| C A P Í T U L O 1 |

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Eu queria muito evoluir minha vida mas eu não saio do lugar. É um ciclo.
Queria ter adormecido desde o dia 1 de janeiro desse ano até o ano que vem, acordar e falar "QUE PESADELO TERRÍVEL! QUE SONHO PÉSSIMO!".
A realidade tá cruel demais, eu estou cruel comigo mesmo, e a situação não está mudando nem fazendo nada pra mostrar o contrário. E eu sei que bem que não vai. Porque a realidade é essa.


Estou no posto de gasolina no local em que trabalho, fui contratado por um cara gordo e fedido que fumava um maldito palheiro que me dava náuseas, o maldito ainda jogava a fumaça na minha cara. Odeio ele.

O desgraçado me ofereceu um maldito de um emprego nesse maldito posto, um posto completamente abandonado no meio do nada, a cidade fica 10 km daqui, quase não aparece ninguém e o dinheiro que eu ganho é a metade do que consigo por mês. Ele me ofereceu esse emprego depois de me encontrar em um beco das ruas de Seul. Não tenho memórias claras, mas existe uma que me perturba a todo momento e era por isso que eu estava encolhido naquele beco. 

Eu vi minha irmã, sendo morta. 

Mas esse cara... ele me incomoda, por não ter acesso a lembranças nítidas eu claramente não posso confiar em ninguém. Quando algo te falta ser lembrado, deve se confiar nos seus sextos sentidos. Eu o odiava, talvez não pela pessoa, era mais pela presença, me incomodava. 

- Talvez hoje você receba algumas visitas indesejadas. Infelizmente vou ter que te deixar sozinho, tenho algumas coisas para resolver. Qualquer coisa, foge. - De todas as vezes que esse maldito falava eu fazia o máximo para nunca entender e nem sabia o que eram as coisas sobre a qual ele falava. Mas essa foi a maior besteira que esse bêbado conseguiu dizer. 

Ele entrou em seu carro dando partida e jogando pela janela uma nota de 20$. Abaixei, peguei o dinheiro e minha mente se esvaziou, entrei na loja do posto e fui procurar algo pra comer.

Sentei do lado de fora da loja, sentindo aquele cheiro terrível de gasolina, eu estava acabado, mas gostava de ficar sozinho, assim eu poderia chorar em paz. No entanto, nesse dia eu não consegui derramar nenhuma lágrima, eu estava completamente seco, meu coração apenas se apertava. Eu sou um homem sem perspectiva e nada pior do que não encontrar sentido em sua vida.

Eu me fazia perguntas como; porque eu não conseguia sair correndo daqui? Por que eu insistia em trabalhar nesse lugar? Sera que estou desaparecido e as pessoas não conseguem me achar? 

Não consigo me lembrar de minha infância, não consigo ter memórias, só lembrava da minha irmã e quando eu vi estava nesse maldito posto.

Comi minha comida enquanto vagava em pensamentos forçando alguma lembrança ou reposta. As horas passaram lentamente.

Me levanto para fechar o posto, era umas 20hrs. Fechava mais cedo quando o gordo não estava.
Pego as chaves da conveniência indo em direção da porta para fechar, e o brilho dos faróis de um carro refletem no vidro da porta, me viro e um carro verde vindo em direção ao posto, o seu modelo era um Breeze. Vou em direção ao carro, guardando as chaves no bolso e em seguida surgem mais seis carros, dessa vez pretos e idênticos. Apenas o verde tinha placa e era diferente.

Meu coração ficou acelerado, me lembrei do que o gordo havia me dito. Fiquei com um sentimento estranho, ao mesmo tempo que meu corpo mandava sinais de impulso para correr, algo me fez ficar ali, completamente estático. Os carros pararam no posto, meus olhos estavam arregalados, ninguém desce do carro até então.

Alguns longos segundos se passaram, quando se está apavorado e perdido, cada segundo se torna minutos, um homem abre a porta e desce do carro, ele estava de jaqueta com um moletom preto, estava com enorme sorriso no rosto.

- Te encontramos! - Ele fala e ergue os braços para o céu. - O chefe está de volta! - Fiz expressão de dúvida, tirei meu boné, dei uma ajeitada e o coloquei de volta. Não sabia o que estava acontecendo e como estava sem reação foi a única coisa que se passou pela minha cabeça.

- Ele está bem? - Disse outro homem saindo do carro vindo em minha direção. Dei um passo para trás.

- Ele não está reconhecendo a gente. - Outro homem saiu de outro carro parando ao lado do primeiro que havia saído. Em seguida sete homens descem do carro, todos parados a minha frente, o posto ficou minúsculo. Eu quis correr. Mas estava em desvantagem e não podia demonstrar medo.

- Quem vai querer que eu abasteça o carro primeiro? - Disse tentando disfarçar o nervosismo. 

- Acho que vai querer ver uma coisinha antes... - Um deles diz abrindo a porta de trás de um dos carros, saindo de lá uma pessoa...

Era minha irmã.

Através da Cena - BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora