Capítulo Dez

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Gabriela

- Mamãe? – Quando ela entrou em meu quarto, um aperto tomou conta do meu coração. No dia em que o Gael ouvisse isso, com certeza me mandria até embora do trabalho. Não que eu tivesse medo do trabalho e de buscar novos começos, mas eu não queria me afastar da Karolyne.

- Karol, lembra do nosso combinado. – Corri até a porta ainda aberta e fechei. Não sem antes observar se não havia ninguém no corredor.

- Disse que seria minha mamãe.

- Mas tem que tomar cuidado. Se lembra que eu lhe disse que se o Gael ouvir ele não irá gostar?

- Sim! Mas o Gael é bonzinho.

- É! – Ele não era mal. Desde que tudo fosse do jeito dele.

- Ele está esperando para o jantar. – Olhei no relógio e faltavam minutos para a meia noite. Além de Natal era o aniversário dela, daqui à alguns minutos. – E minha barriga já está roncando.

Sorri do jeito inocente dela dizer que sentia fome, também, acostumada a jantar sempre antes das oito, devia estar sendo uma tortura. E na maioria das vezes eu ajudava na cozinha, e isso a fazia estar sempre alimentada com um petisco aqui outro ali, mas como hoje me detive aos meus afazeres, deve ter estranhado.

Agora que estava. Eu não tinha coragem de sentar-me diante ao Gael. Não queria vê-lo em minha frente na verdade.

- Você está com dor de cabeça Gabi? – Era como se ela tivesse lido meus pensamentos. – Papai disse que diria isso.

- Mas... – Fiquei de pé com uma vontade tremenda de dar na cara do Gael. – Não. Não estou meu amor.

- Ufa! Ainda bem! Porque não gostaria de jantar e começar meu aniversário sem você. Jamais.

Era justamente o que eu ia dizer. Que estava morrendo de dor de cabeça e assim me livraria de passar a noite com o idiota. Mas quando eu pensava que o Gael era baixo, ele jogava mais baixo ainda.

- Então vamos! – Ela estendeu a mão. Tive que pedir alguns minutos para que pudesse usar o banheiro e trocar de roupa, já que minha intenção era de fato jantar no quarto e fazê-lo ficar com a consciência pesada. Agora era tarde.

Quando sai do quarto ela ainda esperava por mim. Mesmo eu tendo dito que iria em seguida.

- Por que ainda está aqui Karol, vai se atrasar.

- Tive medo de você não ir.

- Mas eu disse que iria. Não acredita mais em mim?

- Sim! – Pulou da cama e mais uma vez estendeu a mão. Segurei firme e saí do quarto me dirigindo à sala.

Assim que entramos na sala o Gael se levantou, assim como o Pedro. Fui até a esposa do Pedro e a cumprimentei, assim como aos meninos e me preparei para enfrentar o olhar do Gael, mas não foi preciso, quando me levantei ele já estava de costas.

- Vamos lá pessoal. – Ele logo conduziu o Pedro até a sala de jantar. E nós os seguimos.

À mesa fizemos uma pequena oração de agradecimento, pelo ano que tivemos. Pela colheita, pela chuva e o sol.

- Amém! – Todos responderam.

E assim, o jantar transcorreu sem nenhuma necessidade de olhar diretamente para o homem.

- Agora os presentes! – A Karol era empolgação pura. Delirava ao abrir cada presente. E o momento em que eu mais fiquei tocada, foi quando a família do Pedro encontrou seus presentes debaixo da árvore. Um filho deles era dias mais velho que a Karol, o primeiro ano estava doente, no segundo ano o mais velho havia quebrado o braço, sempre algo acontecia, por isso não vinham sempre na época. Mas hoje era diferente. Eles estavam presentes, e eu agradecia mentalmente à todo instante ao bom Deus por não estarmos sozinhos na casa.

DNA - Um lar para KarolyneWhere stories live. Discover now