Um lugar secreto.

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Acordo me sentindo bem. Meu corpo parecia estar tão descansado, que poderia correr uma maratona sem ao menos me cansar com isso. Mas havia a sensação de Deja vu em mim. Era como se todo lugar que íamos fosse atacado por Aisha, e tivéssemos que fugir disso, sem ao menos conseguir focar direito na missão. O que na realidade acontecia. De certa forma tenho que ter certeza de que isso nunca mais vai acontecer.
Olho para o lado e vejo James dormindo profundamente, abraçado a mim como se eu fosse fugir. O cheiro dele é leve, de sabonete com roupas limpas. Seus dourados cabelos brilham como os meus jamais brilharam. Seu rosto está calmo e confuso. Parece estar num sonho profundo da qual tenho medo de atormenta-lo ou acorda-lo. Apenas fico o observando e percebendo como ainda quero que ele prove que é o James de meus sonhos e que meus sentimentos não sejam feridos por ele jamais. Mas ainda sinto algo de ruim vindo dele, algo que não consigo explicar. É uma sensação que incomoda meu coração, o consumindo e criando possibilidades em minha cabeça. Mas sei que isso só são minhas inseguranças e devo acreditar que ele possa sim me fazer bem e feliz.
Lembro de como tudo isso começou a ficar intenso. De como eu me senti ao saber que ele não iria viver só em meus sonhos mas sim também na minha realidade. Longe de tudo me sinto confortável para poder sentir o que sinto por ele, pois na agitação o sentimento fica confuso, vendo ou pensando ter visto ele com outro. Mas me vem à cabeça de como Murilo sempre se aproximou de mim, desde quando nos conhecemos, aos 7 anos de idade. Ele morava na frente de minha casa e sempre íamos para escola juntos, mas ele andava com o pessoal mais velho e eu com Yan e outros deslocados. E que conforme o tempo ele começou e se aproximar, mais e mais. Até que quando ele soube que James estava por perto decidiu colocar as cartas na mesa e jogar com tudo. Mas não tenho os mesmo sentimentos por ele. Eu gosto muito do Murilo e se perder ele será como perder uma parte do que eu tenho. Mas preciso manter sempre a posição de quem eu realmente amo, e não é ele quem amo.
Tento colocar em minha mente a confusão de tudo que está acontecendo. Como não conseguir nem se quer pensar em um momento no que estou pensando agora ?
A adrenalina das coisas acontecerem tão rápido que me fez agir como se não tivesse pensamentos ou como se tivesse esquecido de refletir sobre as coisas. Mas agora aqui em paz com James percebo em como estou tão deslocado do que estava antes. De que estou deixando tudo isso bagunçar minha vida sem ao menos tentar me manter focado em algo e deixar que o resto aconteça naturalmente.
Então, deitado aqui com James sei que devo focar em achar as relíquias da lua e acabar com tudo isso, mas não vou deixar de lado o que quero com esse homem deitado, agarrado a mim, e seu passado. Sinto que tenho o direito de saber o que ele foi e deixou de ser no passado para que eu possa entender o que ele se tornou de lá pra hoje. Não quero perde-lo agora que o encontrei, mas espero que ele saiba me contar as coisas e se abrir pra mim da mesma forma que quero me abrir pra ele, se não será mais uma guerra que vamos enfrentar. Só que será uma guerra interna entre nós dois.
- Elano ! - James me abraça forte todo desesperado - Você acordou, finalmente !
- Por quanto tempo fiquei inconsciente ? - Perguntei pois pelo jeito como estava desesperado eu devo ter ficado meses dormindo.
Ele me olhava apaixonado e o desejo estava estampado em seu rosto. Ele era lindo apaixonado por mim e o jeito como parecia que iria chorar me fazia querer mais e mais ele.
- Quase um mês inteiro... - Ele olhou para baixo, desanimado e carente.
- Uau - Sussurro e busco um modo de fazê-lo sorrir - Me abraça forte.
Ele me abraçou bem forte. Isso meio que me sufocou mais de certa forma foi o melhor abraço que ele já me deu. Sentir ele ali perto de mim me faz lembra a época em que sonhava com ele assim, abraçado a mim deitados na cama sem preocupações ou medos.
- Cadê todo mundo ? - Minha preocupação com os outros era evidente. São meus amigos.
- Estão todos bem e muito preocupados com você - Ele me olhou colocando seu dedo indicador nos meus lábios - Senti tanto sua falta...
Eu sabia o que ele queria mas não poderia ser agora nesse momento. Quero esperar até que tudo isso acabe para podermos tentar coisas além do que imaginamos existir entre nós. Mas ao perceber isso seu ânimo acaba, mas ele ainda mantém seu sorriso perfeito no rosto. Jovem e bonito demais pra me amar. Encaro minha alma triste e carente. Pensar que jamais poderia receber um amor tão grande de um homem tão lindo e misterioso como James já me faz voltar a pensar que ele poderia não ser o meu James.
- Minha tia... A cidade... - Aquilo me assustou de imediato. A cidade dos modernos havia sido atacada por Aisha.
- Calma, está tudo sobre controle, sua tia e outros anjos conseguiram retardar Aisha - Me respondeu James, observando minha expressão - Ainda estamos na cidade dos modernos. Sua tia nos impediu de ir embora e queria ter a certeza de que você estaria bem.
- Sim, a preocupação dela me fez ficar, ou melhor, nos fez ficar. Pois estamos nesse Deja vu a tempos, estando em um lugar, ser atacado por lá, e ter que fugir pra outro lugar em que seriamos atacados - Olho para ele, preocupado - Mas como minha tia disse que Aisha tinha uma ligação misteriosa comigo e você, a possibilitando de saber aonde estamos a cada ataque.
- Será ? - James se questiona me olhando com alerta.
- Pode ser só pelo fato de sermos atacados em qualquer lugar - Falei um pouco estressado. Me levantei da cama, nu, e olhei para James.
Ele me olhava sem reação. Estava me encarando com fascinação e susto. Uma mistura perfeita de quem está babando e sem jeito ao mesmo tempo.
- Existe uma forma de quebrar a maldiç....
- Não ! Você não vai ser um deles ! - Grita James desesperado, se levantando e se aproximando de mim - Vou achar outra forma, e não vou permitir você se transformar em um... Um Hebrai... Pra acabar com esse inferno.
Suas palavras saíram como um desabafo ou medo ? Não dava pra saber já que parecia louco ao falar aquilo. Mas de certa forma sentia o mesmo que ele. Medo de perdê-lo nisso. Mas a pergunta que estava evitando perguntar para ele de forma negativa era, por que ele não queria que eu me tornasse um hebrai?
- Eu vou dar um jeito - Ele segurou meu rosto, a raiva e o medo estampados no seu rosto.
- Nós vamos - Digo e tudo que consigo é me virar e seguir para o banheiro que ficava na porta atrás de mim.

Revolta das trevas (Em 2026) ✍🏻Where stories live. Discover now