C9 - Primeiros Sintomas

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Ainda refletia muito sobre a noite anterior e a atitude de Lauren, não era nem um pouco convencional e nem o que eu faria em seu lugar, mas não poderia julgá-la por ser diferente de mim.

As explicações de Lauren me diziam onde esteve na noite de sexta, mas não os barulhos e os ferimentos nas mãos de sua mãe. A conversa de Chris e Taylor não se tratava do desaparecimento de Lauren e sim do que aconteceu durante sua criminosa saida.

Me perguntava como as coisas se passavam em frente aos meus olhos e eu dificilmente percebia.

Me sentia mal ao seber que Lauren era capaz de tomar atitudes tão drásticas. Como poderia alguém ser tão impulsivo? Minhas mãos tremiam só de pensar na hipótese de Lauren ser presa.

Eu havia mentido por ela, eu nunca mentia, mas havia feito isso sem pensar duas vezes em meus valores morais e éticos. E se quer me culpava por ter escolhido a mentira, o que isso significava afinal?

O fim de semana se passou de maneira leve e divertida. Lauren e eu não conversamos sobre assuntos muito relevantes, mas a presença da garota se tornou algo agradável, algo tão natural quanto a luz do sol que radiava em meu rosto em todos as manhãs.

Lauren cedeu à minha vontade de obrigá-la a assitir Grey's Anatomy comigo. Eu já havia assistido à série inúmeras vezes e me segurava para não repetir as falas dos personagens, já gravadas e repetidas inúmeras vezes em minha cabeça. A garota reclamou pelos primeiros vinte minutos, mas logo se envolveu ao enredo e aos personagens.

Passamos o restante do sábado e domingo vidradas na televisão. Sempre que desejava fazer algo diferente, a garota se fechava como uma ostra e só abria seu sorriso novamente quando eu me sentava ao seu lado para fazer companhia a ela.

O tempo parecia correr quando estava com Lauren, quando dei por mim já chegava à uma da manhã de segunda. Estava morrendo de fome, mas entretida demais para perceber. Ela sugeriu que fizéssemos um lanche e caminhamos tentando abafar nossos risos bobos para não acordar o restante da casa.

— Qual é o menu do dia, Jauregui? – pergunto me sentando e observando a garota que caminhava rumo à geladeira com seu curto blusão de basebol e seu largo moletom preto.

— Qualquer coisa que der para pôr dentro de um pão – ela disse abrindo a geladeira. Após olhar por alguns segundos a garota tira alguns ingredientes e põe na mesa.

— Não posso comer nada muito pesado durante a noite, se não terei pesadelos.

— O seu maior pesadelo está se concretizando agora, você está em minha casa e provavelmente não sairá daqui com vida.

— Não se comer as coisas que você prepara na cozinha. – brinco.

— Eu já fiz maravilhas nesta cozinha, minha cara Camila. – ela se gaba pegando uma frigideira e pondo no fogão.

— Não duvido dos seus dotes culinários. – confesso.

— Eu não me referia à culinária... – a garota tinha seu leve sorriso lateral estampado em sua face. Seu olhar se desvia para o balcão da pia e seu semblante muda, imagino o que a garota havia feito sob aquela estrutura de mármore.

Posso sentir minhas bochechas se esquentarem com o silêncio do ambiente e meus pensamentos que gostava de manter bem longe. eu estava maliciando com as palavras ditas por Lauren, e eu não costumava levar as falas das pessoas para o duplo sentido.

Continuamos no silêncio mortal até a garota terminar de preparar os dois sanduíches e pôr-los sob a mesa que nos sentaríamos.  A expressão da garota dos olhos verdes era satisfeita com se estivesse feliz por finalmente ter conseguido me fazer corar.

Enquanto Houver SolWhere stories live. Discover now