- Sério? Por que nunca me disse? - ela fez uma pausa e levou a xícara aos lábios - Vocês eram o quê? Amigos? Vizinhos?

- Namorados - respondi.

Ela se engasgou com o chá. Estava a ponto de dar tapinhas em suas costas quando ela se recuperou.

- O quê?

- Nós namorávamos em segredo em Carolina, mas terminamos antes de eu ser sorteada - fiz uma pausa - Por um pedido dele eu me inscrevi na Seleção.

- Mas ele não fazia guarda na sua porta? - ela perguntou colocando a xícara na mesinha.

- Fazia - beberiquei o chá.

Ela me olhou com uma pergunta nos olhos, e os meus passaram a resposta que ela temia.

Contei a ela toda a história. A confusão e a indecisão do meu primeiro amor. De minha inscrição na Seleção até ser descoberta e achar que Kriss seria a escolhida.

Baixei a xícara e a apoiei acima da barriga.

- Parece que todas nós tínhamos nossos segredos - conclui.

- E pelo visto eu fui a única a não conseguir guardá-los direito.

E então ela baixou os olhos para as mãos e começou a esfregá-las. As marcas tinham quase sumido depois de tantos anos.

Mas isso não a impedia de usar muitas luvas de renda para disfarçar. Seu medo era que Kile perguntasse alguma coisa. Parecia de conhecimento geral que o segredo dos residentes do palácio não deveriam ser passados para nossos filhos. Não me animava a ideia de contar a Eadlyn ou Ahren que eu havia sido namorada de Aspen. E duvidava que Marlee quisesse contar aos filhos os momentos de sofrimento que viveu. E até mesmo que foi uma Selecionada, o que geraria ainda mais perguntas.

Ela estava perdida em pensamentos, e eu sabia em quais.Seus gritos na manhã do açoitamento ecoavam na minha cabeça a cada dia e a cada noite que eu lembrava daquele momento.Mas precisava mudar de assunto.

-Como estão seus pais?

Ela levantou os olhos e sorriu.

- Eles estão bem. Ligam sempre que podem, mas não os vejo muito. Você sabe que não saímos muito do palácio.

- Eles te... perdoaram? - a última palavra soou um pouco estranha. O que ela tinha feito não parecia um crime ou pecado para mim.

- Perdoaram. Digamos que eles estão muito felizes com minha condição atual.

- Devia chamá-los para passar uns dias no palácio - sugeri.

- Mesmo? - ela sorriu, maravilhada com a ideia de ver a família novamente.

Fiz que sim com a cabeça.

- Eu adoraria visitas.

- Obrigada, America.

Ela saltou sobre a cadeira e me deu um abraço desajeitado por causa do meu barrigão.

- Qual o motivo de tanta alegria?

Maxon interrompeu nosso abraço, surgindo como a aparição de um Deus Grego na porta atrás de nós que dava para o jardim. Marlee se sentou no ato.

- Nada - dei de ombros.

Ele se aproximou e me deu um beijo, com intensidade demais eu diria, já que tínhamos gente perto. Marlee pigarreou e ele se afastou com as mãos em minha barriga e os olhos fixos nos meus.

- Como está nosso príncipe?

- Agitado. Mas muito bem. Na verdade com um pouco de fome agora.

Fiz carinho em sua bochecha e comecei a me levantar para pegar uns biscoitos na mesa. Ficava cada dia mais difícil andar agora, com a gravidez avançada, mas eu me recusava a ficar o dia todo no quarto.

Depois da escolha | CompletoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu