Capítulo 1

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Need a place to hide, but I can't find one near

Wanna feel alive, outside I can fight my fear

Beatrice

Cidade nova, vida nova! Espero que seja realmente assim, ou toda essa mudança terá sido em vão. Eu nunca havia ficado fora de casa por mais de dois dias nesses meus dezoito anos, e olha só hoje, me mudando pra uma cidade completamente nova e longe de praticamente todo o meu passado, principalmente das lembranças ruins.

O prédio que eu havia escolhido era um dos melhores com o melhor preço também. Não era nada luxuoso, mas era simples e aconchegante. Ele era mobiliado e eu sabia a sorte que tive por isso, assim como também soube que ele era perfeito para mim.

No entanto, saí do meu novo lar apressada. Estava meio atrasada e eu odiava chegar atrasada para as aulas. Tudo porque eu quase havia passado toda a noite sem dormir, graças ao meu vizinho que parecia estar torturando um animal, pelo barulho que a suposta "companheira" dele fazia. Juro que até as paredes do meu quarto tremeram um pouco com toda aquela festa. Talvez a indústria pornô estivesse perdendo dois atores maravilhosos, porque pra ter toda aquela energia e fazer todo aquele barulho...

Estava prestes a começar a estudar fotografia e comunicação. O sonho de trabalhar registrando momentos através das lentes era uma paixão antiga, resolvi investir, embora a parte da comunicação não seja tanto o meu forte. Entrei no meu carro e dirigi até a universidade, eu havia visto o trajeto milhões de vezes no Google Maps e só demoraria cerca de cinco a oito minutos para chegar lá. Eu poderia ter facilmente chegado em cima do horário da aula, apesar de não gostar também. Porém, encontrar uma vaga para estacionar não era uma tarefa tão fácil, não quando um campus gigante estava rodeado por carros e estudantes que, assim como eu, estavam em cima da hora. Demorei bons minutos até encontrar um local para estacionar.

Corri para o departamento de comunicação enquanto olhava em qual sala seria a minha primeira aula. "Sala 302, terceiro andar". Noto que o elevador estava quebrado "ótimo!", sou fã de escadas. Subo o mais rápido que posso, mas quando acabo um dos tantos lances, me viro para o próximo e sinto meu corpo colidir com algo duro. Eu poderia até dizer que havia colidido com uma parede, se braços não tivessem me segurado para impedir minha queda.

- Merda! - xinguei ao ver todas as minhas coisas no chão. Olhei pra cara da "parede" que eu havia colidido e "Putaquepariu", fiquei atônita. Ele era como aqueles caras que a gente acha que só existem em propaganda da Calvin Klein e que nunca vamos esbarrar com um por aí. O cara era quente como o inferno e provavelmente sabia disso. Seus olhos eram de um castanho mesclado com cinza, algo único. Seu cabelo escuro e sua pele levemente bronzeada, emitiam um alerta de "PERIGO" em letras garrafais.

- Será que ninguém te disse que não se deve andar como se estivesse numa maratona... - Ele estava recolhendo minha bagunça e sorriu enquanto lia meu nome no documento de matrícula - Beatrice Milles? - suas bochechas abrigaram lindas covinhas, que fizeram eu querer me enterrar nelas. Ele devolveu minhas coisas e nossas mãos se tocaram rapidamente. Ondas de choque se espalharam no meu corpo e pelo lampejo que vi passar nos seus olhos, poderia dizer que ele havia sentido o mesmo. Eu não podia deixar que ele me afetasse assim. Revirei os olhos para ele impaciente.

- Será que ninguém te disse que mexer nas coisas dos outros é falta de educação? - Rebati e levantei uma sobrancelha.

- Touché, docinho! - Ele não desmanchou o sorriso e eu procurei não me afetar ainda mais com suas palavras - Sou Raphael DiLaurent - estendeu a mão para mim e a apertei, senti as ondas novamente. Em seguida, me entregou meus papéis.

Uma doce melodia - Os sons do amorWhere stories live. Discover now