Indo ver as estrelas

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Desviei o olhar para o céu, a noite estava linda, o céu estava cheio de estrelas, me lembrei que tinha um telescópio guardado, me veio uma ideia para nos divertirmos um pouco.

- Quer ir ver as estrelas comigo?

- Seria interessante.

Levantamos, entrei para dentro de casa.

- Tem chá, pode se servir se quiser.

- Obrigado, mas eu prefiro levar algo mais forte para a gente beber.

- Você é quem manda... - Disse lá do escritório, puxei uma maleta de quase um metro de comprimento, era pesada, mas era um telescópio potente.

- Onde vamos? - Ele perguntou me ajudando a carregar a maleta que passei para ele.

- Sabe a fazenda onde foi o casamento de Juliette?

- Sim, eu sei. - Ele sorriu.

Pegamos a estradinha, no banco traseiro levava uma pequena cesta com duas taças, uma champanhe, algumas fritas para acompanhar.

- Este é a fazenda do meu pai, ele cultiva uvas para vinho, mas não fabrica.

- Apenas é um produtor.

- Isso...

Caminhamos até as luzes da pequena cidade não serem mais visíveis, coloquei o lampião artificial no chão e com cuidado montei o telescópio, ajustei o foto e eu e Christian passamos a observar as estrelas, planetas, rimos muito e nos sentamos ao chão depois de cansar de ficar em pé para observar.

Uma toalha de mesa foi estendida, Chris estourou a champanhe, despejou o líquido em nossos copos e brindamos a nós, por um tempo ele contou sobre a sua irmã mais nova, que tinha finalmente entrado para a universidade depois de escolher o curso, sua mãe mora na Inglaterra, depois da morte do marido, não suportou mais ficar na França, apenas vem uma vez por ano, no aniversário de morte, aquele assunto já estava me deixando cansada, então resolvi mudar de assunto.

- Qual é o número do seu carro?

- Você não sabe?

- Não... eu não acompanho as corridas e não vivo aqui... - Dei de ombros, virando o restante do líquido na boca, Chris puxou a garrafa que estava ao lado dele e entornou para encher meu copo, não estava percebendo, mas ele mesmo não estava bebendo, então estava me embebedando e eu aceitando.

- É uma Ferrari e levo o número 5.

- Número 5... - Disse baixo.

- Vai me ver correr neste fim de semana?

O olhei de imediato, não sabia o que responder, virei o líquido na boca novamente, ele sorriu de lado.

- É só uma corrida... não estou te obrigando a ir como minha namorada... Mas gostaria que fosse.

- Olha... Eu não... - Fiquei atônita. - Me desculpa.

- Tudo bem! - Disse ele chateado.

- Não faz essa cara, por favor, eu só não gosto.

- Eu já disse que tudo bem. - Ele torceu a boca. - Amanhã estou indo embora e gostaria muito do seu contato ou endereço pra a gente se ver ou se falar, já que você foge de um relacionamento, pelo menos a amizade eu queria ter com você.

- Não disse nada, me deitei na toalha, apoiando a mão atrás da cabeça.

- Como se tornou fotógrafa? - Ele se deitou ao meu lado, se virou para ficar me olhar, apoiado a cabeça na mão.

- Bem... - Comecei sorrindo e lembrando da minha pré adolescência. - Eu passava horas olhando para um lugar, meus pais não entendiam aquele meu comportamento e depois de muitas idas ao médico e com o mesmo diagnóstico, que eu era normal...

Christian caiu na risada, pois discordava completamente e ele me falava isso a todo o tempo.

- Esse médico é muito bonzinho, não queria internar uma mulher tão linda, seria um desperdício.

- Cala a Boca. - Dei uns tapas nele, gargalhamos.

- Continua... - Pediu ele.

- Então... Um dia meu pai veio e se sentou ao meu lado, ficamos em silêncio até que perguntou o que eu olhava tanto... Foi aí que ele descobriu que eu olhava para um lugar para guardar na memória aquele momento. - Respirei fundo. - Dias depois ganhei uma máquina fotográfica Polaroid, essas que bate foto e já sai pronta.

- Há... Eu tive uma daquelas...

- Eu tenho a minha até hoje e aonde eu vou, eu a levo, só não trouxe para cá.

- E por que sua mãe tem raiva?

- Por que eu deixei de conversar para sumir de casa e ficar tirando fotos. - Sorri animada. - Aos meus 17 anos encontrei com Robert Thomas, ele estava passeando pelo sul da França, o pneu do carro dele furou, então ele parou para trocar e eu fiquei escondida tirando fotos dele até que me descobriu, ficamos uma hora conversando, pagou um bom dinheiro pela minhas fotos e foi embora.

- Nunca mais o encontrou? - Christian me olhava surpreso.

- Sim... Muitas vezes. - dei risada. - Faço muitos trabalhos para ele para NY Times.

- Olha só!... Garota é famosa, todos a querem.


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