Lágrimas

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" Eu achei que pedindo que ela não viesse passar o Reveillon comigo, ia ajudar nossa relação, dar um tempo pra gente e viajando, sem ligar, sem dar noticias, ia definir o que eu deveria fazer. Alice conseguia me achar em qualquer lugar que eu ia. Maldita internet! Mas alguma coisa tinha que ter mudado. Eu não podia fazer ela esperar por mim, já tinha tomado muitas decisões e imposto a ela. Se ela quisesse me esperar, ia ser surreal" 

"Manuela e seu jeito idiota de decidir tudo sozinha, sem conversar, tá achando o que da vida? Até a Valentina é mais madura que ela. Mas agora ela não vai mais fazer isso. Já chega! Tive que mudar tanto pra ficar com ela e ela? Sorte que e não pedi pra ela falar para os pais..."

"Agora que minha família conseguiu mudar de casa, ter uma vida razoável, eu não posso parar agora. Mesmo que eu fique infeliz, é minha família. Namoros terminam sempre, mas minha família se precisar morre por mim. Não seria justo prender ela a mim."
"Queria uma felicidade crônica, não momentânea, Tá, eu sei que isso é quase impossivel. Mas tanta mudança me deixou esgotada. Se a Valen não ficasse no meu pé, eu nem ia comer nessas ultimas semanas. Eu vou esquecer que um dia eu quase fui feliz com a Manuela. E nem um pouquinho de raiva eu consigo sentir por ela. Eu a amo..."

"Desculpa Alice... Eu sempre vou te amar..."

As coisas não estavam saindo como planejado, faltava pouco menos de duas semanas para o aniversário de Alice. Carlos e a esposa, estavam em pé de guerra, então Valentina estava morando provisoriamente com Alice. Elisa tinha desistido de Alice, ainda gostava dela. O mês passou devagar, no banho maria à fogo brando. Valentina carente e estressada, Alice triste, Elisa preocupada, Lara internada, Gabe acompanhante de quarto. A família da dona Joana se mudou para um bairro " quase" nobre da zona oeste paulistana e Lisbella estava grávida de três meses. Ela queria casar como Beto de qualquer jeito e conseguiu, conseguiu outra boca pra família dela sustentar,mas por enquanto estava dando tudo certo.
Valentina tava preparando uma festa surpresa pra Alice...

Manuela estava dedicando todas as suas energias na banda.
Bianca desistiu do emprego, se sentia mais sozinha que forma de bolo em final de festa. Valentina saia da escola e Alice não sabia onde ela ia, ficava um mistério no ar, e quando questionada, dizia que ela não tinha babá e podia tomar conta dela mesma sozinha. Na verdade ela estava acertando as coisas do aniversário da Alice.
[Alice] – Bia, eu preciso ir no shopping renovar meu guarda-roupas. Doei todas as peças pro povo que não tinha nada e perdeu tudo nas enchentes. E elas eram da moda passada também.
[Bianca] – O que deu em você Alice? Você tá tão 2008.
[Alice] – Minha vida era perfeita em 2008. Estou desmudando.
[Bianca] – Isso não vai prestar. Enfim, vamos , mas depois eu preciso ir pra academia.
[Alice] – Outra coisa que eu preciso voltar a fazer. Só vou terminar o trabalho da professora Rita aqui e já vou.
[Bianca] – Porra Alice! Faz quinhentas horas que ela passou isso.
[Alice] – Pois é, mas eu tava flertando loucamente por sms com uma menina que eu conheci ontem.
[Bianca] – Onde?
[Alice] – No centro da cidade, uma gostosa de dread do greenpeace.
[Bianca] – "Gostosa?"
[Alice] – É, ela era. - Bianca a surpreende com um tapa bem dado no braço, que faz eco na metade da sala e todos se viraram para elas. Bianca riu, eles voltaram a se concentrar no trabalho dado.
[Bianca] – Que merda de linguagem é essa menina? Pode des-desmudar, não tá nada bonito isso.

Luana se aproximou delas e quase deixou escapar algo sobre a festa, mas logo foi repreendida pelo olhar fuminante da Bianca. Alice percebeu que tinha algo acontecendo, mas não soube o que. Alice terminou o trabalho e elas foram às compras. Tudo que ela não tinha gastado nos últimos 5 meses, ela gastou um três horas, e só não gastou mais, porque o cartão tinha limite. Tiveram que contratar um mensageiro para levar as sacolas para o carro. Bianca saiu satisfeita, ganhou muitas coisas.
Depois as duas foram para o escritório do pai de Alice...
[Agenor] – Oi filha, oi bia. Aconteceu alguma coisa?
[Alice] – Acabou o limite do cartão, preciso de outro. - Sorriu, tentando comover o pai, e deu certo.
Essa era a forma que Alice achava que tinha achado para se proteger do mundo.
Quando Alice chegou em seu quarto, havia uma caixa e 3 rosas, duas vermelhas e uma branca. Ela abriu a caixa, tinha bombons, , balas e um colar no formato de uma lâmpada em miniatura com um desenho não identificado dentro e uma folha de caderno.
"Imagina alguém que te vê todos os dias, e sabe que você nem olha pra ela.
Imagina alguém que não tem coragem de chegar perto, nem pra perguntar as horas.
Imagina alguém que você nem se quer imagina. Essa pessoa, é uma parte de mim. - C"

Amantes sem fingimento - LGBTWhere stories live. Discover now