Capítulo 22

472 64 510
                                    

(Leonardo)

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

(Leonardo)

Passamos todo o caminho de volta para o acampamento em silêncio. Talvez porque eu levei um soco do meu próprio irmão. Talvez porque o Ítalo ache que estou roubando a melhor amiga dele. Talvez porque recebemos notícias péssimas da Safira. Ou talvez porque somos todos infantis ou sensíveis demais para lidar com a situação.

Infelizmente não pude vê-la enquanto ainda estava acordada; na verdade, só quem a viu acordada e conversou com ela — fora os pais e a irmã — foi o Ítalo. Eu entendo que eles são melhores amigos, mas talvez... Talvez, se ele não a tivesse tirado da cama, ela teria mais um tempo e poderíamos conversar um pouco.

Sei que ela perdeu a memória e eu seria indelicado se exigisse que ela lembrasse, ou se me aproveitasse do momento para dizer que ainda era seu namorado. Eu não sou manipulador dessa maneira, não sou. Eu só queria ver seus olhos em mim, e ouvir sua voz. Eu só queria que o meu cérebro visse que ela ainda está viva de verdade, e não apenas sobrevivendo em um coma. Mas eu acredito que ela irá melhorar logo, logo e, se Deus quiser, vai recuperar a memória também!

E quando isso acontecer, eu não irei mais exigir tê-la como namorada, ou insistir tanto para que isso aconteça. Se ela quiser, será perfeito, e eu serei o cara mais realizado do mundo! Mas se não... Bom, nós namoramos apenas um dia, e eu não sou burro o suficiente para não perceber que não é a mim que ela ama; eu não sou burro o suficiente para ignorar o fato de que ela nunca seria feliz comigo; ou pelo menos não tão feliz quanto ela pode ser com o Ítalo.

No fundo, eu sempre soube disso, mas precisava fazer algo, eu precisava de uma prova real para que tudo se confirmasse e o meu sistema comprovasse minha — até então — tese. E no único dia em que pude chamá-la de namorada, abraçá-la, beijá-la e segurar sua mão ou fazer um carinho, eu percebi que ela não estava satisfeita, não estava à vontade e não sentia por mim o mesmo que eu estava sentindo por ela: aquele fluxo de emoções e adrenalina que tomavam conta de mim a cada vez que ela me olhava. Não era isso que eu queria.

Eu queria a Safira como minha namorada de verdade, alguém que me amasse e retribuísse meus sentimentos na mesma intensidade; um relacionamento não se sustenta se apenas uma das partes se esforçar. Um relacionamento precisa do esforço e sacrifício de ambos, e só assim ele poderá crescer e se fortalecer. Com a Safira não seria assim, e agora eu percebo isso claramente. Ela agiu totalmente certo em terminar. A gente nunca iria pra frente dessa maneira.

Talvez eu estivesse sendo ingênuo demais ao pensar que eu realmente poderia tomar o lugar do Ítalo em seu coração. Eu não poderia conviver com isso, carregando nas costas uma relação desigual. É o Ítalo que ela ama, é com ele que ela será feliz. E eu preciso que ela seja feliz com o meu irmão; eu preciso que ela fique com ele. Porque eu não abri mão dela atoa, estou abrindo mão agora. Preciso seguir em frente, esses dois precisam ficar juntos, e estou disposto a fazer o possível para ajudá-los.

De volta ao AcampamentoWhere stories live. Discover now