diferença para você a minha opinião, Guardiã? Ou apenas quer manter um bom relacionamento, já que conviveremos por alguns dias ainda?

- Estou tentando ser gentil com você – disse Si, já sem paciência.

- Não seja – disse ela, e pela primeira vez deixou a postura hostil. – Sou um Oráculo, Guardiã. Não gosto de ser tratada politicamente quando sei que o que mais quer é que eu me mantenha afastada de seu marido.

Si ficou muda por um momento. Ser política era o que ela tinha feito desde que retornou à Gondorle. Agora, fora do trono, notava que não sabia mais como ter outro comportamento.

- Não está mais no trono – disse Priscilla, como se lesse os seus pensamentos. – Agora é uma Guardiã. Seja fiel à sua natureza. Se tem ciúmes, admita. Se quiser gritar, grite. É mais louvável do que manter uma postura infiel ao que seu coração manda.

As Espadas de Cristal - A Saga da Legião Branca - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora