Tio Carlo procura pelo Sobrinho

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Depois de vasculhar na internet atrás de preços e modelos de berços para Daniel, fazer anotações, escolher o quarto, chamar algumas pessoas para ajudar na desocupação do quarto, foi aí que eu e Juliette conseguimos sentar, descobrimos que estávamos acordados a mais de 18 horas, eu me sentia exausto, Juliette também.

- Meu celular... - Juliette puxou a bolsa e pegou o celular na mão. - Minha Mamãe...

- Não há ignore. - Pedi a olhando sério.

- Oi mãe. - Juliette colocou o celular no viva voz.

- Como está sua irmã? - Sua voz estava seca, parecia que tinha ligado apenas para não parecer tão ruim assim.

Juliete e eu nos olhamos.

- Em estado grave... - Soltou ela de um vez, parecendo chateada com a mãe. - A cabeça dela está aberta... Ela tem 72 horas para lutar para viver.

O silêncio se fez presente por um tempo.

- Eu sinto muito... Muito mesmo. - A voz dela agora parecia abalada pela informação.

Provavelmente estava esperando por algo simples, baixei a cabeça, por mais que Renê dissesse que não a amava como uma filha de verdade, se importava de alguma maneira.

- Já contou para seu pai?

- Não... Vou esperar ele se recuperar... Dentro de algumas horas estará entrando em cirurgia, não dá para contar agora.

- Está bem... Venha para casa, querida.

- Eu vou ficar com Louis, temos que arrumar o quartinho do meu sobrinho que nasceu... Não vai perguntar dele?

- Como ele está?

- Bem... Se os paramédicos tivessem demorado um pouco mais para tirarem ele do ventre da minha irmã, ele teria morrido.

Fiz um sinal para que permanecesse calma, agora não era hora de discutir e culpar, Renê teria que carregar essa tragédia de qualquer jeito, Juliete soltou o ar com força, começou a chorar.

- Eu tenho que desligar, eu estou cansada e... Logo tenho que voltar ao hospital, porque agora eu tenho três pessoas que eu amo muito, internadas.

- Descanse... passe aqui quando for, quero vê-los.

Sacudi a cabeça lentamente de que não passaria por lá, no meu carro Renê não entraria, estava muito magoado com ela, uma pessoa que sempre me incentivou a ficar com Monika, e agora eu nem sabia se tinha Monika, não queria pensar nisso, não queria imaginar que Monika iria me deixar desta forma, Daniel precisa dela, eu preciso dela.

Deitamos um pouco, praticamente dormi sentado, minha cabeça latejava, por fim, fui acordado com os passos do meu tio entrando às pressas em casa, afobado e preocupado.

- Como você está meu filho? - Ele pegou no meu rosto.

- Bem, tio. - Respondi segurando suas mãos. - Monika é que não está bem.

- Me conte o que aconteceu? Vi seu carro. - Ele se sentou à minha frente.

Dei de ombros, me sentia um lixo, relatei a ele o que aconteceu e o que ouvimos de Renê, meu tio ficou de boca aberta com a revelação, contei a ele sobre o acidente, nisso já estava tentando secar minhas lágrimas, não era fácil estar em casa, esperando por notícias, o sentimento de impotência era grande.

- Como ela pode ser tão.... Leviana assim? - Disse revoltado, falando baixo. - Porque não levou com ela esse segredo? - Passei as mãos no rosto, bufei cansado. - Eu estou tão... Cansado, destroçado. - Olhei para o meu tio. - Eu estou perdendo a mulher que eu tanto amo, tanto lutei para ter...

- Não diga bobagens... - Meu tio tentou me consolar.

- Mas é verdade... Quem ela vai ser quando acordar? Como vai ser?

- Só o tempo dirá, filho... Se ela acordar, vai precisar de muita ajuda, muito amor, muita paciência e estamos aqui pra te ajudar no que precisar.

- Obrigado.

- Bom dia Sr. Carlo. - Juliette entrou na sala, deu um beijo em meu tio e se sentou.

- Vou pedir para que preparem o café para nós. - Me levantei, meu corpo estava moído.

SEGREDOSWhere stories live. Discover now