Disfarce

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A chuva começa logo de manhãzinha. Seu som logo é familiarizado em meu cérebro e bocejo me soltando dos braços do moreno, que ainda dormia. Acordo abrindo os olhos e sentando na cama, o menino se remexe e acaba virando-se para o outro lado, o olho por alguns instantes, eu estava me apaixonando, aquilo me corroía por dentro, como posso amar ele sem o conhecer?

Amor é tão estranho. Pego meu celular que desperta em um som alto fazendo o outro estremecer. Desligo o som irritante e o abraço, deixo meus braços caídos sobre os seus, de um tom natural e escondo meu rosto em sua nuca. Beijo fraco o local e o acaricio com a ponta de meu nariz.

-Tae... Vamos acordar?

Eu sempre acordo cedo, só não levanto da cama na mesma hora. O garoto segura minhas mãos, me prendendo a si, sorrio e deposito um novo selar na mesma área, porém mais úmido. Me sentia casada, era tão bom acordar com alguém, depois de meses sozinha, já me via assim com ele nos próximos dias.

-Tudo bem..

Sua voz grossa sonolenta veem em minha direção sendo abafada por conta da coberta que cobria metade de seu rosto, ele se vira para mim.

-Se você quiser deitar mais... Eu faço o café e te chamo

-Não precisa...

O mesmo diz se levantando e bocejando, sorrio o olhando se ajeitar e saio da cama. Na cozinha, deixo os pães sobre a mesa junto com os demais para saborear o produto do trigo. Da geladeira, tiro as bebidas, leite, iogurte, entre outros que ele poderia gostar. Ando passos largos até o armário e retiro o que usaria para fazer o café, no fogão, deixo a água esquentar o e ajeito a garrafa térmica para o líquido quente e delicioso que lá habitará. Taehyung chega no cômodo, se sentando na cadeir,a coçando seu olho bom, o roxo em seu outro meio de visão, apresentava pequenas manchas amarelas, havia sido muito forte o golpe,pronto para começar a comer, ele corta o pão e inicia sua refeição.

-Ainda dói?

O olho aguardando resposta, voltando os seus a mim, o menino pisca algumas vezes e nega apena com a cabeça.

-Pode me explicar o que aconteceu?

-Eu voltava para casa, depois de tirar o lixo. Quando um homem me empurra na parede e me acerta com um soco em seguida.. Não tive tempo de reagir..

Imagino que seu orgulho foi ferido com essa experiência, mas permaneço calada para que ele continue a história.

-Então, depois de me bater, ele recolhe tudo o que eu tinha e me xinga... Você chega gritando depois...

-Você conseguiu falar com os meninos?

-Não... Achei que nos tínhamos um contato com as fãs mas, percebo que é realmente impossível falar com eles

Ouvir ele debochando me faz refletir, agora ele sabe o que nós passamos, talvez isso sirva para ele refletir quando voltar para a tela do meu celular.

-Vou terminar o café..

Levanto e termino o que havia iniciado em parágrafos anteriores. Sirvo ele, depois a mim.

-Eu imagino que talvez você não possa sair por conta dos riscos e sua aparência..

Tae me olharam sério e não diz nada.

-Não que você seja feio ou que eu queira te sequestrar, mas talvez ainda não seja seguro..

-Eu pensei nisso durante a noite. Infelizmente, eu concordo com você

Não imaginei que ele entenderia, mas fico aliviada, só que ainda tinha que ir trabalhar.

-Ás 9h irei trabalhar, trago algo para você.

O menino me olha triste e deixa seu alimento encima do prato.

-Eu não quero ficar sozinho...

-Mas se você vier comigo...

-Promete que me comporto... Fico quieto, finjo ser seu irmão, não sei..

Realmente, ficar o dia inteiro sozinho, na casa de um estranho, nada emocionante.

-Vamos fazer assim... Você vem comigo, depois vamos as compras, eu não tenho muitas roupas para você mesmo

O garoto volta a comer sorrindo e me sento mais perto de ti.

-Mas eu fui roubado... Não tenho mais meus cartões..

-Tudo bem, eu pago

Novamente ele interrompe seu ato e me olha de uma forma desconfortável.

-Não aceito

-Aceita sim, não quero você andando pelado em casa

Ele não leva para o lado do humor e encara sua xícara, entendo que ele não queria incomodar, mas são coisas necessárias.

-Eu acho que não vamos gastar muito... Só algumas peças... Afinal eu não sei quando você irá me deixar..

O moreno me olha e percebe minha tristeza, meus sentimentos perante a ele eram bem transparentes, mesmo eu não querendo. Segura a minha mão e eu o olho sorrindo fraco.

-Eu me sinto horrível...

-Está com dor?

-Não não eu só... Não concordo com isso, acho injusto

-Tae... Eu prometi que faria de tudo por você, como uma mãe e eu farei isso

Entrelaçou nossos dedos e beijo sua mão de leve, acariciando em seguida com a minha outra mão.

-Eu não quebro minhas promessas

Eu me lembro que, nossa primeira manhã juntos pode não ter sido tão romântica, mas foi bom. Horas se passaram e eu o ajeitei conforme meu gosto, ele parecia outra pessoa, ainda bem. Chegando no meu serviço, disse ao meu chefe que ele era companheiro e que estava procurando um emprego.
O mais velho entendeu que, o jovem era meu namorado e deixou ele parar ajudar no estoque, assim ficaríamos sozinhos e seria muito bom.

-Segura a escada?

-Claro, assim ?

Firma suas mãos na escada que eu me equilibrava e assim que termino de ajeitar a caixa no topo, sorrio o olhando.

-Muito bem, agora me segura

-Pode vir

Finjo que pulo, descendo normal, deixo minhas mãos em seus ombros e ele me retribui o sorriso. Eu amava aquilo.

-Sabia que eu amo te ver sorrir?

O moreno encara seus pés e eu aproveito para selar sua bochecha. Assim que me afastaria, o garoto segura meu rosto por segundos contados e me rouba um beijo. Não nos afastamos, mesmo com nossos lábios separados, nossos olhares se encontram e conectam, ele me olhava de uma forma diferente, mas eu, ainda com o mesmo sentimento. Eu o amava. Não tinha mais dúvidas sobre isso.

-Você não disse que gostou do meu beijo

Rio fraco e ele confirma isso com outro selinho, mais demorado e sentimentalista. Eu finalmente estava começando a ser retribuída. Conforme a extensão do beijo dura, eu cesso o espaço que nossas salivas mantiveram e o beijo correspondido, já não eramos mais dois estranhos.
Meu chefe entra no local discreto, ainda apaixonada e perdida naqueles lábios viciantes, não o escuto se aproximar e tossir.

-Preciso que você limpe a prateleira da sessão das bolachas

Rompi nosso ato no mesmo instante, olho meu patrão nervosa e surpresa por sua presença.

-Isso já era de se esperar, mas você ainda está em horário de trabalho, apenas cumpra seus afazeres

Meu primeiro dia de trabalho com ele foi cansativo apesar de tudo. Sua companhia me ajudou muito e as brincadeiras que fazíamos animou meu dia, não via mais TaeHyung como um Ídolo, eu o via como alguém que eu não queria mais perder, como se ele me completasse. Me perguntava todos os dias se ele sentia o mesmo... Hoje, infelizmente, eu já tenho a resposta..

My babyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora