Capítulo 58: A nova contratada...

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Tyler Gueiddy...

-- Você está louco cara, eu não te reconheço mais. -- Fala Fellipe passando um pano no balcão do bar. -- Você precisa seriamente de cuidados psicólogicos.

-- Vai se fuder, não há nada de anormal comigo. -- Digo sério, enquanto tomo um gole de água.

-- Ah não? E ficar acampado na frente de uma clínica, a procura de uma desconhecida é normal?. -- Ele diz rindo e eu reviro olhos.

Possa ser que eu esteja exagerando, mas eu não consigo evitar de passar naquela praça umas três ou quatro vezes no dia. Algo me conduz aquele lugar e não posso ignorar meus estintos.

Quando coloco algo na minha cabeça teimosa, não há ninguém que tire. Pode me chamar de louco, mas eu sei o que vi e sei que vou encontra-la de novo.

Eu quero encontrar Theresa e olha-la nos seus olhos. Quero que ela diga na minha cara que não me ama mais, que já esqueceu da gente.

Acho que mereço a explicação né?

Por mais que eu venha me decepcionar com uma futura resposta, eu não posso ficar no escuro o resto da vida.

-- Eu vou atrás dela, eu preciso de uma explicação... -- Digo baixo e ele me encara pensativo.

-- Tyler.. já são mais de 5 meses, por quê decidiu isso somente agora? Você não sabe o que vai encontrar se acha-la, e se você se machucar ainda mais...

-- Foda-se, eu não ligo! Eu não procurei por ela antes porquê estava magoado demais para vê-la. O que ela fez me magoou muito Fellipe, mas agora eu quero saber, ouvir da boca dela o que aconteceu.

-- Mas e se ela já estiver com outro? tiver formado uma nova vida?. -- Ele diz baixo e meu corpo treme com essa possibilidade que não deixa de ser real.

-- Aí eu seguirei em frente, com a certeza que fiz tudo que podia por nós. Mas eu não posso mudar o que não quer ser mudado, não posso obriga-la a voltar pra mim. -- Passo a mão no cabelo o assanhando.

-- Está bem, eu te ajudo a acha-la. -- Ele joga o pano pra trás e sai em direção do armazém.

Giro o corpo no banco e encaro o grande salão da boate vazio e vejo a porta de madeira se abrir devagar e uma morena com longos cabelos cacheados me olhar.

-- Olá! -- Digo curioso e ela me encara envergonhada. -- A boate não abri nos dias de semana.

-- É... Eu queria falar com o dono. -- Ela coloca o corpo todo dentro da boate e vejo que é uma pessoa bem simples.

-- Ah claro, FELLIPE!. -- Grito e ela olha ao redor adimirando a decoração. -- Tem alguém aqui te procurando, pode ficar a vontade.

-- Obrigada. -- Levanto do banco e caminho para o outro lado do balcão. Abro o freezer e procuro algo diferente pra beber.

-- Quem estar me procuran... -- Tiro a cabeça do freezer e vejo-o parado encarando menina. -- Oii.

-- Oii. -- Ela diz com a pele vermelha de vergonha. Reviro os olhos e pego a lata de cerveja e sento atrás do balcão observando a cena.

Fellipe Rodriguês ...

Imediatamente reconheço a menina, é mesma que eu ajudei um dia desses. Ela continua intacta do outro lado do salão e eu me aproximo devagar.

-- O que devo a honra da sua presença? -- Ela cruza os braços embaixo dos seios e olha pra todos os lados buscando coragem.

-- É... Eu ouvir dizer que você está precisando de pessoas para trabalhar aqui, e eu estou precisando muito de um emprego. -- Ela diz baixinho, e eu quase não escuto.

-- Ah tá... Você quer um emprego, pra quê tanto vergonha pra falar isso?.-- Sorrir e me dirigo até uma mesa. -- Sente-se..-- Ela me olha por alguns segundos e depois senta na minha frente. -- Qual é seu nome?

-- É Lilian...-- Ela olha pras pernas e fica mexendo nas mãos.

-- Lily, que nome lindo. -- Ela me olha e pela primeira vez, abri um pequeno sorriso que me deixou maravilhado. -- Fale de você, quantos anos tem? onde mora? sobre sua família...

-- Eu não tenho família, moro sozinha em um barraco desde os meus 14 anos e hoje tenho 21. -- A encaro pensativo e vejo seu olhar de tristeza. -- Eu sei que o senhor me ajudou outro dia, mesmo eu fazendo uma coisa errada. E você não tem direito de me ajudar, nem de confiar em mim...

-- Hey, pode me chamar de Fellipe e eu confio em você.

-- Como? O senhor nem me conhece.

-- E nem é preciso. A fome nos leva a fazer coisas erradas Lily, e eu já passei por tudo que você estar passando. -- Digo sinceramente e ela me olha impressionada. -- Você pode começar amanhã, a boate só abri aos finais de semana mais... Eu preciso de uma geral aqui....

-- O senhor está falando sério?

-- Não me chame de senhor Lily, não sou tão mais velho que você, pode me chamar de Fellipe. -- Levanto e ela me segue com o olhar. -- Estar com fome?. -- Nem preciso de resposta pra saber que sim. -- Vem jantar com a gente...

-- Eu não quero atrapalhar senh... Fellipe.

-- Não atrapalha Lily, pode ficar a vontade, né Tyler?

-- Ham? Aeé Lily, fique a vontade. -- Tyler levanta e vem até a frente dela, e estende a mão dele. -- Eu sou o Tyler... -- Ela o encara e depois aperta a mão dele. Lily olha pra nós dois e começa a andar pra trás e eu vejo outra coisa em seus olhos, acho que é medo. -- Não se preocupe, somos grandes, fortes e tatuados, mas não a faremos mal algum, não precisa ter medo de estar sozinha com nós dois. -- Diz Tyler lendo meus pensamentos e ela solta um suspiro. - É foda ser mulher nesse mundo cheio que trogloditas.

-- Desculpa, é que eu não tô acustumado a ser bem tratada...-- Ela diz.

-- Pois vai se acustumado. -- Caminho até a pequena cozinha que eu instalei na boate. -- Gosta de camarão?

-- Eu nunca comir, mas amo. -- Ela diz fazendo Tyler e eu rir.

Tyler Gueiddy...

A nova contratada de Fellipe é uma garota maneira, um poço de inocência.  Depois de comer e conversar várias coisas, não conseguimos descobrir quase nada de Lílian, ela não gosta de falar sobre ela.

No outro dia estava indo em direção ao ringue do Lucca. Já são quase 10 horas e eu preciso me exercitar um pouco. Mas antes de seguir pro Lucca, mudo meu destino e vou em direção a certa praça do outro lado da cidade, como sempre.

Hoje faz duas semanas que vi aquela estranha e desde então, todos os dias vou lá. Paro o carro em frente a clínica e penso em entrar e perguntar a recepcionista sobre a moça, mas desisto. Não estou tão maluco assim.

Caminho até a praça, e sento-me em um banco qualquer colocando um óculos escuro. Depois de alguns minutos, três garotas se aproximam de mim.

-- Haha não acredito!!.-- Uma diz e eu reviro os olhos. -- Tyler Gueiddy, aqui!. -- Elas me circulam e começam a perguntar várias coisas e pedir fotos. Levanto do banco e dou atenção a elas.

-- Você é muito mais lindo pessoalmente...-- Diz a loira me encarando e eu sorrir sem graça.

-- Eh, valeu -- Uma delas me puxa pra tirar a foto e eu olho pro celular com um sorriso, mas vejo algo por trás dele que me deixa paralisado.

Meus olhos se prendem na porta da clínica do outro da rua, e simplesmente tudo ao meu redor evapora. Meu corpo treme e sinto minhas pernas vacilarem...

É ela...

Ela conversa destraida com uma moça e sorrir de algo. Mas seu corpo vira pro meu lado e seus olhos encontram os meus e eu sinto como se acabasse de levar um tiro.

Seu corpo paralisa e assim como eu, seus olhos não desgrudam dos meus. Os carros passam sem parar entre nós, mas nada consegui me impedir de enxergar sua barriga.

Meu Deus...

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