Capítulo Dezesseis - Me prometa.

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As luzes do galpão se apagaram deixando eu e Justin na total escuridão, após alguns minutos de puro silêncio - que pareciam durar horas - Justin murmurou algo que eu não consegui entender claramente. Ele mexia as mãos freneticamente e fazia com que meus pulsos doessem ainda mais - mesmo jurando não poder mais sentir dor alguma -. 

- Dá pra parar de ficar se mexendo? Tá me machucando!

- Sh, cala a boca Brooke, quer que alguém nos escute? - Ele disse tão baixo que eu quase não consigo escutar de novo.

- Está tentando fazer o que? - Respondo no mesmo tom.

- Pegar o meu isqueiro. 

- Sério mesmo que você quer tentar fumar agora?!

- Caralho Brooke, deixa de ser burra! Eu vou tentar queimar a corda com o fogo. - A raiva em seu tom me fez ficar com medo mas ao mesmo tempo percebi que ele estava tentando ser paciente ao me explicar o que estava prestes a fazer. E se eu pudesse teria dado um chute no meio da sua bunda por me chamar de burra. Revirei os olhos e respirei fundo tentando manter a calma.

- Precisa de ajuda? Eu posso tentar pegar a droga do isqueiro. 

- Achei que não fosse perguntar. - Grosso. - Está no bolso da minha calça, no lado direito. 

Mexo minhas mãos tentando enfia-la no bolso do jeans do Justin, sorri ao sentir o isqueiro e fico orgulhosa ao conseguir pegar o mesmo.

- Consegui! - Entrego o pequeno objeto na mão do brutamonte, ops Justin.

-  Boa, garota! - Ele acende o isqueiro e sinto o fogo perto demais da minha pele o que me fez dar um leve gritinho. 

Felizmente ele conseguiu queimar a corda e nos soltar, respirei aliviada sentindo meus pulsos livres. 

- Vem, vamos logo achar uma saída desse inferno. - Justin se levantou e eu me levantei logo em seguida correndo atrás dele.

- Por favor me fala que você sabe onde é a saída. 

- Acredite, a saída não é o problema.

   

Depois de correr pelas escadas do galpão até a parte mais alta me deparo com uma janela enorme. Ah não, me fala que a gente não vai pular. 

- Pra trás senhorita - Ele brinca e eu faço o que ele pede. Fecho os olhos e escuto apenas os destroços da janela de vidro no chão. - Espero que não tenha medo de altura, docinho.

- Ah não Justin, prefiro a morte do que pular, daqui eu não saio.

- A senhora metida tem medo de altura? - Ele se diverte com o meu medo.

- Cala a boca. - Dou um tapa no seu braço.

- Você que sabe, eu estou indo, se você quiser ir e se arriscar a ser morta, ou estuprada, ou esquarte...

- TÁ! tá bom - Eu o interrompo. - Eu vou. - Digo não acreditando que eu iria fazer mesmo aquilo. 

- Ei. - Ele segura na minha mão com uma das suas e a outra coloca sobre meu rosto.- Confia, confia em mim. - Suas íris carameladas me encantam por alguns segundos e a única coisa que consigo fazer é balançar minha cabeça positivamente, seguro sua mão o mais firme que posso, e então, olho para baixo e vejo um carro parado. Não era tão alto mas se cairmos no chão teríamos varias fraturas. Com certeza a saída era um problema. A gente tinha que cair em cima do carro, se realmente existe um Deus, que nos ajudasse nessa hora. E então, nos olhamos uma última vez e pulamos. 

- AI MEU DEUS JUSTIN EU VOU MATAR VOCÊ, NÃO ACREDITO QUE FIZEMOS ISSO! - grito totalmente eufórica e em êxtase por conta da adrenalina que corria em minhas veias.

- Pode acreditar, donzela. - Ele riu enquanto me ajudava a descer do carro, minhas costas doiam por conta do impacto mas fora isso eu estava bem. Justin parecia não sentir nada, talvez a grosseira dele seja um tipo de anestesia para todo o tipo de dor existente no mundo.- A gente precisa correr agora.- Ele disse um tanto alto já que o barulho do alarme do carro que tinha despertado era extremamente ensurdecedor. Peguei em sua mão e começamos a correr o mais rápido que podíamos, meus pulmões faltavam ar mas eu não podia parar e me dar o luxo de pegar um pouco de oxigênio, a uma hora dessas Jeremy e seus capangas devem estar atrás de nós. 

- A gente vai ter que entrar na floresta. - Eu odiava esse lugar, odiava tanto. Eu estava livre e ainda sim estava segurando a mão do Justin, eu podia correr para qualquer lado mas eu estava ali, correndo na mesma direção que ele.

- Não. -  É a única coisa que consigo dizer.

- Não o que Brooke? Nós precisamos ir. Daqui a pouco isso aqui vai estar lotado de carros nos procurando. 

- Não, eu não vou ir com você Justin, eu estou finalmente livre. Eu vou voltar pra casa, aliás eu vou voltar pra Nova York. - Solto a mão dele e fico olhando em volta tentando me localizar, eu não conhecia nada daquele lugar, eu não conheço nada dessa bendita cidade do inferno. 

- Brooke, não. - Ele segurou meu pulso e eu tento me soltar. - Você não vai a lugar algum.

Justin por favor, eu não aguento mais, olha só pra mim, eu não tomo um banho e não faço uma refeição descente a dias! Desde aquela bendita noite minha vida virou um inferno! - Grito e sinto meus olhos marejarem, não, eu não vou chorar, eu não posso chorar. -

- Ei, ei - Justin coloca suas mãos sobre meu rosto. - Eu sei, me desculpa, tá legal? Você está livre mas não posso deixar você aqui sozinha. Eles vão vir te pegar, e outra você não conhece nada aqui. Me deixa te levar pra um lugar seguro. Por favor. Você pode comer, tomar um banho, colocar roupas limpas e amanhã de manhã eu te deixo em o mais próximo da sua casa. 

Fecho meus olhos e tento pensar se aquilo era uma boa ideia mas o fato de poder comer e dormir em um lugar confortável me faz ceder ao seu pedido.

- Você promete? 

Eu prometo, Brooke, eu prometo.

The HijackersWhere stories live. Discover now