Capítulo 25 - Pai

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   Ela segurava o rosto dele com força, enquanto ele, com as mãos percorria todo o corpo dela, o corpo dele a pressionava contra a parede, o beijo continuava intenso, urgente. Ela queria parar, mas era como se não tivesse controle sobre o seu corpo, suas mãos ao invés de empurra-lo, o chamava para mais perto. As mãos de Arthur levantaram um pouco a blusa dela, o toque das mãos dele em sua pele a fez deseja-lo ainda mais, as mãos dela desceram do rosto dele e percorreu as costas dele devagar, Julia sabia que estava perdendo o controle completamente, e que precisa se recompor antes que fosse tarde.
- Arthur – Ela sussurrou o nome dele entre beijos – Acho melhor pararmos com isso.
   A boca dele agarrou a dela mais um vez, dessa vez um pouco mais devagar, ele parou um pouco com o rosto ainda perto dela, o olhar dele ainda na boca avermelhada dela, Julia ainda com a respiração ofegante disse.
- É melhor você ir para casa.
- Ok, eu vou – Ele se afastou dela e pegou a mochila dela que estava em cima da mesa.

- Você vai dizer só isso, não vai insistir para ficar? – Perguntou, surpresa com a mudança repentina dele.

- Claro que não vou insistir, aprendi nesses meus últimos anos de breves relacionamentos, que se uma mulher diz para ir embora, eu simplesmente vou.
- Certo, entendi – Disse um pouco surpresa, ajeitando os cabelos que se bagunçaram um pouco por causa do acontecido de alguns minutos atrás.
- Porque? Você quer que eu fique mais um pouco? – Ele perguntou com um sorriso de triunfo, ela por sua vez, se apressou em dizer.
- Claro que não! Apenas, vamos esquecer o que aconteceu aqui, ok?
- Se você esquecer, eu não posso fazer nada, vai ser sua vontade, mas para mim é uma tarefa bastante impossível.
  Julia fingiu não prestar atenção no que ele disse e mudou de assunto.
- Então, amanhã vou está bastante ocupada no trabalho, e minha mãe viajou por uns dias com algumas amigas, eu queria saber se você pode passar o dia com o Oliver amanhã.

- Claro que sim – Arthur respondeu rapidamente, eufórico em passar mais tempo junto do filho.
- Então, ok. Estamos combinados.
- Nos vemos amanhã – Arthur caminhou até a porta e saiu sem olhar para trás. 

   As lembranças daquela noite impediam que Julia dormisse, ainda sentia a sensação dos lábios de Arthur nos dela, mesmo fazendo horas do acontecido, seu coração ainda batia forte ao lembrar, o que ela mais desejava era não poder sentir, mas infelizmente não podia controlar seus desejos. Levantou-se e foi até o quarto de Oliver, que dormia profundamente, pegou o telescópio que estava montado na janela do quarto e levou até o seu olho, lembranças vieram a sua mente, lembrou do dia que Arthur a levou até a praça da cidade e a ensinou a ver as estrelas por aquele telescópio. Posicionou em sua janela e ficou a procurar algumas constelações.
  De manhã cedo Arthur bateu a sua porta, ela a recebeu com um sorriso no rosto, como ele parece ter dormido bem depois de ontem? pensou.
- Bom dia – Ele disse.
- Bom dia – Respondeu com um pouco de mau humor.
- Parece que alguém não dormiu bem ontem – Ele entrou e sentou no sofá da sala.
- Claro que dormir, e muito bem, obrigada.
- Se serve de consolo para você, eu também não dormir bem.
   Julia odiava quando Arthur parecia ler seus pensamentos, ela foi até e pegou sua xicara de café para espantar o sono que insistia em chegar àquela hora da manhã.
- Onde está Oliver?
- No quarto – Ela foi até as escadas e o chamou – Oliver, o Arthur já está aqui.
- Estou descendo – Oliver gritou de volta.
  Segundos depois o garoto desceu correndo as escadas com um sorriso no rosto.
- Calma, rapaz. Pode ser perigoso descer as escadas correndo, você pode tropeçar – Arthur disse a Oliver.
- Arthur tem razão, na próxima desça devagar.
- Desculpa, mãe.
- Você pegou tudo, Oliver? – Julia perguntou ao filho.
- Sim, está tudo aqui.
- Ótimo, então vejo vocês as 18:00. Por favor Arthur, vá devagar nessa moto.
- Não se preocupe – Respondeu com uma risada – Sempre pilotei bem.
- Sua resposta não me ajudou em nada, mas vou tentar não me preocupar, se precisar de alguma coisa, não hesite em me ligar.
- Tenho tudo sobre controle, até logo – Arthur se despediu de Julia, enquanto Oliver acenava para ela.

   Arthur ajudou Oliver a colocar o capacete, depois subiu e ajudou Oliver a subir também, viu que Julia observava da porta.
- Segure-se em mim – Arthur avisou a Oliver.
   Arthur acenou para Julia com um sorriso e ligou sua moto e partiu. Não demoraria muito para chegar em seu destino.
   O sol do Kansas ainda estava frio àquela hora da manhã, Arthur ia devagar na estrada, deixando que Oliver sentisse a mesma sensação de liberdade quando sentia o vento em seu rosto, o garoto parecia animado com o passeio, Arthur não entendia o porquê, mas vê-lo feliz o fez sentir uma satisfação que nunca tinha sentido antes. Não demorou muito para estacionar a moto na entrada de uma trilha que havia nos limites da cidade.
- Onde estamos? – Oliver observou a floresta ao seu redor.
- Você deve saber que aqui no Kansas, não temos muitas florestas, e eu sempre gostei delas, esse lugar e onde eu vinha quase sempre depois da aula – Arthur apontou em direção a trilha que se seguia – Mais para frente tem um lago. Eu tinha um amigo, adorávamos ir no lago, as vezes só conversávamos sobre coisas da vida, algumas vezes a gente pescava para ver quem pegava o maior peixe, mas não adiantava, ele era um péssimo pescador, eu sempre pescava o maior peixe, meu pai sempre me levou para pescar quando eu era criança e acabei pegando o jeito da coisa – disse com uma risada.
- Onde está o seu amigo?

   Para Arthur era sempre doloroso lembrar de Daniel, mas as lembranças deles juntos, sempre o faziam rir, era como se ele estivesse fazendo parte da natureza daquele lugar.
- Ele se foi a muito tempo, mas é como se ele estivesse sempre aqui – Arthur olhou para Oliver com um sorriso e mudou o assunto – Quer que eu te ensine a pescar?
- Claro! – Oliver respondeu animado com a ideia.
- Então, vamos. Perto do lago, tem um lugar onde meu pai guardava as varas de pescar.

   Começaram a caminhar pela trilha, a cada passo, Arthur sentia como se estivesse voltando um pouco para o passado, contou a Oliver como foi um pouco a sua infância, riram ao contar as piadas sem graças de Daniel, até de como demorou para aprender a pescar.
Não demorou muito para que chegassem ao lago, para Arthur, aquele lugar parecia ter parado no tempo, estava do mesmo jeito que vira pela última vez, no dia que havia ido embora de Hoverfield, lembrou quando rasgou todas as fotos de Julia e o vento as levou em direção ao lago, essa era a única lembrança triste que havia naquele lugar. Arthur foi até a pequena dispensa que havia perto do lago e tirou as varas de pescar do seu pai de lá.
- Pronto para aprender a pescar?
- Sim.

  Arthur e Oliver sentaram na ponta de uma pequena ponte que se estendia até quase metade do lago, Ele começou a explicar a Oliver o passo a passo de como pescar.
- Agora com a vara, tenta jogar o anzol com a isca o mais longe que puder.
Oliver tentou, mas como não tinha tanta força ainda a isca não caiu muito longe.
- Devo tentar novamente?
- Não, está ótimo. Agora é só esperar, quando sentir que o peixe pegou a iscar, puxe o mais forte que puder.

   Depois de algum tempo, Oliver já estava quase sem paciência quando sentiu que algo puxava seu anzol.
- Tem alguma coisa puxando o anzol – Arthur olhou de perto e reparou.
- E verdade. Puxa rápido.
   Arthur começou ajudar Oliver a puxar o anzol com força, o garoto sorria com expectativa em pegar um peixe pela primeira vez, e quando finalmente o peixe saiu se debatendo pendurado no anzol, Oliver pulou de alegria e abraçou Arthur, que inicialmente ficou surpreso com a demonstração de carinho repentina de Oliver, mas retribui-o o abraço rapidamente.
- Eu consegui.
- mas é claro que conseguiria, você é o melhor – Disse, ainda abraçado a Oliver.
- Eu te amo, pai – Arthur congelou naquele momento, não sabia se tinha ouvido aquilo mesmo ou era só a sua imaginação fantasiando.
- O que disse? – perguntou, olhando diretamente para Oliver.
- Que eu amo você, pai.
- Pai? – Perguntou ainda incrédulo por Oliver chama-lo assim tão tranquilamente.
- Sim.
- Quer dizer que...
- Eu sei e acho que sempre soube que você era meu pai e fico muito feliz por você ser meu pai.
Um misto de emoções envolveram Arthur, ele abraçou Oliver, mais uma vez, lagrimas de alegria desciam pelo seu rosto.
- Eu também fico muito feliz por você ser meu filho. Eu também amo você.


Desculpa a ENOOOOOORME demora, meu not está com o teclado péssimo e eu não tenho paciência, mas finalmente digitei o ep pra vcs, não esqueçam de VOTAR e COMENTAR, isso me ajuda na divulgação do livro, bjs. 

Seu Coração Ainda é MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora