Capítulo 17

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Maxon estava sendo um ótimo pai, quando estava mais tranquilo no escritório ele saia e nos levava ao jardim para passear. Dava para ver em seus olhos que qualquer medo que ele tinha de se parecer com o Rei Clarkson desaparecera.

Nossa maior preocupação no momento era que o estupor de paz que o país estava vivendo começasse a desaparecer. Os distúrbios pós-castas eram muito raros, mas ainda estavam acontecendo.

Minha família também estava passando por períodos difíceis.

A um ano minha irmã mais velha, Kenna, faleceu. Ataque cardíaco, como meu pai, deixando toda a família desolada. Chorei por dias a fio, não conseguia imaginar um mundo sem Kenna. Ela era sempre forte, madura, determinada. Mas também sempre sabia como me ajudar e me consolar. A melhor irmã mais velha que alguém poderia ter. Parecia que eu tinha perdido um pedaço de mim. Além disso me entristecia profundamente saber que ela deixara dois filhos. Apesar de seu marido, James, ser uma ótima pessoa, eu não tinha tanta certeza se ele conseguiria cuidar de duas crianças pequenas sozinho. Até o chamei para morar no palácio para que as crianças tivessem uma vida melhor, mas ele recusou, e eu compreendi, James era um homem simples.

Eu fiquei tão triste que chorei por dias e dias, fiquei trancada no quarto incapaz de realizar a menor das atividades. As criadas e as babás tiveram que cuidar das crianças porque eu estava praticamente incapaz. Fiquei tão triste quanto quando meu pai morreu. Eu não me conformava com aquilo, Kenna era tão nova! Tinha uma vida toda pela frente ao lado da família.

As crianças demoraram um pouco para assimilar a situação, Leo ainda era pequeno mas Astra já entendia. Vez ou outra James os trazia no palácio para se distrair um pouco com os primos, mas eu via em seus olhos que estava sendo difícil.

Mamãe foi a que ficou pior. Desde a morte de Kenna ela quase não saia de casa, e se sentia sempre doente e cansada, eu entendia que era por causa da idade mas isso era tristeza também, visto que nem Gerad ela tinha mais por perto. Se não fossem minhas visitas reservadas e as vindas de May ao palácio eu mal saberia dela. O que me deixava ainda pior.

Mas eu entendi que pelo bem da minha família e do reino eu não poderia ficar assim para sempre, demorou, mas a dor tinha começado a diminuir. Assim como meu pai eu sabia que ela sempre estaria conosco.

As crianças tinham uma vida plenamente saudável e feliz, e enchiam o palácio de alegria com toda a correria e a brincadeira.

Eadlyn não era mais tão agitada. Tinha quase oito anos, mas era extremamente reservada e responsável para a idade. Ainda brincava e tudo mais, mas talvez por sempre escutar os outros falando que ela seria a "próxima rainha" tinha ficado um pouquinho mais madura. As vezes eu a via indo de mansinho para o escritório à tarde bisbilhotar, ela sempre queria absorver o máximo possível, mesmo que seu treinamento fosse começar só quando completasse 13 anos.

Por isso eu sempre procurava ocupá-la. Dava a ela aulas de música, história e tudo mais que fosse possível, para que ela só se preocupasse com a coroa no seu devido tempo.

Maxon e eu estávamos mais apaixonados a cada dia, muitas pessoas dizem que o amor acaba com o passar do tempo, mas o nosso não. Todos os dias nosso amor aumentava um pouquinho, e mesmo estando longe disso parecíamos o mesmo casal de adolescentes apaixonados. Como quando a Seleção começou.

Em uma semana completaríamos dez anos de casamento. E eu mal podia acreditar! Sentia como se fosse ontem que eu estava sentada no sofá da sala na minha casa em Carolina assistindo ao Jornal Oficial quando vi meu nome ser sorteado e May pular de alegria jogando pipoca por todo lado, as lembranças de minhas confusões amorosas do passado agora estavam guardadas naquela parte da mente dedicada ás boas lembranças, lá também estava Aspen, ocupado seu lugar especial, como é de direito.

Iríamos dar uma grande festa, já estava sendo tudo organizado, e Maxon me prometera um presente especial.

- Você não vai nem acreditar, será o presente mais lindo que já ganhou na sua vida! - ele dissera.

Eu como sempre fiquei atrasada, então. Meu presente seria uma linda festa e uma pequena surpresinha durante a celebração. Duas, na verdade.

No dia da festa acordei mais cedo que o normal, pulei da cama e fui para minha suíte, chamando Paige e Madeline com o sininho.

- Majestade - elas entraram fazendo uma reverência.

- Bom dia, meninas.

- Quais são os planos para hoje, Majestade? - Paige perguntou.

- Bem, eu vou passar o dia terminando de organizar os detalhes da festa. Quero que costurem para mim um vestido bem bonito. Vermelho.

Pude ver seus sorrisinhos pelo reflexo do espelho enquanto penteavam meus cabelos.

Mais tarde fui para o salão checar se estava tudo arrumado. Nossas flores favoritas? Ok. Decoração? Ok. Comidas? Ok. Tudo pronto.

No fim da tarde os convidados começaram a chegar. Passei no quarto das crianças e as babás já estavam arrumando elas. Era minha vez agora.

Ao chegar na suíte Paige e Madeline me esperavam com olhares empolgados.

Elas me banharam, maquiaram, pentearam e por fim Paige foi pegar o vestido no armário.

- Aqui, Majestade. Espero que goste.

Ela abriu o embrulho. Respirei tão fundo que acho que roubei todo o ar do quarto.

Era um vestido vermelho cheio de brilhantes, com mangas que chegavam aos cotovelos e curvas que deixariam meu corpo mais bonito do que realmente era, sem falar na fenda da saia, que se abria bem abaixo dos joelhos. Mais pra cima seria vulgar, e então uma lembrança da Seleção veio à cabeça, meu momento de humilhação por ter tentado seduzir Maxon. Agora parecia até engraçado.

Coloquei o vestido e um par de brincos. O vestido era tão brilhante que dispensava joias, com certeza.

Dei uma boa olhada no espelho. Eu estava fascinante.

- Majestade. Tenho que admitir. A senhora está muito bem depois de três filhos - brincou, Madeline.

Achei graça, Paige cutucou Madeline advertindo-a.

- Obrigada, meninas. Vocês fizeram um ótimo trabalho.

Elas agradeceram e se despediram. Fiquei ali observando aquela figura magnífica no espelho por tempo demais, até que me toquei que era hora de descer.

Depois da escolha | CompletoWhere stories live. Discover now