24º - O metrô da meia noite carrega bem mais do que só pessoas.

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— Senhor calças justas. — Eddy zomba, endireitando o boné na cabeça.

— Da última vez foi a sua jeans que rasgou no meio do palco. — o baterista o mira, cerrando o olhar.

— Estava gasto, em minha defesa. — o tecladista explica, em meio a risos sem humor.

— Vou levar essa branca detalhada para Shawn. — Geoff comenta dobrando aquela por cima do braço estendido. Parecia um garçom.

— Ele vai gostar. Tem... Estampa. — conclui Mike, observando de relance tal peça e afirmando.

— Não sei no que deu nele de usar esse tipo de coisa do nada. — Warburton é o primeiro a sair andando para fora da área dos provadores, olhando de relance para a feição de Tom.

Aquela estava mais suave do que antes, mas a tensão ainda lhe borbulhava o sangue. Provavelmente o cabeludo gente boa não relaxaria enquanto estivessem dentro daquele lugar. Nunca que a missão de cobrir um amigo foi tão preocupante.

Todos começaram a se movimentar para fora dali com a intenção de pagar as peças. Menos Mike.

Aquele para por um instante e volta a mirar a última porta de todos os provadores. Estava curioso. E nem sabia direito o porquê. Quando o mesmo começa a se aproximar para espiar a fresta dos pés novamente, Cora se vira de imediato para mexer na tranca, achando que não havia mais ninguém por ali. Ufa.

A garota encosta a ponta dos dedos no ferro do pino prateado, até que:

— Mike! — Tom o chama, pondo a cabeça a mostra e gesticulando para o mesmo sair dali e parar de ideia maluca.

Ao ouvir o chamado, Coraline recua os braços de imediato, tomando um susto e olhando para o carpete que reluzia um fio de sombra ligeiro próximo que a mesma não havia percebido. Prende a respiração por segundos e desvia o rosto para cima, encarando aquela lâmpada amarelada e quente. Meu Deus, ela só queria respirar direito.

O baterista olha por uma última vez naquela direção e da os ombros, nervoso, andando para fora dali como se do nada nem importasse mais. Tom respira bem fundo quando o mesmo passa por ele. Queria arriscar dizer algo aos dois ali dentro, mas fica quieto e resolve apenas digitar mensagens.

Pelo menos, dessa vez, sabia que Mendes checaria o aparelho.

Coraline não conseguiu esperar mais nenhum segundo ali dentro, tanto que Tom escutou de relance o trinco da porta se desfazendo lá da área de escolhas. Esse suspirou e viu os caras se tumultuando perto do caixa, fazendo a atendente rir enquanto dobrava tudo direito para por em sacolas plásticas com o logo da loja. Zubin deve estar contando alguma piada tosca.

A menina hiper ventila quando se recosta na parede do corredor, limpando todo o rosto rapidamente e se abraçando firmemente em seguida, como se sua vida dependesse do ato. As maçãs do rosto estavam naturalmente pintadas e suas pupilas tão dilatadas que sua íris se mesclava. As dobrinhas embaixo da parte mais carnudinha de seus olhos estavam sobressalentes em lágrimas mesmo depois da mesma ter limpado a região umas quinhentas vezes. Por sorte, ela não era de passar rímel ou ficaria dramático demais.

Shawn, por sua vez, saía do provador, abaixando o tecido de sua blusa com cuidado pelo abdômen. O campo de visão dele se repousa em Cora e o mesmo fica preocupado, sem saber muito o que fazer para se explicar.

Sua garganta estava um tanto seca e a mente lotada de coisas, mas era incrível como em momentos assim as pessoas simplesmente travam e se afogam nas próprias palavras, apenas olhando uma para outra como se esperassem uma luz da divindade ou algo do tipo.

coraline • shawn mendes (não finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora