Capítulo 19

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A gravidez de Osten foi de longe a mais fácil. Não tinha tantos enjoos e não me cansava com tanta frequência. Além disso o povo estava muito feliz, e Maxon me idolatrou em todos em sentidos.

Quando Osten nasceu fiquei boquiaberta. Aquele menininho de olhos azuis e cabelos vermelhos me olhando foi o suficiente para me tirar o fôlego.

Maxon estava tão impressionado quanto eu, sempre quis um filho que se parecesse comigo.

- Agora a família está completa - ele dissera.

Todos no palácio se encantaram com Osten, e eu olhava impressionada as chamas de seus cabelos. Depois de tantas copias de Maxon não acreditava mais que fosse ter um filho que se parecesse comigo.

Quando o nascimento foi anunciado o povo saiu as ruas para festejar, mas não foi uma festa qualquer. A música durou até o amanhecer. E embora atrapalhasse o sono a festa estava tão alegre que dava vontade de descer lá e participar da também.

Como ninguém é perfeito descobrimos depois de alguns anos que Osten era um pestinha, no melhor sentido da palavra, ele me deixava de cabelo em pé! Odiava as babás e sempre estava aprontando. Uma vez peguei ele subindo em uma das estantes que ficavam no Salão das Mulheres. Quase tive um ataque do coração, sai correndo para apanhá-lo antes que ele caísse. Não fiquei surpresa quando ele começou a rir e gritar "de novo, de novo" batendo palmas.

Chegando no quarto filho eu já estava absolutamente cansada, e não sabia mais o que fazer com Osten. Por sorte Maxon me ajudava. Porém, ele achava graça daquela criaturinha de cabelos ruivos correndo pela casa e subindo nas coisas. Já eu ficava apavorada.o

Mas como as outras crianças brincavam com ele o dia todo tinha esperança que ele fosse melhorar um pouquinho. Nossos filhos eram o nosso orgulho. E ele fazia questão de me lembrar isso ao pé do ouvido todas as noites.

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Estava na minha suíte tocando piano e tentando espairecer depois de Osten finalmente ter tirado seu cochilo da tarde quando Eadlyn, minha princesa, apareceu. Parei de tocar e gesticulei para que se sentasse ao meu lado.

- Oi, baixinha.

Ela sorriu.

- Pode continuar tocando, mamãe.

Voltei a tocar e ela encostou a cabeça em meu braço e sorriu.

De repente ela parou e fitou a fotografia que ficava na parede acima do piano. Era eu no dia da coroação, do meu casamento na verdade. Com um lindo vestido branco e o sorriso mais deslumbrante do mundo no rosto. No quarto andar havia uma parecida da Rainha Amberly, que eu gostava de olhar. Durante a Seleção percebi que sempre tentei ser como ela, me comparava a ela e ás outras garotas tentando sempre procurar ser uma versão melhor de mim mesma, e ali, depois de doze anos sendo rainha, mãe e esposa finalmente percebi que eu não precisava me comparar com ninguém. Eu era maravilhosa à minha maneira. Fiquei feliz em saber o que esses anos de experiência me fizeram enxergar. E meu maior desejo era que minha filha também descobrisse isso. E fosse a melhor rainha possível.

Com ela comigo ao lado do piano me lembrei de quando ela ainda era bebê, eu a deixava ao meu lado e tocava para ela. Quando ela cresceu mais um pouco começou a se interessar, e a repetir tudo que eu fazia. Só conseguir perceber como ela tinha crescido rápido!

- Mamãe, que foto é essa? - Eadlyn perguntou, me tirando de meus pensamentos.

- Sou eu, no dia do meu casamento.

- A senhora estava tão linda.

- Estava mesmo - concordei, sorrindo.

Meus filhos já sabiam sobre a Seleção, não toda a história, claro, mas o suficiente para saber como seus pais se conheceram. Eu achava graça de Eadlyn fazendo cara de tédio e dizendo que nós éramos praticamente um "conto de fadas".

- Mamãe?

- Sim, querida?

- Eu vou me casar algum dia? - ela perguntou simplesmente, como se estivesse comentando a cor de meu vestido.

Sorri.

- Claro que vai. Por que está perguntando isso?

- Porque... - ela hesitou - eu sei que você e papai são muito felizes, mas eu não quero me casar com um estranho.... Olivia me contou que antigamente as princesas se casavam com estranhos!

Achei graça.

- Pode ficar tranquila, baixinha. Isso não vai acontecer.

- Você promete?

- Prometo

Ela permaneceu ali por alguns segundos me ouvindo tocar, depois de conversarmos um pouco ela foi até minha penteadeira.

- Posso? - ela perguntou, levantando várias pulseiras para ilustrar seu pedido.

- Claro, à vontade. Mas tome cuidado - ela adorava mexer nas minhas joias, nos meus sapatos também. Vez ou outra ela pegava algum brinco ou pulseira emprestado. Ela adorava, já eu não achava tão empolgante assim. Talvez por ter crescido no castelo ela era mil vezes mais luxuosa que eu nessa idade. Estava sempre na moda e bem arrumada, até para uma criança.

Eu não era muito desse mundo, sempre preferi o estilo clássico, embora as vezes ousasse mais em festas luxuosas que exigiam mais glamour da Rainha. Para não falar que não tive nenhuma contribuição com a moda, agora as calcas tinham voltado ao guarda roupa real, eu sempre gostei delas antes e não deixaria de usar depois de me casar com o rei. Mas na maior parte do tempo passava de vestido. Maxon achava graça quando me via andando de calça jeans pelo castelo, possivelmente lembrando de meu primeiro pedido.

Chamei as criadas para ficarem com Eadlyn fuçando nas minhas coisas, já que agora ela não tinha mais babá.

Como ainda estava cedo aproveitei a folga de Osten para ir no escritório trabalhar ao lado de Maxon.

Quando cheguei ele estava enterrado em uma pilha de papéis, com seus óculos de leitura.

Me comprimentou e passou alguns documentos sobre contratos para construção de escolas, precisava ler e revisá-los. Fui para minha mesa quando Aspen apareceu.

- Majestade - ele se dirigiu a Maxon com uma reverência - Tem um minuto? - ele perguntou, chamando-o para conversar lá fora. Provavelmente algum assunto que não valia para ouvidos femininos.

- Claro - Maxon respondeu, se levantando e indo até ele.

Voltei a minha pilha de papéis, Maxon voltou uns 10 minutos depois e pude ver ele se despedindo de Apen com um amigável tapinha nas costas. Aspen fez o mesmo e felizmente Maxon não se encolheu. As marcas do pai eram apenas suaves cicatrizes agora.

- O que aconteceu entre vocês? - perguntei, quando Aspen se foi e ele fechou a porta.

Eles tinham ficado tão amigos, aparentemente ignorando tudo que aconteceu no passado. E eu precisava saber porquê.

- Como assim? - ele desviou os olhos de seus relatórios e perguntou, sem entender o que eu queria dizer.

- Como foi que vocês ficaram tão... amigos?

Ele fez aquela cara de quem entendeu e se levantou, postando-se ao meu lado e tomando minha mão.

- America, o General Leger é a pessoa por quem eu tenho mais a agradecer.

Eu entendi direito?

- Se não fosse por ele eu não teria conhecido minha America - ele olhou fundo nos meus olhos - Felizmente ele foi burro o bastante para deixá-la ir. E eu o agradeço eternamente por isso.

Sorri diante daquela confissão, e nosso beijo caloroso foi com certeza um ótimo incentivo para continuar com os relatórios durante a tarde, só para ficar ao seu lado.

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