Capítulo XVII

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Sherlock estava nervoso. Eram treze e cinquenta e três da tarde e o garoto esguio e sombrio encontrava-se encostado a um salgueiro cujos galhos possuíam poucas folhas amareladas e secas. Era um belo dia de outono e a chuva ainda não havia chegado para atormentar os turistas e os visitantes do Regent's Park, mas dentro da cabeça de Holmes havia uma tempestade.

Aquela era uma das poucas vezes em que Sherlock não sabia o que fazer, não sabia o que esperar. Ele já havia passado por situações complicadas antes, mas nenhuma jamais havia chego a proporções descomunais como a atual. John era um garoto bom e não era só por esse motivo que Sherlock se preocupava com a reação dele... Ele se preocupava porque se importava. Se importava com os sentimentos de Watson e se importava com o que ele pensaria dele depois daquele dia.
Treze e cinquenta e sete.

John logo chegaria e aquela sensação de angústia só crescia no peito de Sherlock.


...


O coração de John escoiceava seu peito. O trajeto de ônibus até o Regent's Park não era muito bem pensado, o que fazia demorar dez minutos a mais do que demoraria de carro. Watson havia ficado receoso com o convite repentino de Sher, já que eles estavam há tempos sem trocar mensagens, mas depois de pensar muito o loiro resolveu aceitar ao convite.

Os colegas de time de John tomaram boa parte do seu tempo fazendo-o perguntas sobre o próximo jogo e o garoto tentou responde-las rápida e eficazmente para que pudesse, finalmente, encontrar a garota que colocaria sua mente e coração no lugar correto.

John desceu do ônibus e retirou seu celular do bolso para checar o ponto de encontro antes de adentrar os amplos portões de ferro que separavam o lindo parque da rua. Sher havia mandado a fotografia de um imenso salgueiro que se localizava perto do lago e por sorte Watson sabia exatamente onde ficava.

O estômago do garoto doía e a cada passo que ele dava de encontro ao local, fazia sua insegurança crescer potencialmente. E se ela não gostasse dele? E se fosse um velho pedófilo atrás de garotos ingênuos? Bem, John sabia se defender. O rugby havia estimulado o lado mais violento do loiro nos últimos anos. E além do mais, ele nem era menor de idade, caso o pedófilo estivesse interessado nisso.

Os sons dos passos de John estavam sendo abafados por seus batimentos, que agrediam seus ouvidos sem piedade alguma. Ele estava chegando ao local agora, apenas alguns passos e... A visão de Watson ficou turva por um momento e seu corpo paralisou onde estava. Sher... Sherlock?! Os olhos caleidoscópicos que encararam o loiro que se encontrava a um metro e meio de distância estavam repletos de apreensão e naquele momento Watson soube.

Não! Ele não queria acreditar! Sherlock? Logo ele? Sua mente lhe dissera isso algumas vezes, mas ele não quis dar atenção àqueles pensamentos, Sherlock não faria isso com ele... Não o Sherlock que ele começara a conhecer tão bem durante o último mês. O coração do menor se comprimiu com a angústia sentida e num ato de desespero, John retirou seu celular do bolso e foi até seus contatos, discando para o número de Sher, colocando o aparelho no ouvido e fitando o garoto moreno que estava parado em sua frente.

Quando Holmes retirou seu smartphone de seu casaco preto e atendeu a ligação, John pode ouvir a respiração descompassada do mais alto do outro lado da linha, fazendo com que seu mundo caísse. Era verdade, então... Sherlock o havia enganado. John deixou sua decepção transparecer o suficiente para que Sherlock tentasse balbuciar algumas palavras através da chamada, mas a única coisa que ele conseguiu fazer foi suspirar.

Alter Ego | Johnlock [Teen!lock]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora