Capítulo 7 - Eu tive apenas o tempo suficiente

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  Arthur parou em frente a porta do quarto de Daniel, encarou ela por um bom tempo, queria abri-la, mas não conseguia levar sua mão até maçaneta, não queria ter a imagem de seu melhor amigo em coma naquela cama sem saber se um dia irá acordar e se divertirem outra vez.

  Ele sentiu que alguém se aproximava e parou no seu lado, sentiu seu ombro encostar em alguém, sabia que era ela, reconheceria aquele perfume em qualquer lugar, ele encostou a cabeça na porta, pensou em como seria daqui para frente, ele sentiu a mão dela encostar na sua e aos poucos a mão dos dois se entrelaçavam, não precisou ele olhar para ela, já sabia que ele estava com aquele sorriso no canto da boca.

- Precisa de ajuda para abrir a porta? – Ele olhou para ela, percebeu que usava um vestido azul claro que ia até um pouco acima dos joelhos, sua mochila estava nas costas, aparentemente vinha da escola.
- Acho que sim
- Se quiser, posso entrar com você – Ela apertou sua mão de leve, como se quisesse lhe transmitir apoio
- É melhor não, acho que preciso fazer isso sozinho – Arthur encarou a maçaneta da porta outra vez tentando lembrar seu cérebro o que precisava fazer.
- Entendo, se precisar de companhia vou estar na recepção
- Obrigado, Julia
- Sabe que pode contar comigo sempre
- Mas, o que faz aqui?
- Queria ver Daniel e por favor não tente me impedir, tenho que vê-lo, nem que seja por pouco tempo, ele também é meu amigo – Julia disse aquelas palavras rápidas demais.
- Tudo bem, Julia. Eu entendo – Quando ele viu aquele olhar triste sentiu uma vontade de abraça-la, mas não o fez – Pode vim aqui daqui a 15 minutos? Acho que não vou querer ficar sozinho por muito tempo.
- Obrigada, Arthur – Ela soltou sua mão e voltou para a recepção.

   A presença de Julia havia dado aquele empurrão que Arthur precisava, ele levou sua mão até a maçanete e abriu a porta. Ele viu Daniel conectado a tubos que o mantinham vivo, sua cabeça estava enfaixada por causa da operação, seu rosto estava pálido. Arthur foi até ele e sentou na poltrona do lado de sua cama, o observou por um tempo, e lembrou do filme que havia assistido com a sua mãe, o nome era E Se Fosse Verdade, lembrou que no filme a protagonista ficava em coma, mas seu espirito de alguma forma conseguia se comunicar com o rapaz do filme.

- Será que o seu espirito está aqui, Daniel? – Ele riu da própria pergunta.

Ele olhou para o aparelho que mostrava seus batimentos cardíacos, estavam normais e Arthur se sentiu um pouco aliviado, queria conversar com Daniel, mas não tinha a certeza se ele ouviria.

- Não sei se você me ouve, mas eu torço que sim – Arthur resolveu tentar e se aproximou mais dele – Você sabe que não tenho muitos amigos, e você e o melhor que tive, não quero que vá, quem vai me dar conselhos sobre garotas? Quem vai jogar videogame comigo? Quem vai me ajudar quando eu tiver problemas que nem meus pais podem me ajudar? Quem? – Arthur sentiu seus olhos úmidos
- Por favor, Daniel. Você é meu melhor amigo, nem a pior pessoa do mundo merece ficar sem o seu melhor amigo.

  Depois de um tempo apenas o observando, Julia bateu a porta e depois entrou, Arthur sorriu ao vê-la para mostrar que estava tudo bem, mas ela reparou seus olhos vermelhos, ela havia colocado uma máscara assim como Arthur para evitar a doença.
- Você está bem? – Arthur ficou de pé e caminhou até a frente da cama.
- Acho que vou – Antes que ela pudesse falar, ele continuou – Não consigo acreditar que ele está nesse estado, simplesmente não parece ele, e difícil de acreditar que estou correndo o risco de ficar sem o Daniel, ele é meu melhor amigo, como posso ficar sem meu melhor amigo.
- Arthur, me ouça – Ela estava na sua frente e segurou seu rosto para que ele olha-se em seus olhos.
- Ouvir o que? Que vai ser minha amiga? – Ela tirou as mãos do rosto dele e desviando o olhar - Você sabe o que você me causa e mesmo assim fica fazendo isso comigo.

Seu Coração Ainda é MeuWhere stories live. Discover now