Capítulo Quinze

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Gabriela,

Não precisava ser muito inteligente para saber que o Gael tinha odiado minha afronta à ele, principalmente diante da Darlene. Mas fazer o quê? Deixá-la ali, até que o mal cheiro ecoasse pelo quarto. Nem tudo precisa ser a ferro e a fogo, às vezes precisamos relevar muitos acontecimentos em nossa vida.

A Karol estava à mesa do café, sentada ao colo do pai. Contava com precisão os fatos do assalto.

- A Gabi foi a mais valente. Ela tinha tudo na cabeça. Quando o homem perguntou pela filha do patrão, ela disse que estava viajando com você e me disse para ficar bem quietinha no colo dela. Assim eles não me levariam para longe. E deu tudo certo.

- Que bom né filha. Eu não sei o que seria de mim se te levassem para longe. – Ela respirou fundo e foi direto ao assunto.

- Mas eles trouxeram minha mamãe. Será que tinham levado ela? – Criança era muito inocente mesmo, e por mais que a Karol foi esperta, não passava disso: Era uma criança.

Me servi de café e um pedaço de pão e fui até a pia onde a Alessandra destrocava um frango, provavelmente abatido por ela mesma.

- Gabi, não vai tomar café comigo? Estava esperando por você. – Acabei voltando e sorrindo sem jeito ao me sentar à mesa com todos os presentes. – Papai, a Gabi não sabe onde é o Cofre. O homem perguntou e eu ia dizer, mas ela não deixou.

- Porque a Gabi é esperta filha.

- Será que agora que minha mamãe está de volta ela vai mandar a Gabi embora? – Aquela pergunta foi a gota d'agua. Eu queria chorar. Mas o que alegaria? Que esse era meu medo também? Afinal, a menina não era minha. Eu não tinha direitos sobre ela.

O Pedro mudou de assunto, contando mais alguns detalhes ao Gael, e assim que tive a oportunidade sai da casa.

Caminhei por um tempo, e na volta notei que um carro vinha ao longe. Depois observei que eram dois.

Enquanto eu me aproximava da casa, o carro também. E quando alcancei o pátio, o carro, e agora bem nítido, uma ambulância, atravessavam a porteira que levava à fazenda.

Entrei e informei ao Pedro, o primeiro que vi que a Ambulância havia chegado.

- Onde está minha esposa? – Esposa? Fui até o corredor e me deparei com o Gael, só que bem mais velho.

- Bem-vindo Pai! – O Gael saiu do escritório.

- Deus lhe abençoe. – Mas eu não ouvi o tão tradicional "Amém" ou "Sua benção". Estava até me acostumando com os costumes do lugar. – Onde está sua mãe?

- Se estiver viva, morreria nesse momento se te ouvisse, e se estiver morta com certeza revirou no túmulo agora.

- Não banque o engraçadinho comigo, Gael.

- Disse minha mãe. E eu já disse que não tenho notícias dela. Na verdade, nunca tive.

- Onde está a Darlene? – Ele se voltou para o Pedro que em nada parecia surpreso. Só eu ali não tinha noção de que a mulher, que era mãe da filha do Gael, era agora esposa do pai dele?

No mesmo instante eu senti nojo do Gael. Teria ele dormido com a madrasta. Eu ouvia casos assim, mas não acreditava.

- No quarto.

- Me leve até lá. – Era grosso como o filho. Falava com o Pedro como se fosse um de seus empregados.

- Gabriela, leve a Karolyne para o quarto e só saia de lá quando eu lhe chamar. E não me desobedeça dessa vez. Apenas dessa vez.

DNA - Um lar para KarolyneWhere stories live. Discover now