Hospital

149 9 5
                                    


Alice ficou duas horas com aquela caixa na mão, sua cabeça ia a milhão, e apesar de querer saber quem era a pessoa que mandava os presentes, tinha medo que todas essas sensações estranhas passasse e não gostasse dela.

Quando ela desistiu de descobrir os mistérios da vida, ela ligou pra Bia e a chamou pra cair na noite paulistana e as duas foram.
Bia com shorts dois palmos, bota preta até o joelho e uma blusa caída no ombro preta com um pouco de glitter e aberta atrás. Alice adotou um salto roxo escuro, calça jeans muito apertada e uma baby look branca com um cinto marcando a cintura. Ambas com o cabelo solto. Entraram na filha para esperar a casa abrir.
Assim que pararam no fim da fila, duas garotas vieram conversar com elas. Quando Alice olhou para o lado, Bianca já estava beijando uma delas. "WTH?" - balançou a cabeça negativamente e tentou manter um diálogo com a menina que restava.
Alice ficou com ela, até a casa abrir, se cruzaram duas vezes lá dentro, mas nada relevante. Bia e Alice entraram juntas, era a famosa festa do farol, ambas com pulseiras verdes. Foram na chapelaria, deixaram a bolsa, mas ficaram com os cartões de crédito no bolso.
Em 5 minutos de casa aberta, já estava razoavelmente cheia, elas foram dançar logo de cara, pouco depois já vieram mais duas meninas com copos de whisky nas mãos. Alice bebeu num gole e começaram a dançar, as quatro. Até tentaram conversar, mas não estavam se ouvindo, então Bia dispensou a menina, mas ficou com a bebida, Alice se empolgou com a outra e foram pro sofá. Com alguns copos de vodka já vazios e uma Alice já sem saber o nome.
Bianca ficou sozinha por dois minutos e por fim arrumou um menino, que era mais feminino que ela, mas era um menino.

Alice não conseguia ficar muito tempo com outra pessoa, talvez alguém tivesse colocado alguma coisa na bebida dela ou precisava de algo nela. Qualquer pessoa de costas, com cabelos longos e pretos ela achava que era a Manuela...

[Alice] – Bia. - Disse tropeçando numa das pernas – a Manuela tá pegando outra menina.
[Bianca] – Quem te falou?
[Alice] – Ali oh! - apontou
[Bianca] – alguém ali te falou isso?
[Alice] – Não! - Fez voz de choro – Ela tá ali com outra.
[Bianca] – Oh sua lo-u-ca! Não é a Manuela ali! Aquilo nem é uma menina!
Alice olhou de novo...
[Alice] – Aé, né?! - Ficou parada por um tempo. - Ali ó, é ela.
[Bianca] – Desiste, ela nem tá na cidade Alice!
[Alice] – claro que tá, eu a vi hoje, até abracei ela.
{Bianca] – QUERIDA! - disse irônica- ela ainda tá no sul! Ela não voltou.
[Alice] – Mas ela gritou Alice!
[Bianca] – Você tá precisando de tratamento de choque, meu bem. Eu vou te por num táxi e você vai pra casa.
[Alice] – tá bom.
Bianca a levou até a saída, chamou um táxi e voltou pra dentro. Quando Alice chegou em seu quarto, não conseguia acender a luz, fechou a porta no escuro, jogou a bolsa no chão e tentou achar a cama vagarosamente.
[Alice] – Quem tá ai? - Disse ouvindo barulho de alguém passando por ela e da respiração – QUEM TÁ AI?- tentou chegar na porta, mas entrou no banheiro e novamente não conseguiu acender a luz, ela respirava rápido, mas não conseguia gritar. Se encolheu entre o vaso e o bidê e lá ficou, assustada, até dormir. No dia seguinte ela acordou com as costas em frangalhos, olhou onde ela estava e não conseguia se lembrar o que tinha acontecido.


Segunda-feira era dia da camiseta, ela escolheu e preferiu a preta. A resposta era clara, ela não queria mais aqueles joguinhos, na verdade, Alice sabia que estava ainda alucinadamente apaixonada pela Manuela, mas não cabia a ela apenas querer ser feliz. No final nas contas, toda a rebeldia e a tentativa de desapego, foi em vão.
Pegou o celular e ligou pra Manuela, Lisbella atendeu...
[Lisbella] – Alice? Nossa! Você tá viva.
[Alice] – Eu to, e você?
[Lisbella] – To viva por dois.
[Alice] – Vai me dizer que você tá gravida?!
[Lisbella] – Pois é. Quer ser a madrinha?
[Alice] – Nossa, assim do nada?!
[Lisbella] – Pra que pensar? Pensar cansa.
[Alice] – Quer ser burrinha pra sempre?
[Lisbella] – tá me chamando de burra? Sua... sua...
[Alice] – Então, o que eu posso dar pro meu afilhado? - Interrompeu-a
[Lisbella] – O carrinho, claro.
[Alice] – Já imaginava. Tudo bem, sabe da Manu?
[Lisbella] – Ela tá em santa Catarina.
[Alice] – E tem como achar ela?
[Lisbella] – Tem, ela vai fazer show lá amanha.
[Alice] – Está sugerindo que eu vá até lá?
[Lisbella] – É o que parece, né?! Ela não vai te atender por telefone.
[Alice] – Nem imagino o por que, mas ok.
Se despediu e viu no site oficial da banda e viu o local do show. Ligou para Elisa e pediu conselhos e decidiram...

Elas não tinham nenhum plano, Alice esperava que Manuela quando a visse, largasse tudo, os sonhos, para ficar com ela.
Alice comprou o ingresso, na pista vip. Manuela não apareceu. No final do show ela foi perguntar pro produtor. Ele disse que ela estava internada. Que estava insuportável e a banda já não aguentava mais ela. Levaram Alice para vê-la. Manuela estava abatida, 10 quilos mais magra, quase assustava quem entrava. Alice quase não a reconheceu. Manuela não se lembrava de muita coisa. O simples fato de Alice entrar no quarto, fez com que os batimentos cardíacos aumentasse, mas Manuela não sabia quem era. Tentou se sentar na cama, mas seus braços fracos não obedeciam. Alice, assustada se sentou na cama, com a testa franzida, esperando alguma frase, mas nem isso pôde ter. Alice tentou pegar na mão dela, mas Manuela se esquivava de qualquer contato e olhava ao redor.
Eram marcas de algo que ninguém sabia o que era.
Alice não conseguiu abrir a boca.

-
Todos os dias Alice acompanhava ela pra fazer alguns exames no próprio hospital.
[Enfermeira] – Ai menina, você tem que entrar pra tomar banho! Sabe quando você fez isso? Ontem. Já tá fedendo. Vai, me ajuda, levanta os braços. - Disse pacientemente.

Manuela apenas emitia grunhidos e balançava a cabeça no sentido negativo. Era manha, ela só queria atenção, mesmo sem saber o que estava acontecendo, ela era a mesma. Com as mãos roxas de tantas injeções e sorrindo por dentro, ao ver a maçaneta se mexendo resolveu cooperar. Mas do contrário que achava ser, era apenas mais uma enfermeira. Logo fechou a cara e foi passiva pro chuveiro, triste, já achando que estava abandonada.

Alice se hospedara num hotel, Elisa estava se divertindo gastando o dinheiro que o pai de Alice mandava.
Manuela estava desnutrida e com alguns órgãos debilitados, mas nada irreversível.

Nesse mesmo dia, Alice decidiu que não ia vê-la, só pra ver o que acontecia, após essa decisão, mesmo sem avisar, seu telefone tocou até ela perder a paciência e atender.
[Secretária] – Sra Alice?
[Alice] -Sim?!
Explicaram como Manuela entrou em coma.
[Secretária] – Embora ela seja maior de idade, preciso que alguém se responsabilize por ela, como a sra. Foi a única que veio visitá-la, achei que...
[Alice] – Já peguei o táxi, to indo.
Alice tentou entrar no quarto em que Manuela estava, mas não deixaram. Ela surtou, ameaçou processar o hospital e pediu transferência da paciente para são paulo. Disseram que no estado dela era muito arriscado. E deram mais injeções para Manuela, o que fez ela mudar de estágio do coma, e foi para um coma leve. Depois de quatro horas sentada na porta do quarto, sem deixar nem os médicos entrarem, liberaram a entrada dela por 15 minutos.
Alice entrou, deu-lhe um beijo na trave, abriu as janelas, Manuela sorriu com os olhos fechados, logo os médicos entraram e fizeram Alice sair e fecharam as janelas.
[Alice] – Ela fica melhor quando eu to aqui! Eu to sentada na porta – gritava para Manuela ouvir, enquanto era arrastada para fora...

Amantes sem fingimento - LGBTWhere stories live. Discover now