Capítulo 11 - Sexta 7 de abril

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Sexta 7 de abril de 2017

Estava ansioso com a premiação e ao mesmo tempo orgulhoso de levar Mariana. Caso ganhasse algum prêmio, não tinha dúvidas que havia lhe ajudado a conquistar. Mesmo que continuasse relutando, era impossível. A ideia de nunca mais ter um braço direito tinha ido por terra no momento em que ouviu em sua casa Mariana determinada a fazer o que fosse possível para ajudá-lo a salvar a edição.

Não havia revelado tudo para ela, nem poderia. Talvez corresse algum risco, por via das dúvidas era melhor deixa-la fora daquela história. Nunca se perdoaria se alguma coisa acontecesse com ela.

Mariana Tinha insistido para que fosse no carro dela, alegando que a estrada de acesso da fazenda nem sempre se encontrava em bom estado. Desviou seus olhos mais uma vez para vê-la. Ela era linda e naquela ocasião em especial estava deslumbrante. Era inteligente, espirituosa. Interessante e sexy. Foi impossível não rir ao se lembrar que muitas daquelas qualidades ela já havia lhe dado.

— O que foi?

— Vamos nos divertir. —sorriu novamente, mas desta vez para ela.

— Tenho minhas dúvidas. O fim de semana promete muitas emoções. Você é um dos favoritos da lista. — Mariana parecia contar uma piada particular

— Lista?

— De desencalho. Todos os homens avulsos do universo estão nela. E acredite, ela existe.

— Não pode ser verdade — era a coisa mais louca que já tinha ouvido.

— Ainda dá tempo de desistir.

Essa possibilidade para ele não existia. Tinha uma curiosidade antiga de conhecer a família de Mariana. Ultimamente tinha um impulso de entender e conhecer melhor aquela mulher. Se mostrar leal, companheira, doce e determinada ao mesmo tempo. E a aproximação dos últimos tempos fez com que ela ganhasse um espaço em sua vida além do seu matrimônio com o jornal.

Era como se fosse uma relação extraconjugal. Que lhe concedia momentos leves, regados de conversas inteligentes e instigantes. Essa era a palavra que melhor a denominava: instigante. E inegavelmente atraente.

O manobrista abriu a posta do carro, e Rafael deu a volta para ajudar sua acompanhante de luxo. Sorriu mais uma vez ao lembrar de suas ironias.

— Por que sempre tenho a sensação que está rindo de mim? — perguntou logo que desceu do carro.

— Porque eu estou — tocou suas costas nuas para conduzi-la.

Sentou a pele por debaixo dos seus dedos se arrepiar e isso lhe deu uma certa confiança. Ela não era tão imune a ele, quanto demonstrava. Seus sinais eram controversos, embora soubesse que era perigoso, era seduzido a cada momento.

Ao chegaram no foyer do teatro encontraram um coquetel montado. Os figurões mais importantes do pais circulavam com copos pela metade ao som de uma banda de jazz que tocava ao fundo.

Rafael cumprimentou algumas pessoas que encontrava de mãos dadas com Mariana. Fez questão de apresenta-la para todos.

— Não precisa esmagar meus dedos. — Mariana sussurrou sorrindo fazendo com que o hálito doce o fizeram arrepiar.

Com essa observação que lhe tirou do seu transe, Rafael suavizou sua mão. Não tinha percebido o que fazia. Tentou não demonstrar sua apreensão ao ver o prefeito e a primeira dama se aproximando.

— Rafael. — o prefeito estendeu sua mão para cumprimenta-lo.

— Prefeito — retribui cordialmente e beijou a mão da primeira dama. — Essa é Mariana.

— Já ouvi dizer dela, seu braço direito. Linda moça. — o sangue subiu em seu rosto, ele sabia quem era ela.

— É um prazer conhecê-lo. —Cesar beijou a mão de Mariana por um tempo excessivamente longo.

Mariana cumprimentou Stella formalmente.

— Foi um prazer vê-los vamos entrar a premiação já deve começar.

Cesar estreitou os olhos.

— Estaremos no camarote, observando.

Deixou da ameaça explicita, se retirou acompanhado de sua mulher.

***

A caminho da fazenda, com quatro prêmios no banco de trás, comentavam orgulhosos sobre a noite.

— Nunca imaginei que fosse tão emocionante, Rafa. Obrigada por me deixar fazer parte desse momento.

— Eu que agradeço a companhia. Você fez muito por todos os prêmios que receber. Nada mais justo. Sem contar que eu estava com uma acompanhante de luxo, linda, interessante, inteligente e instigante.

Foi impossível não enrubescer com as palavras. As três e meia da manhã atravessavam o mata burro que dava acesso a porteira da fazenda. Saíram logo depois da entrega dos prêmios. Rafael estava apreensivo a chegar na fazenda tarde. Mas ela havia lhe tranquilizado. Afinal, parecia mais seguro chegar com todos dormindo. Mesmo que não tivesse como fugir no dia seguinte.

— Prometo que não vou decepcionar a D. Ruth — ele parece ter percebido a sua apreensão.

— Meu medo é ela se apaixonar por você — fechou o rosto quando percebeu que o casarão estava todo aceso. — Acho que nossa recepção não vai ser como esperávamos. Pelo visto estão todos acordados.

Rafael parou o carro no local que Marina indicou. Quando soltou seu cinto se virou para ela e tocou o seu rosto com carinho.

— Vai dar tudo certo.

Fechou os olhos e respirou fundo, a proximidade a desconcertava. O toque era algo que experimentou ao longo da noite e sensações diversas despertaram, fazendo com que a ansiedade anterior a tomasse. Quando abriu novamente seus olhos novamente, encontrou Rafael fitando sua boca e em seguida a olhou como se pedisse permissão. Pronta para se entregar para aquela insanidade, resolveu olhar para varanda e encontrou sua mãe extasiada e com o sorriso maior que o pasto. Definitivamente ela havia percebido. O fim de semana já tinha começado mal.

— Acho que estamos sendo observados — apontou para varanda e Ruth deu um tchauzinho.

Rafael gargalhou.

— Então vamos conhecer a D. Ruth.



Nahra Mestre

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